sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Covilhã - A Misericórdia, uma Instituição de Solidariedade Social XIII

Bens móveis da Misericórdia da Covilhã

      Como já publicámos, a administração da confraria segundo o Compromisso de 1516, cabia a um órgão colegial, designado por mesa, composto por treze elementos, um deles o provedor, que presidia e representava a instituição. Dos restantes, seis, obrigatoriamente, teriam que ser oficiais mecânicos e os outros, bem como o provedor, de melhor condição social; nove eram designados por conselheiros, um por escrivão e dois por mordomos.
      Encontrámos no espólio de Luiz Fernando Carvalho Dias, inventários de bens da Misericórdia da Covilhã, que vamos hoje apresentar: a maior parte dos bens móveis são peças religiosas – arte sacra – e somente pouquíssimas de outro tipo. Há pouco tempo foi inaugurado na Covilhã o Museu de Arte Sacra que mostra retábulos, relicários, altares, crucifixos, livros, ourivesaria, paramentos litúrgicos. Vale a pena visitar.
      Em 1648, no dia 1 de Março, estando o cabido geral reunido, o provedor e a mesa apresentaram três propostas, uma das quais se relaciona com o nosso assunto: a entrega ao novo provedor de um inventário feito pelo provedor velho de todos os bens do cabido. Estas propostas deveriam vir a fazer parte dos estatutos.


 Bens Móveis

 1604 - Inventário das pesas da capella / e sancristia forão entregues ao P.e Pêro Vaz/

- o pontifical q deu Joam Soares com suas / alvas capa frontal almaticas e cor/dois de retroz

- o pontefical branco comu inteiro / o pano da tumba amarelo dos irmãos / outro pano tambe novo da tumba guar/necido de branquo q serve a todo /

- o pano velho da tumba

- huma capa de chamalote preto

- outra capa de damasco branquo / e a de jam soares

- hum pano do púlpito de sitim amarelo

- hum pano de chamalote preto do púlpito

- hum frontal de damasquilho da índia / de cores e xabastros de tafetá branquo /

- hum frontal de damasco amarelo usado

- huus pedaços de damasco amarelo e azul //

- dous frontais de altar hum de rede / outro de pano vermelo uzado q vem a ser / ãtre todos asi novos como velhos dez

- huma vestimenta de damasquilho amarelo / com seus xavastro azul com sua alva admito / e cordam

- outra de damasquilho vermelho cõ alva / admitto e cordam e o mais

- outra vestimenta de damasquilho vermelho / cõ suas pertenças /

- Huma vestimenta de chamalote preta / com xavastros de veludo da mesma cor preto /

- outra vestimenta de burato (sic), com xavastros / de veludo tudo preto. esta não tê alva.

- outra vestimenta de damasquilho vermelho / e branquo

- Sam as vestimentas sete afora os dos orna/mentos q não servem senão nas festas / sete.

- hum pano de estante grande de damasqui/lho branquo com as bordas de seda verme/lha

- outro da istante do altar de damasquilho / vermelho

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- duas sobrepelizes de linho e huma fina / da índia com sua taleiga que são três.

- humas toalhas finas da índia Guarnesidas de Seda.

- humas toalhas adamasquadas q são duas / da mesma taia mais q as toalhas todas são nove . S. seis adamasquadas e as três lhãns

- seis amitos . s. quatro novos e dous velhos

- três panos dos mõs do altar.

- dous panos de galhetas cõ hum prato / destanho

- huma alquatifa velha serve sobre / o quixão

- quatro quasticais de latam dous grandes

- duas bacias grandes da oferta

- três bacias pequenas das esmolas

                                     prata

- dous cálices cõ suas caixas hu delles / dourado
                                        #

- hum turibullo de prata novo

                                     livros

- hum missal grande novo e outro velho / três livros de canto

- dous manuais e duas bursas de cor/porais

- dous veos brancos e dos pretos q 4

- sete mezas de corporais. e quatro pu/rificadores

- três campas de tanger duas bandeiras pe/quenas

- huma escova de alimpar os altares

- huma arqua pequena onde se recolhe a cera

- quatro alenternas

- humas coredicas azuis cores mais / destopa e outras de rede /

- huma caixa de corporais onde estão / os sobreditos asima /

- três pedras dara e huma caixa das os/tias

- huma estante dourada

- huma caldeirinha dagoa benta

#

Todas estas pesas asima declaradas se / acharam nesta sancristia desta sancta / Casa da m.ia este anno de 604 e se / emtregarão ao p.e pêro Vaz mordomo da Capella o presente anno e se obri/gou a dar conta dellas em todo o tempo / que servisse a dita capella e asinou / e eu Paulo dazevedo q este fiz oie .5. / de julho de 604.

a)      pêro vaaz

a)  G.ªr Roiz

a)      Gabriel de fg.do     a) Antonjo manoel


1617 - Peças da Capela (Cousas que há daver na confraria)

Um pendão que tenha de ambas as partes a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia, que estará numa grande haste de madeira com uma cruz de madeira em cima, que deverá acompanhar todos os autos de misericórdia quando for ordenado; uma campainha manual que servirá para chamar gente e sem a qual a confraria nunca sairá; saios negros para os irmãos que forem nos autos de misericórdia e haverá duas andas, uma para levar os corpos dos justiçados e a outra para transportar os corpos dos pobres e dos que se enterrarem com a confraria; e uma grande arca para se arrecadarem as receitas da confraria e outra arca, que estará na capela, para se depositar roupa para pobres, fruto da oferta do povo e uma pequena arca que estará na mesa onde reúnem os confrades, para nela serem lançadas as suas esmolas, estando vedado aos oficiais da mesa receber, em mão, quaisquer donativos.

Peças da Capela

Entre elas: uma bandeirinha para enterros da irmandade; duas corrediças do retábulo da sacristia, da Índia (sic), um pano de corrediças que deve de servir em o retábulo que está no Coro; uma estante de Pau da China dourada; uma custódia de prata dourada com seu cálix, dois cálices de prata, um turíbulo de prata, umas galhetas de prata, um pires de prata, um vaso dos santos óleos; várias alfaias da Igreja de damasco da Índia; peças de estanho de Flandres.

1617

Livros – um livro para as faltas dos irmãos que faltam aos enterros

Pão - Vários de várias aldeias

Doações

4 lençóis deu Joana de Mendanha

5 lençóis que vieram de Dornelas

Nota dos editores - Os documentos foram transcritos por Luiz Fernando Carvalho Dias do Arquivo da Misericórdia.

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