Estamos
na época da Páscoa e como encontrámos uns apontamentos de Luiz Fernando Carvalho Dias sobre o culto
mariano, onde se faz referência a duas Nossa Senhora das Dores na região da
Covilhã, decidimos fazer uma publicação com este tema.
Se quisermos estudar Maria, devemos fazê-lo através dos Evangelhos. É muito curioso percebermos o seu papel como Mãe de Jesus, quer enquanto criança, quer na vida pública e sobretudo no Calvário.
O culto mariano é muito antigo, embora seja
posterior ao de Cristo e ao dos santos, por haver o perigo de se confundir com o
das deusas romanas.
Em Portugal (Terra de Santa Maria) o culto
a Nossa Senhora perde-se nos tempos, vindo da época da Reconquista. O papel da
ordem de Cister (Alcobaça) no espalhar deste culto foi considerável. As armas
heráldicas de castelos e cidades ostentam Nossa Senhora e por isso no século
XVIII Portugal foi denominado Santuário Mariano; supomos que daí venha o título
destes apontamentos. No século XIX havia uma percentagem imensa de freguesias
que tinham Maria como sua padroeira: no distrito da Guarda – 41,2%; no de Castelo
Branco – 36%. A
presença de Maria na arte e na literatura portuguesa é extensa. Encontramo-la, designadamente, no
Cancioneiro Geral, em Camões, Almeida Garrett, Vitorino Nemésio, Ruy Belo, Sebastião da Gama.
As romarias e peregrinações, as confrarias
e misericórdias, as congregações, os círios tiveram um papel de relevo na
expansão deste culto. Os reis fomentaram das mais variadas maneiras esta
religiosidade. Lembremos D. João IV que em Vila Viçosa, em 1646, consagrou
Portugal a Nossa Senhora, entregando-lhe a sua coroa. Nunca mais os reis
portugueses usaram coroa. A defesa do privilégio de Imaculada Conceição começa
com D. Duarte e mantém-se ao longo dos séculos. Terminamos lembrando Fátima,
cujo 1º centenário das aparições se comemora em 2017.(1)
Vejamos os apontamentos de Luiz Fernando
Carvalho Dias:
Santuário Mariano
Supomos que o investigador terá
pesquisado esta obra de três volumes: Padre
António de Vasconcellos autor de “Descriptione Regni Lusitaniae”
Nossa Senhora das Cabeças em Orjais – Senhora de meio
corpo, pag 99, vol III
Nossa Senhora dos Carneiros de Aldeia do Souto, de madeira
e 3 palmos, pag 127, Vol III (mulheres de partos perigosos e das que não têm
leite).
Nossa Senhora da Conceição do Convento de S. Francisco da
Covilhã, pag 114, vol III.
Nossa Senhora da Estrela de Marvão (S. Francisco) pag.
371, vol III
Nossa Senhora da Estrela de Monte Minhoto (Cernache) pag
425, vol III
Nossa Senhora do Fastio, termo da Covilhã, Fatela, pag 117,
Vol III
O Convento de S. Francisco da Covilhã se há obrigado
somente à defesa da Conceição de Maria.
A Imagem de Roca e de vestidos com as mãos levantadas, é de
seis palmos, de grande fermosura, é a imagem e a capela do Padroado do Visconde
de Barbacena, instituída por Diogo de Castro do Rio. Cantam os frades todos os
sábados missa e na tarde ladainha com grande solenidade. Diz que deve ter sido
obrada em Lisboa com outra de igreja de que o mesmo era padroeiro.
Procissão de Nossa Senhora das Dores do Paul, nos dias de hoje |
Nossa Senhora do Castelo ou Roque Amador
Nossa Senhora da Conceição
Nossa Senhora da Saúde (S. Silvestre)
Nossa Senhora da Boa Morte
Nossa Senhora do Rosário
Nossa Senhora do Parto
Nossa Senhora de La Salette
Nossa Senhora das Dores da Covilhã e do Paul
Coração de Maria do Ferro
Nossa Senhora do Carmo do Teixoso
Nossa Senhora da Estrela da Boidobra
Nossa Senhora da Esperança de Belmonte
Nossa Senhora do Seixo do Fundão
Nossa Senhora da Póvoa de Vale de Lobo
Nossa Senhora do Desterro de S. Romão
Nossa Senhora do Refúgio
Nossa Senhora da Oliveira do Tortozendo
Bibliografia
– 1)Enciclopédia Verbo Luso-brasileira de Cultura, edição século XXI, volume 18
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