sábado, 17 de outubro de 2015

Covilhã - Dom José do Patrocínio Dias

No cinquentenário da morte de D. José


    
     D. José do Patrocínio Dias era tio do investigador Luiz Fernando Carvalho Dias que, como sobrinho mais velho, com ele manteve sempre uma profunda relação de amizade e proximidade. Com o seu tio passava todos os anos o Natal em Beja e, na Covilhã, o período de férias de verão, na Quinta do Ribeiro Negro. Acompanhou-o constantemente nos últimos e dolorosos dias de vida em Fátima, depois da sua saída de Beja.



A casa onde D. José nasceu

    Encontrámos no espólio de Carvalho Dias, na pasta para um projecto de "Dicionário sobre Covilhanenses”, umas informações preciosas sobre D. José: “Nasceu no dia 23 de Julho de 1884 na cidade da Covilhã, na freguesia de S. Pedro, numa casa à estrada, nas imediações de S. João de Malta, onde viviam seus pais – o professor Claudino Dias Agostinho Rosa, natural da freguesia de S. Matias do Cacheiro, Nisa e sua esposa D. Claudina dos Prazeres Presunto, da Covilhã. Feito o exame de admissão ao liceu, preparado por seu pai, entrou no Colégio de S. Fiel, onde fez o curso secundário, coajudado pela generosidade dos padres da Companhia, atentos às fracas posses de seus pais. Em Outubro de 1902 matriculou-se na Universidade de Coimbra, na Faculdade de Teologia, onde para subsistir deu aulas no Colégio do prof. Dr. Sousa Gomes, até que em 1907 se bacharelou em Teologia.

A família de D. José
A família de D. José,
 no ano em que foi ordenado sacerdote
    Há muito que pensava ordenar-se por vocação e para satisfazer os votos de sua mãe. Celebrou a 1ª Missa em 1907, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, Covilhã. Foi pároco da Igreja de S. Vicente e cónego capitular da Guarda, onde viveu até 1921.
  
Primeira Guerra Mundial:Chefe dos capelães militares

    Durante a Guerra de 1914-18 ofereceu-se para prestar assistência religiosa aos combatentes e na Flandres foi designado chefe dos capelães militares do CEP. Mais tarde, ao ser nomeado Bispo de Beja, quis o governo da República manifestar-lhe reconhecimento público pela sua acção na Guerra, tendo-lhe perguntado o Dr. Bernardino Machado o que mais estimaria lhe oferecessem; pediu ele a reabertura imediata da Sé da Guarda, fechada há longos anos, para nela ser sagrado, em 3 de Junho de 1921. Tal desejo foi prontamente satisfeito.

Jornal "A Guarda" noticiando a sagração de D. José

Dom José

D. José, em Beja, no seu gabinete de trabalho

    Em 1922, já sagrado Bispo de Beja, entra nesta diocese, há anos praticamente abandonada e onde desempenhou um extraordinário papel religioso, social e cultural a ponto de ser conhecido como “Bispo Restaurador”. Fundou a ordem religiosa Congregação das Oblatas do Divino Coração, que com ele colaborou e que ainda hoje realiza importante trabalho na Diocese.
    Fundou e colaborou em vários jornais, entre os quais destaco A voz da Fé, A Guarda, Novidades, Eco Pacence, Notícias da Covilhã, Notícias de Beja, etc. Publicou várias pastorais, foi conferencista e orador sagrado. No Arquivo da Diocese de Évora existe toda a sua correspondência para D. Manuel Mendes da Conceição Santos.
    Ao longo da sua vida e como recompensa pelos serviços prestados recebeu várias condecorações, destacando: A Cruz de Guerra, a Torre e Espada e a francesa Legião de Honra.
     Em 1957 as Bodas de Ouro sacerdotais foram uma festa dividida por Roma, Fátima, Covilhã e Beja.

Cerimónias das Bodas de Ouro sacerdotais na Covilhã,
 aparecendo em 1º plano Álvaro da Cruz Dias, irmão de D. José e
 Luiz Fernando Carvalho Dias, sobrinho mais velho de D. José
    Vem a falecer, em Fátima, em 24 de Outubro de 1965 rodeado do seu irmão, de todos os seus sobrinhos e de alguns amigos.”

D. José com a família, em 1945

Jaz na Sé de Beja. Nesta diocese exerceu durante aproximadamente quarenta e quatro anos o seu múnus episcopal.

Túmulo de D. José na Sé de Beja

Homenagem prestada pela Câmara Municipal
 nos 50 anos da sua morte.

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