Publicamos hoje mais algumas fotografias da
Covilhã, tiradas por Miguel Nuno Peixoto de Carvalho Dias, a propósito de alguns documentos encontrados no espólio de Luiz Fernando Carvalho Dias.
1 – A Ponte Pedrinha
[...]
E quanto aos clérigos dessa vila e termo que não querem pagar para a
finta que se lança para refazimento da Ponte Pedrinha que me pedis que
mande prover e mande ao juiz de fora dessa vila que faça redução nas fazendas
dos ditos clérigos pela quantia que a cada um couber na dita finta vos mandai
requerer ao bispo que mande aos clérigos que paguem conforme a direito e
não cumprindo eles, escrevei-mo e proverei nisso como for justiça.
E assim dizeis que o foral dessa
vila declara que cada morador dela pague dezassete ceitis de finta para a água
que se trouxe a ela e que não sejam disso escusos os ditos clérigos e que
sempre os pagaram por ser direito Real e que ora se querem disso escusar e não
pagam e me pedis que mande ao dito Juiz que os execute e havendo respeito ao
que dizeis tendo assim que é direito Real mando ao dito Juiz que os constranja a
pagar conforme a ordenação. Cristóvão Lopez o fez em Lisboa aos 20 de Abril
de 1560 Diogo de Proença a fez escrever
Rainha (1)
Resposta
aos oficiais da Câmara da vila de Covilhã sobre os apontamentos que o enviaram
a Vossa. Alteza.
Juiz vereadores e procurador da
vila de Covilhã eu El Rei vos envio muito saudar vi a carta que me escrevestes
e apontamentos que me enviastes e no primeiro dizeis que é impossível poder-se
nessa vila cortar carne pelos preços declarados na lei das taxas, porquanto nos
lugares e comarcas donde se prove ( abastece ) essa vila de carne é taxada a
maior preço e me pedis que vos faça mercê de acrescentar o preço da carne para
a poder haver nessa vila no que hei por escusado prover como vos tenho
respondido em outra carta.
No
segundo apontamento dizeis que os clérigos dessa vila e termo não querem pagar
o que lhe foi taxado por finta para a obra da ponte Pedrinha e que requeresses
o Bispo da Guarda que mandasse neles fazer execução e lhe enviastes minha carta
que sobre isso escrevi que viu e não mandou fazer a dita execução e respondes
por palavra que responderia indo à Guarda o que não esperais que vá tão cedo, o
que pode causar ficar a dita obra por acabar antes do Inverno e me pedis que
proveja no dito caso; Vós requereis ao dito bispo que mande aos ditos clérigos
que paguem sem delonga, por que não é necessário ir à Guarda para o haver de
mandar e não o fazendo assim, mandareis fazer execução nas fazendas dos ditos
clérigos pela quantia que a cada um couber pagar para a dita obra. [...] Lisboa
aos vinte e cinco de Setembro de 1560, Diogo de Proença o fez escrever.
******
Rainha (a)
******
Tombo dos bens foros
e propiedades que pertencem ao conçelho da Villa de Couilhã que se fez por
mandado do Muy alto e poderoso Rey Dom Phellippe o 2.° de Portugal Nosso Senhor
na era de 1615
[…]
Luguar do teixoso
Este luguar do teixoso tem huma freiguezia que he da
Invocaçam de nosa Senhora das collas que tera quatro çentos freiguezes pouco
mais ou menos E em cada hum año serve nelle douz Juizes de Vara E hum
procurador. E estes emlejem cada año seis homens onrados que chamão do
Regimento com os quais fazem as posturas E acordos neçesarios E tem seu
escrivam das achadas que com elles serve.
tem huma caza de audiençia em que fazem seus
acordos.
seu curral em que metem o guado que achão nos danos.
tem huma renda que chamam do verde do rendimento da
qual tem o conçelho deste luguar a coarta parte E a camara da villa tem as tres
partes.
Titolo das propriedades que tem o Conçelho
deste luguar
tem o concelho deste luguar hum pelame a ponte
pedrinha que pessue Jorge ramos a quem se aforou Imfatiosin
em preço de çincoenta reis em cada hum anño.
hum pote Junto a este pellame que se aforou ao mesmo
Jorge ramos Imfatiossim em vinte reis cada hum ano.
afonso Roiz outro pelame que esta aj mesmo que se
lhe aforou em preço de çincoenta reis E asim hum pote que tambem lhe fica
aforado em vinte reis cada ano.
tem o dito conçelho três pellames e hum pote aj
mesmo que pessue migel antunez aquem ficam aforados Imfatiosim a çincoenta reis
cada pelame e vinte reis o pote.
Outro pelame que se aforou a
pero gil em çincoenta rs.
hum pote que fica aforado a
guaspar luis em vinte reis.
outro pote que fica aforado a
Antonio luiz em vinte reis.
hum pote E hum pelame que fica aforado a Sebastiam
lopez em cincoenta reis o pelame e vinte reis o pote.
Outro pote que fica aforado a simão fêz em vinte reis. […] (b)******
Ponte Pedrinha |
“Notícia histórica sobre a ponte Pedrinha
A mala posta não pôde passar a Ponte Pedrinha na tarde de
Segunda Feira por virtude da grande cheia que o Zêzere atingiu por causa das
chuvas torrenciais destes últimos dias.
Por este motivo só ao meio dia de terça feira pôde ser
distribuído o correio do sul por onde recebemos, como é sabido, a
correspondência de Lisboa, pois que só nesse dia de manhã pôde restabelecer-se
a passagem na ponte. Não estranhamos o caso porque é usual em todos os anos,
nem mesmo estranhamos o desprezo que o ministério das obras públicas lhe
vota.
Agora segue-se, como das demais vezes, vir um engenheiro
com o respectivo pessoal estudar o projecto da ponte, passar a primavera
naquele sítio que é bastante aprazível e ... quartel general em Abrantes, fica
tudo como dantes.
O dinheiro que se tem gasto neste já estafado processo
chegava, cremos nós, para se fazer a obra.
A Ponte Pedrinha construída no meado do século XIV à custa
dum fintão especial, derramado pelos povos e eclesiásticos, acha-se em um tal
estado de ruína, que já por vezes tem deixado escoar pelas fendas dos arcos a
brita com que se tem macamisado o seu leito !!
Há dois anos deu-se princípio a nova ponte, cravando alguma
estacaria no alveo do Zêzere, expropriando-se o terreno para as avenidas e
encontros, acumulando-se material destinado à obra e construindo-se um barracão
para abrigar pessoal e guardar os materiais; tudo ... para suspender a obra e
perder-se parte do trabalho nele empregado.
Lembra-nos aquele malicioso que para lhe não fazer dano a
salada de pepinos, os lavava primeiro, descascava-os em seguida, picava-os
muito bem, deitava-os de molho, lançava-lhes vinagre, sal, azeite e pimenta,
sobretudo pimenta, abria a janela e deitava tudo para a rua deixando o braço de
fora durante quinze minutos para serenar”. (s.d., nem fonte)
2 – O Rio Zêzere e a sua importância ao longo dos séculos
2 – O Rio Zêzere e a sua importância ao longo dos séculos
O Rio Zêzere junto da ponte Pedrinha, perto da Boidobra |
Um exemplo:
Coutada do moesteiro de maceyra da estrella
1364
Dom pedro e etc. A quãtos esta carta virem faço saber que eu querendo
fazer graça e mercee ao abade
e convento do moesteiro de maceeira da estrella couto lhe a Ribeira do zezar e
do sangujnhal quanto tange aa herdade que hi tem o dicto moesteiro na qual
mando que nom seia nehum tam ousado por poderoso que seia que pesque nem mande
pescar na dicta Ribeira com nehua cousa que
seia contra sua uontade E mando a todallas minhas Justiças que esta carta
virem que nom consentam a
nenhuus que em ella pesquê cõ nehu cousa como dito he. E aquelles de que forem
certos que fazem o contrayro desto que lho stranhem como no fecto couber. E de
mais lhe façam correger dapno alguu ou perda se lha fizerem como acharem que he
direito umde al nom façades. E em testemunho desto mandey dar aos dictos abade
e conuento do dicto moesteyro esta mjnha carta
dante em abrantes xxbij dias de janeiro elrrey o mandou per afonso dominguiz seu uasallo Vasco
annes a fez era de mjl iiijc e
dous años. (2)
4 - O Núcleo 3 do Museu dos Lanifícios – As Râmolas de Sol.
Placa batida pelo Sol, que nos informa da inauguração deste núcleo. |
As râmolas |
Um gancho das râmolas |
As râmolas eram utilizadas para secar e esticar os
tecidos. Muito interessantes estes museus ao ar livre, mas sentimos falta de
informação sobre o assunto e verificámos que o espaço estava mal conservado. Ao vermos este núcleo, o editor recordou umas râmolas bem mais vistosas, que existiram no Pisão Novo, pelo menos até ao fim da década de sessenta, junto ao espaço ocupado pela nova construção da empresa Beira Lã, perto do Polo das Engenharias da Universidade da Beira Interior.
5 - Telhados Covilhanenses vistos do nosso terraço no Pisão Novo. As torres são da Igreja de Nossa Senhora de Fátima.
Fonte – a) Arquivo Municipal da Covilhã
b) Dias, Luiz Fernando Carvalho, “Cartas de Gonçalo da Cunha Villas Boas para o Conde da Ericeira", pág. 180, Separata de Revista dos Lanifícios.
b) Dias, Luiz Fernando Carvalho, “Cartas de Gonçalo da Cunha Villas Boas para o Conde da Ericeira", pág. 180, Separata de Revista dos Lanifícios.
Nota dos editores –
1) Dona Catarina é mulher do defunto D. João III, mãe do menor D. Sebastião e por isso regente
do Reino.
2) Este documento
encontra-se na publicação do nosso blogue relativa ao dia 3 de Fevereiro de 2012.
As Publicações do Blogue:
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2012/09/covilha-as-publicacoes.html
As Fotografias Actuais no nosso Blogue:
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