segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Covilhã - A Misericórdia, uma Instituição de Solidariedade Social XXI


As receitas da Misericórdia da Covilhã em 1597-98
 
Como já anteriormente publicámos, a organização administrativa da Misericórdia estabelece que “dois conselheiros ocupar-se-iam de receber as esmolas que defuntos ricos deixassem à confraria, bem como recolher as rendas e foros pertencentes à instituição, as deixas testamentárias, os requerimentos de demandas e outras receitas extraordinárias, segundo o que lhes fosse ordenado pelo provedor”.
 “No tocante à parte financeira relacionada com a realização de despesas em dinheiro, com a aquisição de roupas para pobres e em tudo o que se relacionasse com o despacho das petições apresentadas à Misericórdia, o provedor nada podia decidir sem a opinião e o acordo da maioria absoluta dos membros da mesa que estivessem presentes”.
Recordemos algumas funções de conselheiros, relacionadas com despesas:
- “Os conselheiros dos hospitais tinham a seu cargo a visita aos hospitais e pobres doentes que houvesse na localidade. Começavam por inquirir das suas necessidades e comprovando que eram carenciados, davam-lhes esmola às 2ªs feiras: pão e dinheiro, pousada e cama como achassem conveniente e lhes fosse ordenado pelo provedor. Destes necessitados teriam que fazer uma lista com a respectiva identificação e morada para, de futuro, poderem ser assistidos. Deviam ainda contabilizar as despesas feitas e delas dar conta, em soma, ao provedor.
- Os conselheiros dos doentes deviam visitar os enfermos pobres, quer os presos quer os da localidade, visitando-os e fornecendo-os das mezinhas, vestidos, camas e pousadas, segundo o que lhes parecesse necessário ou lhes fosse ordenado, ou pelo provedor ou pelo médico da confraria. Deveriam ainda tomar nota, num caderno, destes factos para sua lembrança. Além disso teriam o cuidado de fornecer as “mezinhas espirituais”, como a confissão, comunhão e a extrema-unção aos moribundos.
- Os conselheiros dos presos tinham a seu cargo dar de comer aos presos sãos que fossem pobres e desamparados e que estivessem inscritos numa relação previamente elaborada. Para isso, ao domingo forneciam-lhes o pão que chegasse até 4ª feira, mais uma posta de carne e meia canada de vinho. Às 4ªs Feiras dariam mais pão e meia canada de vinho. Para a aquisição da carne e dos restantes géneros distribuídos estes conselheiros recebiam, da instituição, o dinheiro necessário.
- Outro conselheiro e o escrivão tinham o cuidado de visitar os envergonhados indicados pelo provedor e pelos outros oficiais. Previamente deviam inquirir das suas carências junto dos priores, dos curas das igrejas, dos confessores e da vizinhança dos necessitados. Seguidamente inscrevê-los-iam num rol para depois serem assistidos. A estes oficiais ser-lhes-ia fornecido o dinheiro necessário para poderem desempenhar a sua função”.
    Vamos publicar as Receitas e Despesas do ano de 1597-98 que Luiz Fernando Carvalho Dias copiou do Livro de Receitas e Despesas no Arquivo da Misericórdia da Covilhã e que nos permitem constatar como se desenrolava a actividade da Misericórdia e como a Mesa cumpria as suas obrigações. Antes apresentamos um documento de prestação de contas do tesoureiro da Santa Casa da Misericórdia – Manuel Duarte – no mesmo ano. 
 
Nossa Senhora da Misericórdia de Jan Provoost, em exposição no Museu Nacional de Arte Antiga
 
Conta que se tomou a Manuel Duarte, tesoureiro que foi desta Santa Casa do ano que acabou pelo dia de S. Isabel do ano de 1598. 

Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil quinhentos e noventa e oito anos aos oito dias do mês de Julho do dito ano, nesta vila de Covilhã e na Casa da Misericórdia e à missa do Cabido foi e foram juntos o procurador e irmãos da dita casa que serviram na mesma como é costume por campa tangida assim foi mandado vir a Manuel Duarte tesoureiro que foi este ano passado por ter acabado seu ano e aí lhe ser tomada conta por este livro de sua receita e despesa que ora que serviu neste dito ano e por ela constou ter recebido o dito tesoureiro no seu ano cento e cinquenta e dois mil setecentos e sessenta e dois réis e assim constou pelas adições do dito livro e logo pelas adições de sua despesa se achou ter dispendido no dito ano, cento e quarenta e nove mil trezentos e dois rs. Que ficava devendo, sete mil quatrocentos sessenta réis e logo na dita missa deu pagamento ao que devia penhores de ouro e prata que somaram pelo em que foram feitos seis mil e seiscentos reis que juntos à despesa somou cento e cinquenta e cinco mil novecentos dois rs. que ficaram líquidos dever-lhes Manuel Duarte para satisfazer a cópia toda oitocentos e trinta reis que logo assim entregou dinheiro de contado e satisfez tudo o que se obriga pagar deva a nós …. que recibro e foy tesoureiro e pediu quitação e se lhe mandou dar no termo antigo e o deram por quite e livre deste dia para todo o sempre a ele e a seus filhos para tempo algum lhe jamais se demandar por pessoa desta casa e ser ouvida esta quitação por boa, fita e acabada e mandaram fazer esta auto e quitação que assinaram ao dito Manuel Duarte e declarou que as adições da receita deste livro são copinta e as da despesa trinta e oito e estas todas foram somadas e por estas se fizeram as contas e se entregaram os penhores a Lourenço Pires, tesoureiro deste presente ano com os oitocentos e oitenta que lhe hão-de ser assinados em seu livro e disse o dito Manuel Duarte que todo o penhor que não valesse o que está posto como consta por um item que cada um deles e nós compuseram e todo o tempo o satisfazer ao tesoureiro ou à Casa, Belchior da Costa
Que depois deste auto feito …. Na Receita atrás sobre o tesoureiro Manuel Duarte seiscentos e cinquenta reis de três adições dos prazos que ficam assinadas e em despesa somente delas ficou mais a dever duzentos e cinquenta reis com o mais e não fica dívida … fora da soma que foi feita antes ….. e toda a mais conta fica em seu vigor e para aqui ouve-a por acabada e assinará com o provedor Belchior da Costa ……………………………. 

a) Manuel Duarte                a) Lº Pachequo              a) Lçº Piz 

a) Belchior da Costa           a) Migel da Nave     

a) Antº da Costa                  a) Ambrosio Ravasquo
 
Folha 1 da cópia do Livro de despesa e receita
                                     

Titelo dos prazos que se devem / a esta Casa, que carregarão sobre ho tisoureiro. 

- A confraria de São Joam pagua ------500 rs
- A Confraria de São Paulo -------------200 rs
- A Confraria dalampada -------------- -200 rs
- A Confraria da aldea do Carvalho ---300 rs
- ho prazo de São Lázaro --------------- 600 rs
- ho prazo de Alvergaria do fundão - 1.400 rs
                                                                     _________
                                                                               3.200 rs        

(verso) 

- ho prazo de belchior de Proença – 240 rs
- Estevão Roiz de hua vinha – 250 rs

Titelo do pão sabido q se pagua / a esta casa da Misericordea 

- manuel temudo da capela de seu avo / Fernão deanes (1) q esta em gloria pagua em cada hum anno a esta casa sem / alqueires de pão meado pella medida / velha S. cinquenta de triguo / e cinquenta de senteio
- Simão Frz, fº de António Frco / do Teixoso pagua quatro al/queires de triguo pella nova
- Pagou manuel temudo os cem / alqueires meados da velho ho / ano de 97 annos 

Titelo da receita da casa da misericordea do anno de 1597 e acabará / por outro tal dia de 98/ 

- Recebeo o tisoureiro quatrocentos do enterro de Frco Lopes – 400 rs
65 de hum arratel de linho – 65 rs
- hum vintem que lhe deram de esmola – 20 rs
- de hua divida q devia Dieguo Sardinha recebeo em 17 dagosto – 3.800 rs
   os quais devia ao sr. Migel da nave os quais o dito senhor deo de esmola à Casa
- recebeo de Custódio Antunes – 160 rs
- recebeo da mão do Sr. Provedor que lhe deo a mulher de Joam Alvares de registar Da    Manda – 250 rs
                                                                                               4.690 rs     
                                                              (verso)

- recebeo do enterro duma filha de Frco Gonçalves Alfaiate – 400 rs
- recebeo do enterro de Frco Gonçalves Frz genro do Belco  - 400 rs
- recebeo da mulher de Simão mendes – 400 rs
- receberam os mordomos das esmolas dos domingos – 1.136 rs
- recebeo mais duzentos e cincoenta reis de um macho que vendeo Isabel Lopes da Casa e os cinquenta reis carregados na dição da mulher de Joam Alvres porq não deu mais de dois tostões – 200 rs   
- do primeiro domingo dagosto quatrocentos e quarenta e sete reis com entrar em trinta reis de cera – 447 rs
- renderam as bacias do mês de julho quatrocentos e quarenta reis – 440 rs
                                                                                                         3.423 rs    
 

- deu manuel nunes da restituição de madeira das casas de São Silvestre – 560 rs
- de dois arrateis de linho que levou Isabel Lopes – 130 rs
- de outro arrátel de linho que deram a Pº Henriques – 63,5 rs
- deu diguo vendeo mais o Sr. Provedor três arráteis de linho por – 210 rs
- de um homem de aldea do mato, de nome Carvalho hum lançol
                                                                                                                   
                                                                                                     963 ½ rs
 

- se gastarão mais em triguo no mês de julho – 1.960 rs
- deu mais o tesoureiro para tres mºs de senteio que se devia à espritaleira – 340 rs
- deu a dois pobres – 22 rs
- deu por dois alqueires de senteio que se compraram o mês de julho e se deram os mordomos – 460
                                                                                                         3.145 rs
                                                                                                          960 rs (2) 

(verso)

- recebeu o tesoureiro a 24 dagosto do enterro do fº de Frco Coelho – 400 rs
- a 27 dagosto recebeo o tesoureiro dos três lugares Salgueiro, Quintam he Escariguo – 200 rs
- renderam as esmolas das noras do mês dagosto – 1.519 rs
- de Roque manuel de dois almudes de vinho do ano de 96 – 240 rs
- de Cambas que trouxe Bertolomeu Geraldes os quais deu o mamposteiro-mor parte deles – 1.000 rs
- do mordomo da Capela de que renderam as bacias do mês dagosto – 153 rs
- do peditório do pão de Alcongosta – 405 rs
    e os mamposteiros deram nada
- do peditório da Bendada – 10 rs
- do peditório do Teixoso – 597 rs
    e dos mamposteiros fica em seu poder
- do peditório do Freixial – 286 rs
    com doze vintens que deu o mamposteiro
- do peditório de Aguas Belas – 18 rs
- do peditório de Aldea do mato – 331 rs
    com o do mamposteiro
- do peditório do Casteleiro – 18 ½  rs
                                                                                                            1.671 ½ rs
 

(verso) 

- do mamposteiro de Aldea de Carvalho dos anos de 95 e 96 – 650 rs
- do peditório de Belmonte – 130 rs
- do peditório da Eirada e o mamposteiro não deu nada – 150 rs
- do peditório do Gonçalo e o mamposteiro deu oito vintens – 210 rs
- do peditório de Silvares   480 rs
       e o mamposteiro – 410 rs
 1.620 rs


- do peditório do pão Sameiro e Vale de Moreira – 106 rs
- do enterro de Joam Alvres cunhado de Lourenço Piz – 400 rs
- do que deixou Diego Frz do Teixoso a esta Casa – 1.000 rs
- do enterro da mulher de Gonçalo Estevens digo que era dum castelhano que morreu nesta vila – 400 rs
- do peditório da Mouta – 203 rs
- do peditório de Aldea Nova das Donas e Chãos – 420 rs
- do peditório da Aldea do Alcaide – 1.160 rs
 
(verso)

- do peditório de Santo Estevão – 36 rs
- do que deixou Francisco Alvares de Alcaria – 1.000 rs
- do peditório de Peroviseu – 283 rs
- do peditório do Paúl – 15 ½ rs
- dum travesseiro que se deu à espritaleira – 40 rs
- do peditório de Famalicão - 41 rs
- do peditório de Sortelha – 200 rs
- do peditório de Dornelas – 281 rs
 1.912 ½ rs


- do peditório de Janeiro de Baixo – 309 rs
- do enterro da mulher de Gonçalo Estevens – 400 rs
- Maria da Costa, da tumba que se lhe deu para um ofício de seu pai – 200 rs
- do gasto que fez com mulher que faleceu nesta Casa do Salgueiro que se achou ter feito de custo – 435 rs
- do peditório das noras do mês de Setembro – 1.500 rs
- do enterro da sogra do distribuidor – 400 rs
  3.244 rs

(verso) 

- do peditório do pão do Vilar dois vintens e outro vintem que lhe deu o padre Frco Frz duma restituição digo que são por tudo – 40 rs
- do enterro da sobrinha de Maria Machado – 400 rs
- dum castelhano que faleceu nesta casa (que ficaram dele) – 380 rs
- do peditório das Varas – 1.540 rs
- do que renderam as bacias no mês de Outubro – 312 rs
- de Abrão António e mulher de Frco Piz moreiros – 500 rs
3112 rs


- oito odres que se venderam – 580 rs
- do peditório de Souto da Casa em que entra a esmola do mamposteiro – 424 rs
- da esmola que tirou Filipe de Macedo na Aldea de Joane – 2.130 rs
- de duas pedras de linho que se venderam – 600 rs
- do enterro de João Vicente da freguesia de S. Vicente – 400 rs
- do que deixou Diogo Dias obreiro santo (?) – 400 rs
- do que deu Luiz do Campo de vinho que devia – 4.400 rs
 8.914 rs

(verso)


- do que deu a mulher de Frz – 2.000 rs
- do enterro de Jorge Correia – 400 rs
- do que deram de esmola do pano da tumba – 200 rs
- do que deixou a mulher de Pº Gonçalves a esta Casa – 200 rs
- do que deu Gaspar Soeiro do Teixoso do peditório que tirou pelas portas – 400 rs
- duma esmola que deu o P.e António Delgado – 500 rs
- do peditório das noras do mês de Dezembro – 1.690 rs
- do vinho da cebolinha – 540 rs
 5.986 rs


- do vinho que devia Manuel Frz tosador – 1.260 rs
- do enterro da mulher do Ribeiro, estalajadeiro – 400 rs
- do mamposteiro de Unhais-o-Velho – 120 rs
- do vinho que ele tomou – 300 rs
- do vinho que devia André Frz Torres – 300 rs
- do que deu o Arcipreste do testamento do P.e António Lourenço – 500 rs
- do genro de Alvaro Gonçalves, pisoeiro do q devia do vinho – 2.500 rs
 9.380 rs


(verso)
 

- de quatro almudes de vinho que devia o P.e Paulo dazevedo – 480 rs
- de dois almudes e meio de vinho que devia Manuel Nunes – 240 rs
- de cinco almudes de vinho que se venderam no Tortozendo – 600 rs
- do que acharam a um moço que faleceu na Casa – 200 rs
- do enterro de Frca Diuiz – 400 rs
- dum alqueire de azeite que se vendeu – 540 rs
2.460 rs


- do vinho que devia à Casa Domingos Vaz – 1.820 rs
- do que deixou Mécia Ribeira que está em Glória, do Teixoso – 500 rs
- da Confraria de São Joam do Hospital – 500 rs
- do enterro de Antão Vaz – 400 rs
- do peditório do azeite da metade do Castelo e das freguesias de S. João e S. Vicente e S. Marttinho – 220 rs
 3.440 rs
 
(verso) 

- do peditório de S. João do Hospital, e Madalena e S. Tiago e S. Silvestre – 84 rs
- do peditório da vila d mês de Dezembro que foram mordomos Frco Alvres, e Alvaro Vaz do mês de Novembro – 2.100 rs
- renderam as noras do mês de Janeiro – 1.600 rs
- de travesseiros – 200 rs
- do que deu António da Costa da entrada de um Irmão – 1.000 rs
- do enterro da filha de Ambrósio Mendes – 1.000 rs
 6.584 rs


- do que deixou Jorge Soares a esta Casa – 1.200 rs
- do que deu o P.e Graviel de Figueredo da entrada de Irmão – 800 rs
- dos peditórios do azeite da metade do Castelo, de S. Pedro e de S. Paulo e S. Marinha – 253 rs
- do que sobrou ao meirinho António Proença de quando foi solicitador – 196 rs
- do que deu o P.e André Fº duma restituição – 100 rs
- do que deu a António da Costa do Castelo pelo balandrau e túnica – 1.000 rs
 3.549 rs

(verso) 

- do q Pº Frz de S. Vicente da entrada de irmão – 1.000 rs
- de um lençol que deram a uma mulher que morreu na cadeia – 160 rs
- do enterro da filha de Paulo de Figueredo – 400 rs
- do enterro do menino de João de Barbedo – 400 rs
- do q deu António Frz Revelo que deixou uma mulher do Salgueiro a esta Casa – 1.000 rs
- das esmolas que se tiraram a sexta-feira da Quaresma – 400 rs.
 3.360 rs

- do peditório do azeite do Tortozendo que trouxe o P.e Pedro Teixeira – 109 rs
- do q deu Domingos Gonçalves, tosador da entrada de irmão, o almotacel … ? - 1600 rs
- do q deu Jorge de Faria de sete almudes e meio alqueire de vinho – 750 rs
- das esmolas das bacias do mês de Fevereiro – 1.411 rs
- do peditório dos domingos e sextas feiras tres mil e quinhentos reis e destes se deu um cruzado para a cera – 3.500 rs
 7.366 rs
 
(verso) 

- do que ficou da mulher que morreu na cadeia de Cambas – 490 rs
- do que se achou no escritório – 200 rs
- dum alqueire de azeite velho – 540 rs
- do peditório do azeite que tirou o meirinho em S. Pedro – 89 rs
- do obradamento que deu D. Maria mulher do Comendador que está em glória – 500 rs
- do q deu Alvaro Vaz de cinco almudes e meio – 600 rs
 2.419 rs

- do enterro do filho do pão triguo – 400 rs
- de hua esmola – 420 rs
- do q deram os vereadores a esta casa do jantar de Nosso Sñr de Luzes – 4.000 rs
- de Manuel Pinto à conta do vinho que deve – 500 rs
- do q deixou a mulher de Simão Mendes a esta Casa por a enterrarem, a jóia e o cruzado que deu ao tempo do seu enterramento – 1.600 rs
 6.920 rs
 
(verso) 

- do enterro do negro de Antão Jorge – 400 rs
- das bacias que deu o moordomo das capelas das primeiras quartas-feiras de Março – 310 rs
- do q deu Fernão Barata à conta das túnicas que havia de dar – 1.000 rs
- do peditório do azeite e dos novelos de linho – 400 rs
- do peditório do vinho – 46 rs
    2.256 rs

- de dois arráteis de linho que se venderam – 140 rs
- das esmolas das Endoenças – 136 rs
- das bacias da Festa até ao derradeiro dia de Março – 80 rs
- do enterro do menino de Jorge Frco – 400 rs
- do enterro do moço de Belchior da Costa – 400 rs
- de uma esmola que deu o vigário do Castelejo – 40 rs
1.196 rs
 
(verso) 

- do q deu Luiz Frz, genro de Diogo Diniz, do que deixou sua mulher a esta Casa – 200 rs
- do enterro do P.º Lopes – 400 rs
- duma condenação dos almotacéis – 30 rs
- de tres pedras de linho – 900 rs
- do enterro do filho de Briatriz Roiz, mulher que foi de Joam Alvres – 400 rs
- do enterro duma sobrinha de Manuel Tavares – 400 rs
 2.330 rs

- do enterro do filho do Flores – 400 rs
- do enterro da mulher de Tomás Luiz – 400 rs
- do enterro do escravo de Cício Nunes (de Albuquerque) – 400 rs
- do enterro duma filha do Cardoso – 400 rs
- do q deixou a Pinheiro a esta Casa – 400 rs
- do enterro da filha de Branca Pires da rua de S. martinho – 400 rs
2.400 rs
 
(verso) 

- do q deu António Lopes Bota, do Teixoso – 1.000 rs
- do enterro de Jorge Vaz – 400 rs
- do enterro de Manuel Gouveia – 400 rs
- do enterro de Gonçalo Lopes – 400 rs
- do q renderam as noras quatro domingos do mês de Abril – 1.060 rs
 3.260 rs

 
- do enterro da mulher de Pero Frz – 400 rs
- do q renderam as bacias do mês de Abril – 277 rs
- de Frco Correia da entrada de Irmão – 940 rs
- de Manuel Frz da entrada de Irmão – 1.000 rs
 3.617 rs
 

(verso)


- de Pero Frz da entrada de Irmão – 1.000 rs
- do enterro da mulher de Amitto – 400 rs
- do enterro da Moroa – 400 rs
- do pano da tumba que deram para o saímento de Jorge Vaz – 200 rs
- do que deu Bertolameu Mendes da entrada de Irmão – 1.000 rs
 3.000 rs

- do que deu Domingos Frz da entrada de irmão e das vestes – 2.000 rs
- deu P.e Pº Vaz da entrada de irmão – 800 rs
- deu Simão Boteiro da entrada de irmão e das vestes – 2.000 rs
- deu Fancisco Antunes da Costa da entrada de irmão e das vestes – 2.000 rs
 6.800 rs
 
(verso) 

- do enterro da filha de António Frco – 400 rs
- recebeu uma argolinha de oiro que o prior de S. Vicente trouxe a esta Casa que lhe -   deram para que desse de esmola - -----
- de Domingos Machado da entrada de irmão e vestes – 2.000 rs
- da esmola das vestes de Pº Gaspar – 1.000 rs
 3.400 rs

 - das vestes de Bartolomeu Mendes – 1.000 rs
- do prazo de Pº Teixeira – 600 rs
- duma condenação que fez Manuel da Nave – 100 rs
- do enterro de Manuel Rodrigues, alfaiate – 400 rs
- do enterro de António Diniz, marido de Filipa Roiz – 400 rs
 2.500 rs
 
(verso) 

- do enterro da mulher de Pº Frz queimado – 400 rs
- do enterro da mãi de Águeda Fidalga – 400 rs
- do q deixou de esmola Jorge Vaz a esta Casa – 1.200 rs
- do enterro de Pº Frz – 400 rs
 2.800 rs

- do enterro de Jorge Roiz – 400 rs
- da esmola das vestes que deu Pº Frz – 1.000 rs
- do dinheiro de Caria – 4.000 rs
- do pano da tumba que emprestaram para saímento de Beatriz Roiz – 200 rs
- do que deu Frco Mendes, boticário, das vestes e da entrada para irmão – 2.000 rs
 7.800 rs

(verso)
 
- dum copo que veio de Caria – 2.000 rs
- do enterro da ama do prior de S. Martinho – 400 rs
- de Belchior Alvares, genro de Frco Pires das moreiras, mil reis das vestes e setecentos da esmola de irmão – 1.700 rs
- do enterro da escrava de Beatriz Nunes – 400 rs
- do enterro de João de Sequeira – 400 rs
4.900 rs

- do enterro do mudo e da cova – 1.000 rs
- do pano da tumba que deram para o saímento de Jorge Roiz – 200 rs
- da mulher de João Gomes, tesoureiro de S. Pedro – 400 rs
- do que deu o Juiz de fora e o Arcipreste para os pobres desta Casa mais necessitados do dinheiro que El Rei Nosso Senhor mandou para os pobres deste bispado da Guarda os quais deram por lhe constar estar a dita Casa em extrema necessidade – 4.000 rs
 5.600 rs
 
(verso) 

- de Manuel martins do Fundão dum prazo que traz desta Casa – 600 rs
- do enterro da irmã de António Feo – 400 rs
- do enterro de Ana Fernandez – 400 rs
- duma pele de carneiro e de tres galinhas que cresceram do jantar de Caria – 260 rs
 1.660 rs

 
- da madeira que deu a mulher de Amador Tomé, da aldea Nova das Donas – 4.000 rs
- do enterro da filha de Ambrósio Mendes – 400 rs
- do enterro de Violante Frz – 400 rs
- do enterro de Jorge Vaz – 400 rs
- da cova da boticária – 600 rs
 5.800 rs

(verso) 

- do que deixou Baltazar de Figueredo a esta Casa, dois mil vinte e cinco tostões do bradamento – 2.500 rs
- do enterro da mulher de Manuel Roiz – 400 rs
- de quatro travesseiros que se venderam – 400 rs
- da entrada de irmão de Manuel da Nave – 960 rs
- duas pedras e meia que se venderam – 750 rs
 5.010 rs

- outra pedra de linho que se vendeu – 300 rs
- do q deu Manuel da Nave de ajustes – 1.000 rs
- do dinheiro da madeira que deu a Câmara – 5.500 rs
- renderam as bacias o mês de Junho – 170 rs
- do prazo que era de Belchior de Proença que ora é do P.e Pº Vaz – 240 rs

 7.210 rs
 
(verso) 

- da esmola da Confraria de S. Miguel – 300 rs
- mais da Confraria dalampada – 200 rs
- da Confraria de S. Paulo – 200 rs
- do prazo da vinha de Estevam Roiz – 250 rs
- do prazo da alvergaria do Fundão / que está emprazado ….. ? (3)
 

Notas dos editores – 1) Nesta listagem deparamos com nomes já nossos conhecidos, como Fernão de Anes.
2) Embora esteja entre as receitas, mais nos parecem despesas. Fomos fiéis na cópia, mas verificámos que a soma das parcelas nem sempre está correcta.
3)Apresentaremos muito em breve o “Titello da despesa da casa da Misericórdia do anno de 1597 e acabará por outro tal dia de 98”.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Covilhã - O Senhorio IV



  Continuamos a publicar documentos relacionados com o Senhorio da Covilhã.
Luiz Fernando Carvalho Dias diz-nos: “Quando D. Manuel subiu ao trono, em 1495, concedeu à vila da Covilhã o privilégio de realenga, por carta de 22 de Fevereiro de 1498. Mais tarde, porém, foi feita nova doação dela ao Infante D. Luiz (1506-1555), quase nos mesmos termos em que a houveram os anteriores donatários". 
 
 
 

         A ho Ifante dõ luis carta per que el rei ho fez Duque de beja e lhe da as villas de covilhã, sea, almada, etc
 

         Dom Joham etc a quamtos esta minha carta virem faço saber  que esguardamdo eu os gramdes miricimentos da pesoa do Jfamte dom luis meu muito amado e preçado jrmão e ao muj gramde amor que lhe tenho e por esperar delle que toda merce homra e acrecemtamêto que lhe fizer mo conheçera e serujra como quem ele he e com mujto amor que sey que me tem e segumdo a obrigaçam com que o deue fazer e tamto  a meu prazer e comtemtamêto que ho mujto amoor e boa vomtade que lhe tenho seja por jso cada vez mais acrecemtada / Por estas rrezoes e por consyguir e trazer a efeito a vomtade que el Rey meu senhor e padre que samta gloria ajaa tinha de lhe dar estado e ffazer merçe como era comteudo em hua sua carta que tinha mamdada fazer que ajmda nõ era por elle asynada ao tempo de seu falicimêto na quall me falou estamdo em pasamêto e me êcomemdou que asynase por elle ao tall tempo ho nam poder jaa fazer por sua jmdisposysam o que eu asy fiz por todos os sobreditos rrespejtos e por muito follgar de lhe fazer merce / tenho por bem e lhe ffaço merçe de titolo de duque da mjnha cidade de bejaa com todas as jmsynias homras premjnêcias precedemçias perogativas graças / semsoes liberdades priuilegios e framquezas que ham e tê e de que usam e sempre usaram e devê usar e gouuir os duques destes meus rregnos e asy como de direito e costume amtigo lhe pertemçer das quais ê todo e per todo quero e mamdo que ele jmteiramente use e posa usar e de todo gouujr e lhe sejam guardadas em todos os autos e tempos ê que com direito e por uso e costume delas deua usar e gouuir sem mjmgoamêto allgum outrosy por esta presemte carta lhe ffaço pura e yrreuogavell merçe e doaçam pera ê todos os dias de sua ujda das mjnhas villas de covjlham E de sea / e dallmada / e de moura / e de serpa / e de Maruam / e da terra e comçelho de lafões / e da terra e comçelho de besteiros / com todos seus termos e limites e com todas suas rremdas pportages direitos fforos trebutos pertemças e momtados rrios paçiguos momtes fomtes emtradas e saidas matos rrotos e por rromper e todas e quaisquer rremdas e cousas que nas ditas  villas e seus termos e limjtes e terras e comçelhos tenho e de direito me pertemçãa e asy como todo pera mjm se arrecada e deue arrecadar e eu ho ey e de direito deva aveer e mjlhor se ele com direito mjlhor ho poder aveer pesujr e arrecadar rresalluamdo soomemte pera mjm as rremdas das minhas sisas que nam am de emtrar nê se emtemder nesta doaçam e ficaram pera se arrecadar pera mjm asy como agora se arrecadam e ao diamte arrecadarem e com todos os castellos e allcaidarias mores das dictas villas e lugares e teras e rremdas e direjtos deles e com todas suas jurdiçoes de çiuell e crime mero mjsto jmperio rresalluamdo pera mim soomemte a coreiçam e allçada  / E com a dada de todos os ofiçios das ditas villas e lugares terras e comçelhos que forem de mjnha dada e prouimento tiramdo os da arrecadação das sysas e com todos os padroados das jgrejaas das ditas villas lugares terras e aos que forem de meu padroado e apresemtacam tiramdo e rresalluamdo aquellas que a feitura desta mjnha doaçam sam tomadas e emcorporadas em comêdas da hordê do mestrado de noso senhor jhesu christo por que nestas nom auera lugar e porem das vigairias e rreitorias das ditas jgrejaas me praz que ele posa proueer e prouejaa a quem lhe aprouuer por falicimêto daqueles que as tiuerem e em quallquer outra maneira em que vagareem e os que delas prouer se confirmaram nelas a sua apresemtaçam peelos perlados das dioceses em que forem segumdo de direito se deue fazer e quero e me praz que se posa chamar senhor das ditas villas e terras / e quero asy mesmo e lhe outorgo que os juizees e tabaliaees das ditas villas lugarees terras e comçelhos se chameem por ele e que os ditos tabaliãees posa dar e de por suas cartas por ele asynadas e aselladas do seu seelo sem serem hobrigados aqueelas a que deles prouer asinar (sic) mjnha comfirmaçã sem embargo de mjnha ordenaçam no livro segumdo titollo titolo (sic) (que começa) com as rrainhas e jfantes e soomemte tomarã de mjnha chancelaria seus rregimemtos / e que posa confirmar e confirme por suas cartas os juizes que sairê feitos por emlições segumdo forma de mjnhas ordenações / E asy meesmo lhe outorgo que seus ouujdores posam conhecer e conhecam dos agravos asy como deles avjam de conheçer os meus coregedores das comarcas se a eles fosem e os despachê como lhe pareçer direito e justiça / Outrosy lhe faço asy doaçam e merce pera ê todos os dias de saa vida da allcaidaria moor e castello e rremdas dele da mjnha cidade de tavilla todo asy e na maneira que agora se arrecada e a mim pertemçe e mjlhor se elle com direito ho mjlhor poder aver arrecadar e pesuir E porê por quamto allguas das rrendas e dereitos das ditas villas e terras e allcaydarias mores e rremdas dellas sem (?) agora hocupadas com as pesoas a que sam dadas / declaro que nõ avera esta merce e doacam lugar naquelas cousas que ha feitura della som dadas e comfirmadas por mjm aas pesoas que as tem e somête avera efeito quado (sic) per falicimêto delas ou ê quallquer outra manejra vagarê e êtam as avera e viram a eles. Porem Mamdo a todos meus Corregedores juizes justiças oficiaes e pesoas a que esta mjnha carta for mostrada e o conhecimento dela pertemçer que metam o dito Imfamte meu jrmaão e aquelas pesoas que ele em seu nome e cõ seu poder êviar ê pose da jurdiçam das ditas villas e lugares terras e comcelhos asy per esta doacam lho outorgo e o leixem della usar por sy e por seus ouujdores como nela se contem e como por mjnhas ordenacoes ho devê e podem fazer E asy mesmo lhe mamdo e aos juizes e oficiaes das ditas vilas e logares que vagamdo as allcaydarias mores delas lhe dem a pose com suas rrêdas e direjtos asy como lhe pertemçerê e aquelas pesoas que ele delas prouer e aos meus contadores almoxarifes e oficiaes de minha fazenda que das rremdas e djreitos das ditas vilas e logares terras e comçelhos lhe dem a pose vagamdo por aqueles que as agora tem pera as aver e arrecadar asy como per esta doaçam lhas outorgo e asy das jgrejas que forem de meu Padroado e apresemtaçam que vagarê por aqueles que as tê No modo que dito he ê espiçiall no que por bem de seus ofiçios lhe tocar mamdo que ê todo e por todo lhe cumprâ e guardê e façam jmteiramête comprir e guardar esta minha doacam como nela he conteudo sem duujda nê embargo allgum que lhe a ello seja posto porque asy he minha merçe e os ditos meus contadores facam rregistar nos livros dos meus propos (sic) esta doaçam pera se saber como asy tenho dado todo o que dito he ao dito Ifamte meu jrmão ê sua vida e o dito Ifante meu jrmão me fez preito e meenagem pelas fortelezas e castelos das ditas vilas segumdo foro uso e costume destes meus rregnos a qual fiqua asemtada  no livro das menages dada em a cidade de cojmbra a b dias dagosto ho secretario a fez ano de noso senhor Jhesu christo de mjll bc xxbij. 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Covilhã - Inquéritos à Indústria dos Lanifícios VII-V


Inquérito Social -  V 

Continuamos a publicar um inquérito social “Aspectos Sociais da População Fabril da Indústria dos Panos e Subsídios para uma Monografia da mesma Indústria” da autoria de Luiz Fernando Carvalho Dias, realizado em 1937-38.
 
Capítulo III 
 
População
 

A população dos lanifícios é, aquando do inquérito, de 12.863 operários dos quais 7.856 são masculinos e 5.007 são femininos. A sua distribuição pelos grémios em que trabalham é a seguinte:
 
 
Encontramos aqui os grémios dispostos pela ordem da sua popula­ção industrial.
 Há que atender que na população do grémio da Covilhã não figuram os tecelões manuais dispersos pelas freguesias do concelho, a não ser os do Teixoso. Não houve possibilidade de os ouvir nem de preencher os boletins de cada um de1es. Se os adicionássemos a esta estatística, o grémio da Covilhã apareceria com a população de 6.620 operários.
Nos outros grémios, como a tecelagem manual em propriedade dos operários é mínima, já houve possibilidade de os ouvir e por isso constam da presente estatística.
Todos estes números revelam a população estável da indústria, porque o preenchimento dos boletins foi realizado numa estação em que o trabalho era diminuto.
É por isso que junto aos boletins de inquérito dalgumas fábricas se tomou nota do número de operários que não responderam ao inquérito por não terem trabalho nessa ocasião. Nas fábricas de Lisboa varia esse número entre 25 e 30 operários.
Os operários de lanifícios são em regra naturais das terras onde trabalham ou dos seus arredores.
Nas listas adjuntas, referentes à naturalidade dos operários po­demos facilmente verificá-lo.
O Grémio do Sul, tendo em vista sobretudo as fábricas de Lisboa, é constituído quase exclusivamente por operários da província. Predominam entre eles as mulheres, que vieram para Lisboa como criadas de servir ou, em pequenas com os pais; aos homens trouxe-os, em geral, o espírito de aventura, as faltas de trabalho, a exiguidade dos salários do campo ou o serviço militar. Vale a pena notar que o número dos operários das regiões industriais, que procuraram em Lisboa a indústria de lanifícios como meio de vida, não é avultado. Correndo as listas é fácil encontrá-los, pois duas cruzes sobrepostas os indicam à atenção do leitor.
A população do Grémio do Norte que trabalha no Porto, tem idêntica origem à da população do Grémio do Sul que trabalha em Lisboa. Nestes dois grémios encontram-se bastantes operários da Covilhã que ocupam, vulgarmente, os lugares de mestres de secção, tecelões, empregados fabris e trabalho especializado exclusivo de mulheres. São geralmente contratados ­para virem ocupar directamente estes lugares. No entanto, nestes dois grémio a população natural da Covilhã, não excede 98 operários.
Vem a propósito dizer, que ao constituir-se uma fábrica no Grémio de Castanheira de Pera, lembraram-se os patrões de recrutar todo o pessoal, para ela, na população da Covilhã. Ao fim de dois ou três anos à excepção de seis, todos os outros tinham voltado à sua terra.
Aqueles que encontramos dispersos pelo país, estavam em boas situações de confiança, mantendo-se por isso afastados do velho burgo industrial, ou estavam casados e tinham constituido família no lugar onde se encontravam e, por isso, lá permaneciam, ou então suspiravam por voltar, mais tarde ou mais cedo ao seu torrão natal.
Apesar do embrutecimento com que a máquina e o excessivo barulho das oficinas lhes martiriza a atenção, em vigilância permanente, nota-se no operário, ausente da sua terra uma sensibilidade tão excessiva que ao falarem dela são incapazes de esconder a saudade.
Do Grémio de Gouveia, andam pelos grémios do Sul e do Norte, cerca de 25 operários. Ao contrário do critério adoptado para a Covi1hã, de que excluímos Cebolais para averiguar o índice de migração,no Grémio de Gouveia não fizemos distinção nenhuma das terras que o constituem. 
 
******
                                                       
Vamos ver agora qual a migração entre os três grémios onde a in­dústria tem raízes profundas, que são a Covilhã, Gouveia e Castanheira de Pera, que o mesmo é estudar quais as relações de população entre eles.
 
Operários da Covilhã em Gouveia …………….. 110
Operários da Covilhã em Castanheira ………        23
Operários de Gouveia em Castanheira ………         4
Operários de Gouveia na Covilhã ………...…     141
Operários de Castanheira na Covilhã ………           2
Operários de Castanheira em Gouveia ………         0
 
O predomínio de operários de Gouveia na Covilhã sobre os da Covilhã em Gouveia  explica-se não só pelo intercâmbio operário entre os dois grémios, mas também por aqueles operários da Covilhã, que tendo vivido em Gouveia, onde lhe nasceram os filhos e depois voltaram à sua terra, esses filhos voltando depois com os pais à Covilhã, aparecem como naturais de Gouveia.
Estas estatísticas revelam que a migração entre os centros fabris é pouco importante.
Para o regime de propriedade das casas económicas pode tirar-se daqui uma razão a favor da instituição do casal de família,com a possibilidade de alienação, nos casos raros em que o operário justificadamente se vê obrigado a abandonar a sua terra.
Ao mudar de terra, os operários de lanifícios procuram quase sempre a sua antiga profissão; se a abandonam é só por falta de trabalho dentro dela ou porque outra mais rendosa lhes apareceu.
Encontram-se trabalhando nas terras seguintes: 

 
Operários naturais das Colónias: 
Avelar  …………………  2
Porto    …………………   2
Lisboa ………………….   2 
 
Operários Brasileiros-Portugueses: 
S. Romão ……………..      1
Trinta …………………      3
Portodinho …………….      2
Avelar …………………      1
Porto …………………...     3
Famalicão ………………    2
Lisboa …………………..    1
Arrentela ………………..    1 
 
Operários nascidos na América do Norte: 
Vodra ……………………    1
Moimenta da Serra ………    1
Sampaio ………………….    7
Famalicão da Serra ……….   1
Gouveia …………………… 
 
 
 
  Seguem as imagens de dois gráficos, também relativos à idade dos operários, que na obra são apresentados em anexo a este capítulo da População. O suporte em que foram elaborados é papel vegetal/pergaminho, ao fim de tantos anos um pouco deteriorado. 
 


 

 
Nota dos editores - Como inserimos as tabelas segundo o sistema de imagem, aconselhamos os nossos leitores a clicarem com o rato sobre elas, para que o visionamento seja mais perfeito.
 
Capítulos anteriores:
Inquéritos III - I
Inquéritos IV - II
Inquéritos V - III
Inquéritos VI - IV
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2012/08/covilha-inqueritos-industria-dos_2.html