quinta-feira, 1 de março de 2018

Covilhã - Notícias Soltas XVI



Carta régia

Uma fotografia no espólio de Luiz Fernando Carvalho Dias - A terça do Rei, o uso da terça, o uso específico da terça, o pedido de autorização régia para reconstrução da torre de menagem e a resposta - como me bem pareçer - do regente, o Cardeal D. Henrique.

Cardeal D. Henrique

Vereadores e Procurador da Villa de Couilham / eu elRey (D. Sebastião, sendo regente o Cardeal D. Henrique) vos Ivío muito Saudar./ Vy a carta que me escrevestes Sobre os Corẽta mil rrš que estaõ Juntos Do Rendimẽto da minha terça que tinha mandado que Se despendessem nas quebradas Dos muros dessa vila / e dizeis ora que aja porbem que se despendaõ antes na torre da menage por ter muita neçeSidade de lhe acudirem por estar mujto danificada e polas mais causas q em vossa carta apontais / Eu mando sobre isso fazer certa dligençia polo pºuedor dessa comarca ao qual escrevo a carta que vos com esta Seraa dada Vos lhe Requerereis por virtude Dela que faça a dita deligencia e tanto que a fizer se ma enuiar Prouerey no que pediz como me bem pareçer Dioguo fernandez a fez em Lix.ª a xbiij dezembro de 1565 Baltezar da costa a fez R Roiz
O Com. ...

Resposta ha villa de couilham Sobre o corregim.to da torre da menage da Dita vila / pera V. A. ver. (1)

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Em 1604, aquando da tomada de posse de Rui Teles da Silva como alcaide-mor da Covilhã, percebemos o mau estado em que ainda se encontrava o castelo:

Saibão quoamtos este Publico jnstromento de çertidão Dado em publlica fforma por mandado e autorydade de justiça vjrem que no anno Do nascimento De nosso senhor Jhesu christo de mill e seis cemtos e quoatro annos aos quimze dias do mes de agosto Do ditto anno em esta villa de covilhãa no castello della estamdo haj ho Licenciado Pero homen de castro juiz de ffora com allcada por sua catollica e Reall magestade na dita villa e seus termos perante elle juiz pareceo Antonjo Daqujar portejro Da camera do ditto senhor e aprezentou ha elle juiz hûa provizão do dito senhor de que ho tresllado he o segujmte
Eu ell Rej (Filipe II) faço saber aos que este allvara virem que eu hej por bem e me praz que antonjo Dagujar meu portejro Da camera vaa emtreguar e dar posse a Ruj telles da sillva fidallguo de minha caza filho de ajres telles da sillva que deus perdoe Da ffortalleza e castello da villa de covilhãa a qual posse lhe daraa comfforme ha carta que ho Dito Ruj telles tem porque lhe fiis merçe dallcaydarja mor do ditto castello e mãdo as justiças a que ho conheçimento disto pertemcer que cumprão e guardem este allvara como se nele cõtem manoel da sillva ho fez em lixboa a vjnte de dezembro de mill e seis cemtos e tres. eu manoel guodinho de castello branco ho ffiz escrever = Rey =
A vossa magestade por bem que amtonjo dagujar seu portejro da camera vaa emtreguar e dar posse a Ruj telles da sillva Da allcajdarja moor e for Digo do castello e fortalleza da villa de covjlhãa de que lhe tem ffeitto merçe por ter dado da dita allcajdarja moor homenagem para vossa magestade = martim gonçalvez da camera = passe Dom jeronimo manoel portejro moor = pero barbossa = pagou quarenta rrs. guaspar maldonado E por vertude da qual provjsão que de hum mãdado Do coRegedor Da comarqua em que vinha comissão para ho ditto Licenciado juiz de ffora asistir a dita posse e a deixar dar comfforme a provjzão que no dito mãdado vinha tresladado digo que no ffim vaj treslladado por vertude da qual ho dito juiz deixou dar a dita posse ao dito antonjo dagujar do castello e fortalleza do castello desta dita villa de covilhãa ao Licenciado salvador diaz avoguado na ditta villa e procurador bastante do dito alcajde moor de hua lletra e asellada com ho sello De suas armas ho qual elle ditto Licenciado lhe aprezemtou [...] e no ditto castello não avja armas nem monjção algua e a porta primcipall sem ferrolhos nem chaves soo as portas da treição com portas velhas sem postiguo e por baixo das ditas portas esta hû llanço grande do muro cajdo e a torre da omenagem Desbaratada sem sobrados nem portas e o telhado quebrado e rrotos de os apozentos a major parte do telhado cajdo e quebrado e asj a chaminee e sem sobrados algûs e sem portas de modo que estão de manejra que nellas se não pode viver e da ditta manejra emtreguou ho ditto antonio dagujar a posse do dito castello e fortaleza ao ditto Licenciado e procurador he elle aceittou em nome do dito allcayde moor he o dito juiz de ffora a deixou dar por vertude do dito mandado he comissão do dito corregedor e provizão de sua magestade de que fforão testemunhas sebastião Da cunha cunhado do Licenciado pedro homem de castro juiz de ffora nesta dita villa pello ditto señor com allçada e guomçallo de villa Real mejrinho em a dita villa e francisco antonjo criado do dito alcayde moor e joseph de castro do dito Licenciado juiz de ffora que todos asynarão com ho dito Licenciado juiz de fora Manoel frejre tabalião que ho escrevj. [...] (2)

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O Padre Manuel Cabral de Pina, em 1734 refere: "Esta vila é murada. Os muros são de cantaria tosca, fechada e lavrada, e terão de altura trinta palmos. No tempo presente teem os muros bastante ruína e muitas quebradas, das quaes umas chegam ao meio da parede e outras até ao chão. Eram estes muros bem célebres pela máquina grande de pedraria que parece imensa e pela grandeza das pedras da parede pois, em parte, teem torças do comprimento de quinze palmos e outras de dezoito. Alem dos três postigos, um para o nascente, chamado postigo de D. Joana, outro para o Sul e outro para o Poente, chamado postigo do Rosário, por estar ao pé da igreja da Senhora do Rosário, tem quatro portas principaes. A primeira chamada do Vale de Caravelho (sic) para o Norte, com duas torres saídas para fora do muro e pouco mais altas que ele, quadradas e bem feitas, uma das quais está inteira e a outra está demolida até ao meio. A segunda é a porta chamada do Sol, para o Nascente, com duas torres semelhantes às acima relatadas, uma das quaes está inteira e a outra está demolida até ao chão. A terceira é a porta chamada de S. Vicente, para o Poente, com duas torres como as outras acima, as quaes ambas estão inteiras, e uma tem alguma abertura e barriga, ainda que não muito grande, porem a outra tem uma grande abertura e ameaça ruína. A quarta é a porta chamada do Castelo, por estar no cimo do mesmo Castelo, sita entre o Poente e o Norte, e tem duas torres, uma das quaes é como as acima, a outra tem cinco quinas e terá de altura quasi cem palmos e é a torra própria do Castelo da dita vila que ali está como logo diremos. Esta torre da parte de dentro do Castelo tem uma porta pequena por onde se entrava para ela, sita acima do alicerce mais de quinze palmos e para esta porta havia um balcão com escadas que de todo se demoliu. A torre, por dentro, já não tem madeiramento algum. Tem três aberturas pequenas, uma das quaes ameaça alguma ruína. Neste sítio está o Castelo da Vila, murado por todas as partes e para a banda da Serra lhe serve o muro de parede, na qual está a dita torre grande. Tem o mesmo Castelo, para a banda do Nascente, dois fortes, por modo de torres, saídas fora da parede, um dos quais, em uma esquina, está demolido até ao meio. Dentro deste Castelo estão umas casas que são do Visconde de Barbacena, alcaide mór desta vila.
A antiguidade dos muros e torres chega aos tempos de El Rei D. Deniz por que há tradição que ele os fundou, cuja tradição se confirma por quanto, como acima dissemos ao numero 13, no tempo de EI Rei D. Fernando, bisneto do mesmo D. Deniz, se achava ainda por povoar o território, sito dentro dos mesmos muros: donde se manifesta que a obra dos taes muros não excedia muito aos tempos do dito Rei D.Fernando e daqui se convencem de menos verdadeiras duas cousas. A primeira é dizerem alguns que estes muros foram fundados por El Rei D. Sancho lº por quanto tal Rei, como acima fica dito ao número 2º e consta das Crónicas, fundou esta vila junto aos pomares, ao pé da ribeira, na ladeira chamada de Martim Collo. E os muros que existem e sítio onde estão feitos distam mais de mil passos ou quasi dous mil do sítio da primeira fundação da vila, feita pelo dito Rei. E sendo os muros uma coroa ou cerca que se pôe ao redor das terras para segurança delas, mal podia o dito Rei D. Sancho lº fundar os muros, que existem, em tanta distância da vila; logo o dito Rei não fundou os muros que existem. A segunda cousa é dizerem outros que os taes muros foram fundados por El Rei D. Manuel por quanto consta das provisões da Câmara, como fica dito acima, ao número 13, que já existiam os muros no tempo de El Rei D. Fernando. Nem, contra isto, obsta o achar-se assim, sobre a porta do Castelo, como na parede dos muros, por baixo do mesmo Castelo, para a banda do Poente, um letreiro com era de 1580, para o que se deve advertir que já antes de El Rei D. Manuel, no tempo de El Rei D. Afonso 5º se acharam os muros com alguma ruína e com quebradas e mandou o mesmo Rei D.  Afonso 5º que fossem reformados, como tudo consta das provisões da Câmara e fica dito acima ao número 13.
E, porque semelhantes obras costumam muitas vezes demorar-se, é muito provável que como o Infante D. Luis, filho do dito Rei D. Manuel, foi feito senhor desta vila e nela assistiu, como fica dito acima ao número l, fizesse executar esta sobredita reforma dos muros, quando veio a esta mesma vila..." (3)

Em "Memórias das Fábricas da Covilhã", descrevem-se as muralhas da Covilhã: "Tem muros, que se diz serem da fundação do Senhor Rei D. Dinis ainda que outros lhe dão maior antiguidade: por uma inscrição de uma conta de 1004, que se acha gravada em uma pedra nos mesmos que tem, de âmbito e circunferência 4,670 palmos de 9 polegadas e um quarto; e de largura dez; e tudo de pedra de cantaria lavrada: neles se acham cinco portas grandes, com seus torreões; duas para o nascente, chamadas da Vila e do Sol; a terceira para o Sul, denominada de S. Vicente; a quarta para o Norte, com o nome de Altravelho; a quinta para o Poente, chamada do Castelo, junto à qual, em sítio mais superior, está uma eminente torre, chamada a de homenagem, com cinco quinas; tem de circunferência 190 palmos, e dentro um reduto para o qual também se entra pela parte do Nascente por uma grande porta que tem dois torreões, cada um de seu lado, e dentro edificada uma casa que pertence ao Alcaide-Mor, o Vis­conde de Barbacena. Nos mesmos muros existem ainda quatro postigos: o da Pouza, o do Rosário, o da Barbacã e o do Terreiro de D. Teresa o qual se acha fechado haverá mais de 30 anos e a sua serventia. E sendo a obra destes muros tão grande, se bem que hoje demolidos na maior parte, há dois anos pouco mais ou menos caiu um dos torreões da Porta do Reduto, e no mês de Março deste presente ano de 1758, cairam duas quinas da Torre, quase até ao meio; e as que ficaram em pé, ameaçam total ruína." (4)

As muralhas, as portas (4 - Castelo) os postigos (adaptado)

Nota dos editores - 1) A leitura do documento foi feita pelos editores.
Fontes:  2)http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2013/12/covilha-alcaidaria-x.html
3)"Monografia do Padre Manuel Cabral de Pina"(http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/03/covilha-memoralistas-ou-monografistas.html)
4)"Memórias das Fábricas da Covilhã" (http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2015/01/covilha-memoralistas-ou-monografistas.html)

As Publicações do Blogue:

Estatística baseada na lista dos sentenciados na Inquisição publicada neste blogue:

Notícias Soltas:
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2018/02/covilha-noticias-soltas-xv.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2017/09/covilha-noticias-soltas-xiv.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2017/04/covilha-noticias-soltas-xiii.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2017/04/covilha-noticias-soltas-xii.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2017/02/covilha-noticias-soltas-xi.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/12/covilha-noticias-soltas-x.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/11/covilha-noticias-soltas-ix.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/11/covilha-noticias-soltas-viii.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/10/covilha-noticias-soltas-vii.htm
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/09/covilha-noticias-soltas-vi.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/07/noticias-soltas-v_68.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/06/covilha-noticias-soltas-iv.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/04/covilha-noticias-soltas-iii.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/03/covilha-noticias-soltas-ii.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2015/12/covilha-noticias-soltas.html     

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