segunda-feira, 23 de maio de 2011

Covilhã - Contributos para a sua História dos Lanifícios - IV

IV
Lista de Panos em Portugal

 Não resistimos à tentação de agrupar algumas qualidades de tecidos que aparecem nos nossos documentos, sujeitando-as a uma sistematização, técnica aliás já tentada por alguns escritores estrangeiros para os panos das suas nações.
Uma vista de relance sobre a longa nomenclatura registada, imediatamente nos põe em frente das grandes cidades e vilas manufactureiras do Norte da Europa, da Itália, da Espanha e até de Portugal em épocas mais próximas. O técnico moderno facilmente também compreenderá o sentido de muitos termos que ainda perduram na nomenclatura dos panos.
Em vésperas de 1580 recolhemos esta lista de panos em Portugal, alguns dos quais referidos num processo da Inquisição de um mercador covilhanense, a que adiante faremos referência:
Saragoças – Em 1577 varia o preço do côvado de 133 rs. a 320 rs.. É impossível determinar se a diferença de preço depende da largura do tecido ou, se dentro deste tipo de fazenda há qualidades melhores ou piores. A mesma observação nos leva a fazer aos restantes tipos de pano. No ano de 1578 há referência à Saragoça simples, cotada a 280 rs. e à Saragoça vintequatrena cotada a 290 rs.. Em 1579 fixa-se para o mesmo tipo de tecido o valor de 340 rs. As saragoças chegaram até nós com a forma de um tecido grosseiro de cor acastanhada. Como se depreende do nome, trata-se de um tecido idêntico aos importados primitivamente de Saragoça.
Palmilha – A palmilha valia entre 264 e 300 rs. em 1578 e no ano seguinte cotava-se entre 340 e 360 rs. Parece tratar-se de um pano azul, visto que nos termos do regimento de 1690, as baetas só podiam tingir-se em preto, quando fossem de azul tão bom como as palmilhas subidas.
Fiorentino – Como a saragoça, também este pano é do tipo dos panos italianos de Florença. Corria o côvado a 340 rs. em 1579.
Panos brancos e pretos – de 2.400 fios ou vintequatrenos, como as saragoças, também o tipo normal de pano, preto ou branco, podia ser mais ou menos largo, conter mais ou menos número de fios.
Os brancos de 2.400 fios orçavam em 1577 por 220 e em 1578 por 200 rs.
Os pretos, também de 2.400 fios aviados em 1577 a 260 rs., em 1578 a 230 rs., e em 1579 a 340 rs.
Pano Verdezo – certamente tecido de cor verde, avaliava-se em 1578 a 240 rs e em 1579 a 340 rs.
Pombinho – valia 310 rs. em 1579.
Pano mourisco ou mourisqueiro – lembra esta denominação os panos importados das terras de mouros. Em 1577 valia 260 rs.
Picote – cremos tratar-se de pano que mais tarde se chamou picotilhos. Era o pano mais baixo que Gonçalo Vaz, de quem adiante falaremos, despachou neste ano; também os frades o utilizaram, pois em 1577 ou 1578 o mesmo mercador vendeu-o aos padres de S. Francisco de Évora. Antes de tingido valia 180 rs. e em verde 190 rs. ou 200 rs., em 1577; em 1578, sem cor, de 170 a 180 rs; no ano seguinte de 160 rs a 190 rs., também em branco.


Nota dos editores – À medida que a organização e publicação do espólio de Luiz Fernando Carvalho Dias avança, consideramos necessário lembrar que toda a documentação e reflexões existentes se encontram manuscritas em dezenas de pastas, cadernos e folhas soltas, sem referência à altura em que foram produzidas. Também muitos dos textos escritos não tinham tido a finalidade de serem publicados e portanto não foram objecto de revisão do autor. Assim, pode acontecer depararmos com uma ou outra dúvida ou até aparente contradição explicável por uma evolução na sua pesquisa.

Covilhã - Lista dos Sentenciados na Inquisição III

Lista dos Sentenciados no Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa, Coimbra e Évora, originários ou moradores no antigo termo da Covilhã e nos concelhos limítrofes de Belmonte e Manteigas

31        Ana Fernandes, x.n., natural e moradora na Covilhã, mulher de Manuel Fernandes, mercador, filha de Diogo Fernandes e de Graça Fernandes, de 5/10/1567 a 24/11/1569. (O pai e os irmãos são os referidos sob os nºs 47, 30 e 42 desta lista).
PT-TT-TSO/IC/25/941                      

32        Brites Fernandes ou Beatriz Fernandes, x.n., natural e moradora na Covilhã, mulher de Fernão Lopes, mercador, filha de Fernão Lopes e de Ana Gonçalves, de 15/11/1566 a 13/12/1567
PT-TT-TSO/IC/25/1277                    

33       Francisco Manuel, x.n., de 26 anos, tratante, natural e morador no Fundão, filho de Manuel Lopes e de Ana Rodrigues, casado com Ana Rodrigues, de 30/1/1568 a 1/8/1568,  abjuração, cárcere e hábito perpétuo, 341/7991.
PT-TT-TSO/IC/25/7991

34              António Lopes, x.n., tosador, Covilhã, relaxado, auto público de 1/8/1568.
Não foi encontrado na lista do ANTT.
           
35        Diogo Lopes, x.n., tratante, natural da Capinha e morador em Pinhanços, anteriormente Bispado de Coimbra, casado com Graça do Mercado, prisão em 1/11/1569.
PT-TT-TSO/IC/25/634                                 

36        Maria Rodrigues, a Cavaleira, x.n., de mais de 100 anos, viúva, moradora na Covilhã, não sabia nome dos pais, nem de onde era natural, de 29/9/1569 a 1571.
PT-TT-TSO/IC/25/10043                  

37        Maria Fernandes, x.n., moradora na Covilhã. O processo decorreu antes do perdão geral. Única data 2/10/1567.
PT-TT-TSO/IC/25/10424                             

38        Leonor Lopes, x.n., de 48 anos, natural da Capinha, Covilhã e moradora em Pinhanços, filha de Francisco Lopes e de Brites Lopes, casada com Jorge Henriques, de 9/11/1569 a  28/10/1571.
PT-TT-TSO/IC/25/10035                             

39        Padre Francisco Álvares, x.v., de 34 anos, clérigo de missa, natural e morador na Covilhã, filho de Álvaro Pires, “o sisudo”, mercador e de Branca Afonso, acusado de proposições heréticas, de 13/3/1571 a  31/5/1571.
PT-TT-TSO/IC/25/9626                               

40        Henrique Mendes, x.n., tratante, natural da Covilhã e morador em Santa Marinha, bispado de Coimbra, casado com Isabel Dias, de 15/3/1568 a  7/6/1573.
PT-TT-TSO/IC/25/8721                               

41        Branca Rodrigues, x.n., moradora que foi na Covilhã e presentemente em Lisboa, na rua onde se vendem as sementes, ao calçado velho, viúva de Diogo Rodrigues, natural de Castela, sirgueiro,  de 25/9/1572 a 27/10/1572  consta que foi emitido mandado de prisão mas não se achou nova dela. Neste processo consta também Thomas Norh, inglês, por protestantismo. (Consultar também  Procs IL/28/5971 e IL/28/10790, relaxada).
PT-TT-TSO/IL/28/9447                    

42        Bartolomeu Fernandes, x.n., de 24 anos, solteiro, tratador, natural e morador na  Covilhã, filho de Diogo Fernandes e de Graça Fernandes, de 12/9/1567 a 11/3/1571. (O pai e as irmãs são os referidos sob os nºs 47, 30 e 31 desta lista).
PT-TT-TSO/IL/28/12442                 

43        Simão Lopes, x.n., de 22 anos, solteiro, tratante, natural e morador no Fundão, filho de Damião Lopes e de Isabel Fernandes, (A mãe e os irmãos são os referidos sob os nºs 69, 64, 65 e 122 desta lista)de 5/2/1571 a 28/8/1571.
PT-TT-TSO/IL/28/9242

44        Branca Nunes, x.n., moradora na Covilhã, casada com Jorge Fernandes, sentenciada em auto sem data de publicação, em 23/10/1572.
PT-TT-TSO/IL/28/12474                  

45        Isabel Fernandes, x.n., de 40 anos, natural e moradora no Fundão, filha de Filipe Nunes, mercador e de Graça Dias, viúva de Pedro Gomes, x.n., tratante, de 28/4/1569 a 31/10/1572.
PT-TT-TSO/IL/28/5952

46        Gaspar Ribeiro, x.v., meirinho do eclesiástico do arciprestado da Covilhã, do bispado da Guarda,  morador na  ( Covilhã ), de 24/9/1573 a 20/7/( 1576 ), por impedir o recto ministério do Santo Ofício. Degredo da Covilhã e termo por 1 ano, suspensão do ofício por 1 ano, pagamento de 20 cruzados para despesas dos presos pobres do Stº Ofício. Admoestado a não reincidir. Foi perdoada a pena em 20/7/1576.
PT-TT-TSO/IL/28/2949         

47        Diogo Fernandes, x.n., mercador, morador na Covilhã, casado com Graça Fernandes, Denúncia 1573, de 18/7/1573 a 4/10/1573.(Os filhos são os referidos sob os nºs 30, 31 e 42 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/12378                     

48        Briolanja Dias, “a pêga de alcunha”, x.n., natural da Covilhã e moradora em Ulme, filha de Lourenço Álvares e de Leonor Fernandes, casada com João Dias, de 3/12/1573 a 16/11/1574, por judaísmo.
PT-TT-TSO/IE/21/2915         Tem outro processo em Lisboa PT/TT/TSO/IL/28/ 3835

49        Mécia Rodrigues, x.n., de 26 anos, natural do Teixoso e moradora na Guarda, filha de Branca Rodrigues, casada com Diogo Fernandes, de 6/5/1574 a 10/7/1574, data da leitura da sentença em auto.
PT-TT-TSO/IL/28/11373

50        Beatriz Henriques, x.n., 40 anos, natural de Pinhel, moradora na Covilhã, filha de António Henriques e de Maria Lopes, viúva do Licº Lopo da Fonseca, médico, x.n., natural de Viseu e morador na Covilhã, de 19/11/1574 a 7/6/1575.
A ré foi presa com suas 2 filhas Isabel da Fonseca e Maria da Fonseca, que não foram ao auto de fé, tendo a segunda sido casada com Jerónimo Nunes, médico em Lisboa, onde moravam.
O processo do seu filho Tomás da Fonseca, do ano de 1608, PT-TT-TSO/IL/28/1355 irá referenciado mais à frente, (nº 147 desta lista).     
PT-TT-TSO/IL/28/1648

Carta de Doação da Renda da Saboaria da Covilhã ao Licº Lopo da Fonseca, morador na mesma vila, que vagara por falecimento de  Diogo Fernandes...
“e isto com tal condição que o dito licenciado Lopo da Fomsequa cure de graça os padres dos mosteiros de sam francisco que estão na dita vila e assim os enfermos que estam no Hospital e casa da misericordia dela ....”, com os privilégios do seu antecessor de que ninguém faça ou venda sabão na vila ou o traga de fora sob pena de ser preso.
Lisboa, 29 de Março de 1555.
Lº 71, fls 69.
  

51        Ana Fernandes, x.n., natural da Covilhã, filha de Fernão Vaz e de Maria Fernandes, casada com João Afonso, (G-37), de 11/3/1570 a 13/5/1576, auto de Fé de 13/5/1576.
PT-TT-TSO/IL/11954            

Nota:-  Visita de Marcos Teixeira à Beira em 1579 e publica um edito de perdão na Guarda.

52        Branca Lopes, x.n., moradora no Fundão, casada com António Lopes, sapateiro, de 21/10/1577 a 12/5/1579
PT-TT-TSO/IL/28/6411

53    Leonor Mendes, x.n., de 30 anos, moradora na Covilhã, casada com Manuel Mendes, de 8/7/1579 a 19/3/1582.
PT-TT-TSO/IL/28/7575.       

54        Beatriz Soares, x.n., filha de Rodrigo Álvares e de Branca Rodrigues, x.n., casada com Francisco Rodrigues, x.n., mercador, de 8/7/1579 a 4/7/1582.
PT-TT-TSO/IL/28/386           

55        Branca Rodrigues, x.n., moradora no Teixoso, filha de António Rodrigues, x.n. e de Mécia, x.n., viúva de Rui Lopes, de 10/7/1579 a 1/4/1582.
PT-TT-TSO/IL/28/12486

56        Adão Rodrigues, x.n., alfaiate, natural da Covilhã e morador em Nisa, filho de Lourenço Rodrigues, tosador, casado com Margarida Rebelo (2ªs núpcias), em 1ªs com Guiomar Rodrigues, de 16/6/1579 a 10/12/1581.
PT-TT-TSO/IE/21/2019                                

57        Jorge Nunes, x.n., mercador, casado, natural do Fundão e morador em Castelo de Vide, filho de Pedro Nunes e de Isabel Fernandes, de 22/1/1579 a 1/3/1584.
PT-TT-TSO/IE/21/3743

58        Diogo Barreiros, x.v., de 40 anos, filho de Mateus Barreiros e de Maria Álvares, casado com Ana Antunes, x.v., natural de Aldeia de Joane, termo da Covilhã e morador em Aldeia Nova do Cabo, de 3/12/1580 a 3/7/1582, por proposições heréticas.
PT-TT-TSO/IL/28/3210.     

59        Graça Henriques, x.n., mulher de Manuel de Almeida, mercador, natural e moradora no Fundão, filha de Henrique Gonçalves, x.n., e Guiomar Dias, x.n., de 3/12/1580 a 1/4/1582, auto público de 1/4/1582, relaxada em carne.
PT-TT-TSO/IL/28/1269.
              
60        Genebra da Fonseca, x.n., natural e moradora na Covilhã, mulher de Gaspar Dias, mercador, filha de Lopo da Fonseca, x.n., médico, natural de Viseu e morador na Covilhã e de Guiomar Dias, x.n., neta paterna de Duarte da Fonseca, mercador, natural de Viseu, onde foi morador, de 8/11/1580 a 18/5/1582, relaxada em carne.(Seus irmãos consanguíneos Isabel da Fonseca, Maria da Fonseca e Tomás da Fonseca, referidos sob os nºs 50 e 147 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/4380.

Fonte – Os dados em itálico foram retirados do “site” do ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo relativo aos processos do Tribunal da Inquisição.
Na cota dos processos, as indicações IL/28, IC/25 e IE/21 referem-se aos tribunais, respectivamente, de Lisboa, Coimbra e Évora.

sábado, 21 de maio de 2011

Covilhã - Processo da Inquisição de Francisco Ximenes

O processo que hoje apresentamos, do covilhanense Francisco Ximenes, referido sob o número 1 na lista dos Sentenciados na Inquisição foi recolhido no ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo por Luiz Fernando Carvalho Dias. Deixou na cópia que achámos deste processo as referências: “Procº 4062 da Inquisição de Coimbra” e “procº 4606. O primeiro, actualmente PT-TT-TSO/IC/25/4062, nada indica no sumário quanto ao nome do processado e remete para o processo da Inquisição de Évora PT-TT-TSO/IE/21/11761, que se encontra em branco. O segundo, actualmente PT-TT-TSO/IC/25/4606 diz respeito a uma pessoa de outra época e não a Francisco Ximenes.
O destaque que se faz a este processo é derivado do imenso interesse que Luiz Fernando Carvalho Dias tinha no estudo da  família Ximenes de Aragão, de origem judaica, e da  sua ligação à Covilhã. Os progenitores de Francisco Ximenes seriam oriundos de Castela, tendo Fernão Ximenes participado na Batalha de Toro (1476), onde teria sido aprisionado pelos portugueses. Depois disso ter-se-ia fixado na Covilhã, donde seriam naturais os seus filhos. Deles se destaca Duarte Ximenes, que foi médico do Rei D. João III e do Cardeal Infante, D. Afonso, filho de D. Manuel I, dada a referência que Francisco Ximenes faz, no ano de 1542, ao “Cardeal Infante que Deus haja”.
Dos seus familiares, descendentes de seus pais, fizeram parte ricos mercadores de Lisboa, Antuérpia, Florença e Pernambuco. Destacaremos entre outros Tomás Ximenes de Aragão (1534-1593) que foi o maior contratador de pimenta do seu tempo e que em 1566 doou à cidade de Lisboa grande soma de dinheiro, para suavizar a fome da população, na crise que se fez sentir nesse ano e Fernão Ximenes de Aragão (1524-1600), rico mercador em Antuérpia e Florença, a quem o Papa Sisto V, em 1588, concedeu, a ele e a seus irmãos, um breve de “motu próprio” declarando cristãos velhos os membros da família Ximenes.

Processo de Francisco Ximenes. Inquisição de Coimbra

Testemunhas de Francisco Ximenes

a)      Guiomar Fernandes, mulher que foi de Álvaro Gonçalves.
b)      Grº (Gregório ?) Rijo
c)      Guiomar de Figueiredo, mulher de Grº Rijo
d)      Licenciado Gomes Dias
e)      Simão Pires, tosador
f)       Pedro Francisco, tabelião
g)      Diogo de Matos
h)      António Lopes, anadel dos besteiros
i)       António Afonso, mercador
j)       Manuel Gomes, escrivão das sisas, todos moradores na Covilhã

As inquirições são feitas no adro da Igreja de S. Pedro (freguesia de onde o réu era natural), em Julho de 1542 pelo prior Bacharel António Roiz, arcipreste no arcediagado da Covilhã. O Notário Apostólico era Pedro Vaz.

“Auto de Imquiryção de fr.cº Xemenez mºr na cydade devora preso na prisão da samta Imqujsysão.
                                                           Veo esta de covilhaã”

1542 – 17 de Julho – em a vila da Covilhã, no adro da Igreja de S. Pedro estando presente o bacharel Antº Roiz acipreste em ela e em todo o seu arcediagado pelo Bispo D.  Jorge de Melo, do Conselho de el Rei e seu esmoler mor. O processo é contra Francisco Xemenez, x.n., mercador, morador em Évora; quere provar que é x.v. pois foi baptizado 8  dias depois de nascer muito embora seja filho de christãos novos – Tem 35 anos pouco mais ou menos, nasceu na vª da Covilhã e aí foi baptizado aos oito dias e nunca foi judeu.
Escrivão pº vaaz
1ª) Antº Lopes, anadel dos besteiros
Que ele testª e o Reo são ambos de um tempo pouco mais ou menos segundo tem ouvido dizer a sua mãe e a mãe do Réu, por serem de idade igual, ouviu dizer a uma Guiomar de Figueiredo mulher de Gomes da Fonseca, ambos defuntos, vizinhos dos pais do Réu, que este era seu afilhado; andaram ambos, a testª e o Réu, na escola e aprendiam a ler e a escrever e mais cousas que se costumam ensinar aos moços acerca da santa Fé católica.
2ª) Grº Rijo quando veio viver à dita vila, viu o Reo chamar madrinha a Guiomar de Figueiredo, sua sogra e vizinha do Réu.
3ª Simão Pirez, tosador, mºr na dita vila, disse que vivera um ano com o pai do Réu e lhe acabara de ensinar a ele testª, no dito tempo, o ofício de tosador […]que ao tempo que ele testª fora para o pai do R. para aprender o seu ofício com ele de tosador, como aprendeu, que já a esse tempo os judeus eram tornados cristãos e assim o era o pai e a mai do Réu e que o dito Réu era mjnjno porque no de colo começava já de falar e amdar e que o dito minino que era o R. quando via passar pela porta de seu pai a Vasco Paez, prior que foi de S. Pedro da dita vila, donde os ditos pai e mai do R. eram fregueses, o dito R. lhe chamava padrinho e assj o dito Vasco Paez lhe chamava afilhado e ele testª ouvira dizer ao dito Vasco Paez, porque ele baptizara o R. e que depois de o R. ser moço crescido ía às vezes a casa dela testª, que lhe ensinasse ele testª o pater noster e ave Maria e que ele testª lha dizia às vezes” […] que depois de asy o R. ser já homem estando em casa de seu pai…”
4ª Diogo de Matos disse que um seu irmão Jorge de Matos fora casado com uma irmã do Réu e dele ficaram filhos e filhas, seus sobrinhos dele testª […] “que era verdade que depois que os judeus foram tornados cristãos daí a sete ou oito anos pouco mais ou menos, a seu parecer dele testª, nasceu o Réu preso, o qual tanto que nasceu, no tempo que a Stª Madre Igreja manda,  ele testª o vira levar à Igreja de S. Pedro da dª Vila, onde eram fregueses o pai e a mãe do R., para se baptizar e vira ir na companhia dos quais o levavam a baptizar Gomes da Fonseca Sequeira e Guiomar de Figueiredo, sua mulher, já defuntos, que não sabe qual deles foi padrinho ou madrinha […] dise que ele testª via ao Réu quando na dita Vila vivia negociar sua Fazenda e andar camjnho assim ao sábado como os outros dias da semana…”
5ª Antº Aº mercador, mºr na dª vila, “que estando ela testª um dia em sua casa asy lhe dissera, agora levam o menino de Fernão Ximenes a bautizar […] disse, ela testª, que ao tempo que ele vivia na dita vila e estava em casa de seu pai e mãe e depois em casa de Fernão dalvrez, seu cunhado (do R.), ela testª o via trabalhar e negociar pola semana todos os dias assim ao sabado como aos outros, sem fazer diferença…”
6ª Guiomar Fernandes, mulher que foi de Álvaro Glz, mºr na dª vila, “disse ela testª que Jorge de Matos, seu irmão, fora casado com uma irmã de fr.cº ximenez […] estando ela dita testª asy em sua casa disseram hy perante ela pessoas / agora levam o filho de Fernão Xemenez a bautjzar e que a este tempo tão bem o pay e maj do Reo eram tornados cristãos e como os outros”
7ª Guiomar de Figheiredo mulher de Grº Ryjo “ … que Guiomar de Figueiredo, sua tia que Deus haja, chamava o dito R. Fr.cº Xemenez, quando estava na dita vila, madrinha e a dita Guiomar de Figueiredo chamava à may do dito Reo comadre […] ouviu um dia dizer a frei Gaspar Frade, seu irmão dela testª, que vira comer carne de porco ao Réu […] disse que, ao tempo que o Réu vivia na dita villa, ele conversava com seus irmãos dela testª e com outros moços cristãos velhos …”
20 de Julho de 1542 no adro de Stª Maria
 Jº Fr.cº tab.ªm (tabelião) mºr na dita vila

Genealogia

Seu pai chamava-se Fernão Ximenez e era castelhano e a mãe Joana Nunez, castelhana, não sabe as terras; que nasceu ele e seus irmãos na Covilhã. Tem três irmãs todas mais velhas que ele, a saber: a) Isabel Ximenez, a qual é viúva de Fernão dalvarez, vivia na cidade da Guarda. b) Brites Ximenez, (1) mulher de António Roiz Galvão, x.n., mercador, moradora na cidade da Guarda. c) Francisca Ximenez, viúva, foi mulher de Jorge de Matos, x.n., a qual vive em Covilhã. Tem dois irmãos a saber: o doutor Duarte Ximenez, (2) Físico del Rei nosso Senhor e foi do Cardeal que santa gloria haja e é mais velho que ele Fr.cº Ximenez, e outro é Gaspar Ximenez,(3) mercador, em esta cidade (Évora) o qual é mais moço que ele Francisco Ximenez três anos. A mulher do dr. Duarte Ximenez  se chama Izabel Roiz (4), filha do Licº M..( Marcos, Martim ?) Rº diziam que era x.n. …

Notas dos Editores: 1) A cota dos seus processos são PT-TT-TSO/IL/28/1656 e 1656-1, do ano de 1542. No entanto é indicada como filha de Pêro Fernandes. Pensamos que se trata de um erro, pois esta Beatriz Ximenes que é referida como natural da Guarda, é também indicada como casada com António Rodrigues “o Galvão” !
2) Para provar que Duarte Ximenes foi médico do Cardeal Infante ver alvará de 17 de Junho de 1535, “para se-lhe pagar 18.000 reis do seu ordenado” em PT/TT/CC/1/55/80.
3) Ver também o alvará do Cardeal Infante de 1 de Março de 1539, em PT-TT-CC/1/64/43, “para o seu tesoureiro dar ao físico Gaspar Ximenes 2.400 reis por outros tantos que despendeu em serviço do mesmo Senhor.” Será este o Gaspar Ximenes, o outro irmão de Francisco Ximenes e por este referido como mercador em Évora?  
4) ou Isabel Rodrigues da Veiga, filha do Dr. Rodrigo da Veiga.

Fonte do texto e das notas dos editores:
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=107654 retirado de “Os Herdeiros do Poder”, XXI - de Francisco António Dória, com a colaboração de Carlos Barata, Jorge Ricardo da Fonseca, Ricardo Teles Araújo e Gilson Nazareth, Editora Revan, ISBN – 10: 8571060819

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Covilhã - Lista dos Sentenciados na Inquisição II

Lista dos Sentenciados no Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa, Coimbra e Évora, originários ou moradores no antigo termo da Covilhã e nos concelhos limítrofes de Belmonte e Manteigas

1          Francisco Ximenes, (1) x.n., 35 anos, mercador, natural da Covilhã, morador em Évora, filho de Fernão Ximenes e de Joana Nunes ou Joana Nunes de Aragão, xx.nn., castelhanos,  de 17/7/1542
PT-TT-TSO/IC/25/4062, que remete para o procº 11761, do maço 1120 da Inqº de Évora.

2          Mateus Fernandes Santiago, x.v., teólogo, sacerdote de missa e pregador na Covilhã e no Teixoso, natural de Escarigo, Figueira de Castelo Rodrigo, morador na Covilhã, filho de João Fernandes e de Isabel Gonçalves, acusado de proposições heréticas, de 1/11/1555 a 30/1/1559.
PT-TT-TSO/IL/28/12868                

3          Francisco Cabral, x.v., frade professo, natural de Belmonte, filho de João Fernandes Cabral, Senhor de Belmonte e de Beatriz Álvares, casado com Catarina Luís, acusado de poligamia, em 22/7/1546.
PT-TT-TSO/IE/21/11682

4          Ramos Pires, x.v., natural da Covilhã, morador em Lisboa, casado com Beatriz Gonçalves, acusado de bigamia. Casou 2ª vez com Beatriz Rodrigues, auto de fé de 6/12/1558.
PT-TT-TSO/IL/28/1681.                

5          Cristóvão Pais, x.v., de 70 anos, porteiro do concelho de Lisboa, filho de Vasco Pais ( Castelo Branco ), arcipreste da Covilhã e de Maria Anes, casado com Margarida Pires, natural da Covilhã e morador em Lisboa, de 27/2/1561 a 1/12/1562, acusado de luteranismo              
PT-TT-TSO/IL/28/3589.                mf. 1811

6          Diogo Cerveira, x.n., de 65 anos, ourives de ouro, natural da Covilhã, morador em Lisboa, casado com Leonor de Paredes, preso em 20/5/1562 e solto em 11/2/1564.
PT-TT-TSO/IL/28/188.            

7          Luís Antunes, x.n., de 18 anos, solteiro, natural da Covilhã, morador em Lisboa, filho de João Santos e de Joana Antunes, de 26/1/1563 a  23/5/1563.
PT-TT-TSO/IL/28/12294.           

8          António Henriques, x.n., de 35 anos, rendeiro, vivendo de sua fazenda, filho de Francisco Rodrigues, x.n., e de Beatriz Vaz, x.n., casado com Maria Antunes, x.v., natural e morador no Tortozendo, preso de 20/7/1564 a 17/8/1564.
PT-TT-TSO/IL/28/1120.            

9          Rui Nunes,  solteiro, clérigo de missa, natural do Fundão, morador em Setúbal, filho de Cristóvão Nunes, acusado de sodomia, de 24/7/1563 a 28/6/1565.
PT-TT-TSO/IL/28/1967
           
10        António Henriques, x.n., natural e morador no Tortozendo, de 23/2/1567 a 17/6/1567.
PT-TT-TSO/IL/28/9571.            
           
11        Miguel Rodrigues, x.n., de 45 anos, tratante, casado com Leonor de Cáceres, x.n., natural de Linhares e morador na Covilhã, (A mulher é a referida sob o nº 66 da lista), de 1/3/1568 a 31/(12)/1569.
Mulher Leonor de Cáceres, PT-TT-TSO/IC/25/1772
PT-TT-TSO/IL/28/2876         

12        António Manuel, x.n., de 22 anos, tratante, natural e morador no Fundão, filho de Manuel Lopes e de Ana Rodrigues, casado com Maria Rodrigues, de 20/9/1568 a 27/10/1568
PT-TT-TSO/IL/28/2007

13        Domingos Jorge, x.n., de 17 anos, solteiro, almocreve, natural de Atalaia, Fundão, filho de Jorge Lopes e de Isabel Lopes, de 28/8/1566 a 18/1/1569.
PT-TT-TSO/IL/28/13005

14        Simão Rodrigues, x.n., de 55 anos, siseiro, natural do Fundão ou da Idanha e morador no Fundão, filho de Henrique Ribeiro e de Beatriz Fernandes, casado com Beatriz Lopes, (A filha é a referida sob o nº 91 desta lista), de 25/6/1567 a 21/7/1567.
PT-TT-TSO/IL/28/4529

15          Catarina Rodrigues, x.n., de 30 anos, natural de Penamacor e moradora no Fundão, filha de Simão Vaz e de Branca Rodrigues, casada com Pero Nunes ou Pedro Nunes, tratante, de 1/11/1567 a 14/11/1568.
PT-TT-TSO/IL/28/3540

16          Isabel Rodrigues, x.n., de 40 anos, filha de João Álvares e de Constança Dias, natural e moradora na Covilhã, casada com Francisco Rodrigues, mercador, presa de 19/4/1569 a 22/5/1569.
PT-TT-TSO/IL/28/482.    

17        Heitor Lopes ou Hector Lopes, x.n., de 36 ou 37 anos, natural e morador na Covilhã, filho de Heitor Pinheiro e de Isabel Lopes, casado com Brites Manuel, de 16/3/1569 a 22/5/1569. Auto de fé de 22/5/1569.(A mulher e o irmão são os referidos sob os nºs 29 e 19 A desta lista).
PT-TT-TSO/IL/28/10374            

18        António Fernandes, x.n., de 30 anos, tratante, natural e morador em Belmonte, filho de Francisco Fernandes, tratante e de Isabel Fernandes, casado com Guiomar Nunes, (A mulher é a referida sob o nº 87 desta lista), de 22/10/1566 a 9/7/1569.
PT-TT-TSO/IL/28/7637

19        António Pinheiro, x.n., de 22 anos, solteiro, tratante, filho de Diogo Pinheiro e de Ana Rodrigues, natural da Covilhã ou Fundão, morador na Covilhã, preso de 21/6/1569 a 11/7/1569. Irmão de Filipa Nunes, procº PT-TT-TSO/IC/25/1051 (A irmã e o cunhado são os referidos sob os nºs 27 e 21 desta lista).
PT-TT-TSO/IL/28/607

Carta de Vedor dos Panos da vila da Covilhã a Diogo Pinheiro, morador na dita vila, como o foi Vicente Marcos, que o renunciou por instrumento das notas de Fernão de Afonso, público tabelião na mesma vila, a 26 de Abril de 1530.
Dirigida a quantos, etc... e ao contador da comarca.
Pagou de ordenado 666 rs.
Lisboa, 2 de Junho de 1530.
a seguir diz “ E asy mesmo sera veador dos ditos panos do termo da dª vª como o era V.te Marcos “.
Lisboa, 9 de Junho de 1530.
Lº 39, fls 15 vº.


Carta de Vedor dos Panos da vila da Covilhã a Martim Fernandes, aí morador, que mandara dizer a El Rei que um António Dias comprara o dito ofício sem licença a Diogo Pinheiro e o perdera.
Lisboa, 17 de Outubro de 1532.
Lº 19, fls 254 vº.

19 A    Cristóvão Pinheiro, x.n., de 37 anos, tratante, natural e morador na Covilhã, filho de Heitor Pinheiro e de Isabel Lopes, casado com Beatriz Pinheiro, de 12/3/1569 a 22/5/1569, por judaísmo. (O irmão é o referido sob o nº 17 desta lista).
PT-TT-TSO/IL/28/4096


20        Manuel Jorge, x.n., tratante, natural da Covilhã, morador no Teixoso, filho de Jorge Rodrigues e de Leonor Rodrigues, casado com Isabel Rodrigues. Prisão 17/4/1567.
PT-TT-TSO/IC/25/920                      

21        Diogo Vaz, x.n., mercador, tratante, natural de Penamacor e morador na Covilhã, filho de Simão Vaz e Branca Rodrigues, de 13/10/1566 a 29/11/1567, casado com Filipa Nunes, cunhado de Manuel Pinheiro, que foi provedor da Misericórdia da Covilhã. (A mulher, a irmã e o cunhado são os referidos sob os nºs 27, 15, e 19 desta lista)
PT-TT-TSO/IC/25/1076                    

22        Manuel Fernandes, x.n., tratante, natural de Monsanto e morador na Covilhã, filho de Francisco Fernandes e de Isabel Nunes, casado com Genebra Fernandes, de 15/11/1566 a 5/10/1567.
PT-TT-TSO/IC/25/922                      

23        Francisco Rodrigues, x.n., de 25 anos, negociante, natural de Sendim, morador na Covilhã, filho de António Rodrigues e de Ana Francisca, casado com Beatriz Soares, de 3/4/1567 a 1/12/1567.
PT-TT-TSO/IC/25/938                      

24        Manuel Mendes, x.n., de 25 anos, mercador, natural de Celorico e morador na Covilhã, filho de Duarte Rodrigues e de Beatriz do Vale, casado com Leonor Mendes, de 3/4/1567 a 19/6/1567.
PT-TT-TSO/IC/25/9956                    

25        Duarte Dias, x.n., mercador, natural e morador na Covilhã, filho de Duarte Dias e de Catarina Gomes, casado com Guiomar Feijó, de 28/10/1566 a 16/12/1567.
PT-TT-TSO/IC/25/1270                    

26        Branca, a moça, x.n., solteira, de 11 anos, natural e moradora na Covilhã, filha de Diogo Fernandes e de Graça Fernandes, de 15/11/1566 a 13/12/1567.
PT-TT-TSO/IC/25/1077                    

27        Filipa Nunes, x.n., natural e moradora na Covilhã, mulher de Diogo Vaz, mercador, filha de Diogo Pinheiro e de Ana Rodrigues, de 28/10/1566 a 5/10/1567. (O marido, o irmão e a cunhada são os referidos sob os nºs 21, 19 e 15 desta lista).
PT-TT-TSO/IC/25/1051                    

28        Brites Rodrigues ou Beatriz Rodrigues, x.n., natural da Covilhã e moradora no Fundão, mulher de António Dias, mercador, filha de António Rodrigues e de Isabel Rodrigues, de 15/6/1567 a 12/12/1567.
PT/TT/TSO/IC/25/1280                    

29        Brites Manuel, x.n., natural do Fundão, moradora na Covilhã, mulher de Heitor Lopes, mercador, filha de Manuel Lopes e de Ana Rodrigues, de 28/10/1566 a 11/6/1568. (O marido e o cunhado são os referidos sob os nºs 17 e 1089 desta lista).
PT-TT-TSO/IC/25/1264                    

30        Violante Fernandes, x.n., mulher de Luís Fernandes, natural e moradora na Covilhã, filha de Diogo Fernandes e de Graça Fernandes, (O pai e os irmãos são os referidos sob os nºs 47, 31 e 42 desta lista), de 5/10/1567 a 24/11/1569.
PT-TT-TSO/IC/25/1062
                
Nota dos editores - 1) Não tivemos possibilidade de encontrar o processo de Francisco Ximenes no site do ANTT. Dos números referidos por Luiz Fernando Carvalho Dias nada se encontrou a não ser uma remissão para um processo da Inquisição de Évora que, no sumário, nada indica a respeito deste covilhanense. Estará incluído num dos processos cujo número nos indica? No entanto, da cópia que ele recolheu do processo que consultou, constam inúmeros pormenores que garantem a sua existência. Apresentaremos os dados referentes ao processo deste mercador.
2)- Filho bastardo de João Fernandes Cabral, alcaide mór de Belmonte, que era irmão de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil.
Fonte – Os dados em itálico, salvo os do número 1 da lista, foram retirados do “site” do ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo relativo aos processos do Tribunal da Inquisição.
Na cota dos processos, as indicações IL/28, IC/25 e IE/21 referem-se aos tribunais, respectivamente, de Lisboa, Coimbra e Évora.

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http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2011/05/covilha-lista-dos-sentenciados-na.html


Estatística baseada nesta lista dos sentenciados na Inquisição: