Resolvemos
abrir o tema Bispos covilhanenses por duas razões: a primeira, porque
encontrámos no espólio de Luiz Fernando Carvalho Dias uma pasta com informação preciosa sobre
covilhanenses, alguns bispos, que sabemos teria como finalidade a organização
de um "Dicionário de Autores Covilhanenses"; a segunda, porque na próxima terça-feira, dia 17, o Padre
Luís Miguel da Costa Taborda, da Diocese de Beja, apresenta, na Covilhã, a sua obra “D.
José do Patrocínio Dias. O Homem, o Militar e o Bispo Restaurador da Diocese de
Beja”.
Capa da obra de Luís Miguel Taborda Fernandes |
Enumeremos os bispos covilhanenses de que
temos conhecimento:
- D. José do Patrocínio Dias, Bispo de Beja.
- D. Cristóvão de Castro, Bispo da Guarda.
- D. Diogo Seco, Bispo de Niceia.
- D. Frei Domingos Barata, Bispo coadjutor de
Évora, Bispo de Portalegre.
- D. José Valério da Cruz, Bispo de
Portalegre.
- D. António Bonifácio Coelho, Bispo titular
da Lacedemónia, Bispo eleito de Leiria.
- D. Frei Ângelo Ambrósio Camolino ou Ângelo
de Nossa Senhora da Boa Morte, Bispo de Elvas.
- D. Manuel Damasceno da Costa Rato, Bispo de
Angra do Heroísmo.
- D. José da Cruz Moreira Pinto, Bispo de
Viseu.
- D. José dos Santos Garcia, Bispo de Porto Amélia, hoje Pemba, Moçambique.
- D. José dos Santos Garcia, Bispo de Porto Amélia, hoje Pemba, Moçambique.
D.
José do Patrocínio Dias
(1884-1965)
D. José do Patrocínio Dias era
tio do investigador Luiz Fernando Carvalho Dias que, como sobrinho mais
velho, com ele manteve sempre uma profunda relação de amizade e proximidade.
Com o seu tio passava todos os anos o Natal em Beja e, na Covilhã, o período de
férias de verão, na Quinta do Ribeiro Negro. Acompanhou-o constantemente nos
últimos e dolorosos dias de vida em Fátima, depois da sua saída de Beja.
Sobre
ele deixou escrito: “Nasceu no dia 23 de Julho de 1884 na cidade da Covilhã, na
freguesia de S. Pedro, numa casa à estrada, nas imediações de S. João de Malta,
onde viviam seus pais – o professor Claudino Dias Agostinho Rosa, natural da
freguesia de S. Matias do Cacheiro, Nisa e sua esposa D. Claudina dos Prazeres
Presunto, da Covilhã. Feito o exame de admissão ao liceu, preparado por seu
pai, entrou no Colégio de S. Fiel, onde fez o curso secundário, coajudado pela
generosidade dos padres da Companhia, atentos às fracas posses de seus pais. Em
Outubro de 1902 matriculou-se na Universidade de Coimbra, na Faculdade de
Teologia, onde para subsistir deu aulas no Colégio do prof. Dr. Sousa Gomes,
até que em 1907 se bacharelou em Teologia.
Há muito que pensava ordenar-se por vocação e para
satisfazer os votos de sua mãe. Celebrou a 1ª Missa em 1907, na Igreja do
Sagrado Coração de Jesus, Covilhã. Foi pároco da Igreja de S. Vicente e cónego
capitular da Guarda, onde viveu até 1921.
Durante a Guerra de 1914-18 ofereceu-se para prestar
assistência religiosa aos combatentes e na Flandres foi designado chefe dos
capelães militares do CEP. Mais tarde, ao ser nomeado Bispo de Beja, quis o
governo da República manifestar-lhe reconhecimento público pela sua acção na
Guerra, tendo-lhe perguntado o Dr. Bernardino Machado o que mais estimaria lhe
oferecessem; pediu ele a reabertura imediata da Sé da Guarda, fechada há longos
anos, para nela ser sagrado, em 3 de Junho de 1921. Tal desejo foi prontamente
satisfeito.
Em 1922, já sagrado Bispo de Beja, entra nesta diocese, há anos praticamente abandonada e
onde desempenhou um extraordinário papel religioso, social e cultural a ponto
de ser conhecido como “Bispo Restaurador”. Fundou a ordem religiosa Congregação
das Oblatas do Divino Coração, que com ele colaborou e que ainda hoje realiza
importante trabalho na Diocese.
Fundou e colaborou em vários jornais, entre os quais destaco A voz da Fé, A Guarda, Novidades,
Eco Pacence, Notícias da Covilhã, Notícias de Beja, etc. Publicou várias pastorais, foi
conferencista e orador sagrado. No Arquivo da Diocese de Évora existe toda a
sua correspondência para D. Manuel Mendes da Conceição Santos.
Ao longo da sua vida e como recompensa pelos serviços prestados recebeu várias
condecorações, destacando: A Cruz
de Guerra, a Torre e
Espada e a francesa Legião de Honra.
Em 1957 as Bodas de Ouro
sacerdotais foram uma festa dividida por Roma, Fátima, Covilhã e Beja.
Vem a falecer, em Fátima, em 24 de Outubro de 1965 rodeado
do seu irmão, de todos os seus sobrinhos e de alguns amigos.”
Jaz na Sé de Beja. Nesta diocese exerceu durante
aproximadamente quarenta e quatro anos o seu múnus episcopal. (1)
D. José e a família |
D. Cristóvão de Castro (?-1552)
D. Cristóvão de Castro, era filho natural do
alcaide-mor D. Rodrigo de Castro. D. Cristóvão nasceu nesta cidade
em data incerta, terá sido embaixador ao Papa Alexandre VI, Deão da Capela
Real, provido em Igrejas do Padroado Real, Capelão-mor da Infanta Dona Maria
Manuela e em 1550 confirmado e sagrado Bispo
da Guarda. Faleceu em 1552 e está sepultado na Covilhã, na Igreja de S.
Francisco, na Capela dos Castros. Como Bispo da Guarda visitou quase todo o
Bispado, produziu alguns diplomas e ocupou-se com o início da construção do
extraordinário retábulo maneirista que se deve a João de Ruão e se encontra na
Sé da Guarda.
É como capelão-mor da princesa
Dona Maria Manuela, filha de D. João III e esposa do príncipe Filipe, futuro
rei de Espanha e de Portugal, que o encontramos em Valladolid, donde escreveu
várias cartas ao rei D. João III. (2)
Dona Maria Manuela |
D. Diogo Seco (1575-1623)
"Natural
da Covilhã, filho de Manoel Seco e Maria Jorge. Com 16 anos entrou no noviciado
de Coimbra da Companhia de Jesus em 23 de Março de 1591 “e no mesmo colégio aprendeu Humanidades e poesia latina em que saiu eminente de tal sorte que sendo
mestre da 3ª classe no Colégio de Lisboa representou no ano de 1604, na
presença do Ilustríssimo Bispo de Coimbra D. Afonso de Castelo Branco, quando este chegou a Lisboa eleito Vice Rei de Portugal, uma tragédia cujo assunto era a
vida de S. Antão. Fizeram as figuras os filhos dos principais fidalgos do
Reino. Esta obra deu-lhe universal aplauso.
Depois
de ter ditado em Coimbra, duas vezes, a classe de Humanidades, ensinou Filosofia e
Teologia mostrando em uma e outra faculdade engenho, agrado e talento profundo.
Partiu
para Roma no ano de 1618, para revisor dos livros da Companhia de Jesus. Aí leu teologia, sendo admirado por toda a cúria a sua profundidade Teológica e eloquência Latina.
Como na
sua pessoa concorriam tantos dotes, foi eleito Bispo de Niceia, para sucessor do Patriarca da Etiópia, o P.e Afonso
Mendes. Foi sagrado a 12 de Março de 1623. Pouco tempo correu que não se
fizesse à vela para o destinado termo das suas angélicas fadigas, embarcando-se
a 25 do dito mês em a Nao Stª. Izabel de que era almirante D. Diogo de Castelo
Branco. As infermidades que com pestífera brevidade extinguiam grande parte dos
navegantes chegou a privar da vida o almirante, de cuja morte ficou tão penetrado,
que passados poucos dias o acompanhou em tão funesta calamidade a 4 de Julho de
1623.
Foi insigne poeta latino de cujas
poesias conservava grande parte o P.e Baltazar Teles, uma das quais sobre a
frescura da Serra da Arrábida e mosteiro dos Seráficos Religiosos. ” (3)
D. Frei Domingos Barata
(?-1709)
“Natural da
Erada, Covilhã.
Filho de
Domingos Fernandes Gonçalves, lavrador.
Assentou
praça em Cavalaria e aos 21 anos estudou em Évora gramática, filosofia e
teologia e obteve uma cadeira no Colégio da Purificação.
Entrou na
Ordem da Santíssima Trindade no Convento de Lisboa.
Formou-se em
Coimbra e aí doutorou-se, regendo a cadeira de Teologia.
Foi Bispo Coadjutor de Évora em 1699 e Bispo de Portalegre de 22/2/1707 a 27/4/1709.”
Está
sepultado na capela-mor da Sé de Portalegre, onde podemos ler a inscrição:
“Aqui yaz Dom Frei Domingos Barata bispo qve foi de Portalegre Religioso da
Santissima Trindade qve fora Bispo de anel no arcebispado de Évora com o titvlo
de Missenia. Faleceo em 27 de Abril de 1709” .
Escreveu sermões,
como o “Sermão do Auto de Fé”, pregado na Cidade de Coimbra em 14 de Junho de
1699.Capela-mor da Sé Catedral de Portalegre |
(Continua)
Notas dos editores:
1)http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2015/10/covilha-dom-jose-do-patrocinio-dias.html
3)http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/01/covilha-os-jesuitas-ii.html
Publicações sobre a História do Bispado da Covilhã no nosso blogue:
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/04/covilha-para-historia-do-bispado-da.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/01/covilha-para-historia-do-bispado-da.html
As Publicações do Blogue:
Estatística baseada na lista dos sentenciados na Inquisição publicada neste blogue:
Sem comentários:
Enviar um comentário