Luiz Fernando Carvalho Dias deixou-nos no seu espólio reflexões muito interessantes sobre os limites do concelho da Covilhã, bem como a cópia do tombo mandado fazer pelo Infante D. Luiz.
"O alvará do Infante manda fazer nova demarcação dos termos do concelho por estarem os ditos mal demarcados e por vezes os marcos e malhões danificados. Manda também o Infante que nos anos seguintes se visitem os marcos e malhões a fim de verificar se houve alguma mudança e esta ser devidamente corrigida.
O alvará referido é datado de Évora, de 23 de Dezembro de 1532 e antecede o tombo das demarcações.
Neste tempo o lugar mais fundeiro do concelho da Covilhã era a aldeia de Cambas, e a demarcação dos limites do concelho ia pela cabeça do baraçal, águas vertentes e day direito à selada do val derradeiro e day direito à selada do corenhal águas vertentes - e daí direito à selada do pretelinho e day direito ao penedo alto águas vertentes e day direito a S. Domingos e day ao cabo dos penedos águas vertentes, e day direito às seladas e das seladas direito sobre as mestas e daí se vai direito à selada do machial e daí direito à cabeça gorda.
Alvaro Cambas - Orvalho Silvares e Bogas de Cima Aldeia Nova do Cabo
Oleiros
Sarzedas Janeiro de Cima Folques S. Vicente Souto da Casa
Unhais-o-Velho Pampilhosa
Erada - Serra Alcaide Alcaide com Castelo Novo
(Paúl) Capinha com Penamacor
Casegas e Cebola Folques Penamacor
Alvoco
Neste demarcam-se sucessivamente os limites das freguesias da Covilhã com os termos de Alvoco, Folques, Pampilhosa, Álvaro, Oleiros, Sarzedas, S. Vicente, Castelo Novo, Penamacor, Sortelha, Caria, Belmonte, Valhelhas e Manteigas.
Estas demarcações começam em 1533, sendo juiz pela Ordenação e vereador mais velho Gonçalo Pais de Castelo Branco e vereadores Nuno Matela e Antº Nunes e procurador do concelho Fernã dafonseca e escrivão da Câmara fernamcarvalho. As demarcações são concisas e perfeitas: indicam-nos os lugares onde os malhões, os marcos e as cruzes se encontram; dão-nos a toponímia que deve remontar a eras muito antigas, e como as testemunhas que depõem andam sempre à volta dos setenta a oitenta anos, autoriza-nos a concluir que estas demarcações foram em parte as dos primeiros séculos da nossa história e na outra parte o resultado da formação dos concelhos de que a Covilhã foi, territorialmente, origem.
Como o tombo é escrito em vários anos e regista rectificações de limites, sucede indicarem-se nele por vezes vários magistrados - Por exemplo às demarcações de 1534 preside o Licº Simão de Pina - juiz de fora com alçada pelo Infante; Jorge Soares e Bastião Mendez, escudeiros e vereadores e Pero Pacheco, procurador do concelho, outras vezes aparece entre os vereadores Fernão d’ anes escudeiro, cujo nome encontraremos mais adiante.
O tombo dá-nos também notícia de várias capelas existentes na zona fronteiriça do concelho, notícia de povoações arrasadas, lugares por onde eram cortados os caminhos velhos, indicação de sepulturas, etc...
Por aqui se pode fazer uma pequena ideia dos subsídios que dá para a história da região.
Oferece-nos também um quadro curioso das magistraturas nas aldeias do termo - indicando os nomes humildes dos juízes de cada uma delas, de toda essa gente autenticamente portuguesa, coeva desse período extraordinário da nossa história que vai do meado de quatrocentos ao último quartel de quinhentos." (1)
Concelho da Covilhã
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Concelho do Fundão
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Fotografia do alvará de D. Luiz
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Eu o Infante dõ luiz ẽt faço saber a vos juiz vereadores p.dor e / oficiaes da camara da minha vila de Couilhãa que ora sois / e ao diante forẽ que eu sam imformado que os termos desa / vila estam mall demarcados cõ os vezinhos comarquãos e / que em algũas partes estaã deneficados e esto por nõ / serem vizytados cada anño como he rezão e se costuma / fazer ẽ outrª ‘ partes polo quall vos mando que daquy / em diante em cada hũ anno nos t֮pos em que se soer fazer / vades em pessoa prover todas as demarquaçõis do termo desa / vila cõ as vilas e lugares comarquãos e vejaes se estã como / devẽ e domde devem estar e os fazer hy cõservar ‘ e achando / que estam mall asentados e Repairados do que he neceSario / ou tirados os marquos donde devã destar ou mudados p.ª / outra parte em prejuizo dos termos desa vila ‘ fareis tudo / tornar a restetuyr Ao ponto e estado em que dantes estavã / p.º quanto sam emformado que se nõ faz como deve o ̆q ey por / mall feito por ser ysto cousa que a vosos carregos m.tº couẽ vigiar / porẽ vos mando que asy o cumpreis Inteiramente sob pena de / cada vez ̆q em cada hũ anño se asy nõ fizer pagarẽ os ditos oficiaes trynta cruzados douro ametade p.ª os cativos / e a outra metade pa.ªs obras desa dita villa. I e esto se re/gistará no liv.º da cam.rª dela e mãdo ao stpvã da dita cam.rª / que em cada hũ anno na emtrada delo o provy ̆q aos juiz / e vereadores e p.dor e ponha a provycacã nas costas deste alvarª / e no liv.º da p̆meira vereação I por ̆q nõ aleguẽ Inorãcia / e esto sob pena do ap֮vaçã de seu oficio I esto se guar/dara posto que nõ passe pla chancelarya I luiS glz o fez / ẽ evora a xxiij di de dz.ro de j bc xxxij
a) Ifn Dõ luiz
(notificação do alvará) Segue:
Foi notifjcado deste all.rª do Iff dõ / luys noso Sõr a n.º matella e Gaspar / da costa .... symão glz vereadores / o p sente ano de j bc Rb p my֮ Lço Nog.rª / ̆q hora syrvo despvão da cam.rª aos sỹquo djas do mes de JanJº do dito anno de j bc Rb sẽdo psente o L.do p.º gaspar pºp.dor do c.º L.ço nog.ra o espvy.
Mapa (Notas 2 e 3)
Cópia parcial da folha 23 do Tombo das Demarcações |
E depois disto aos vimte e hoito dias / Do mes daguosto de mjl e qujnhẽ/tos e trymta e quatro anos ẽ ho luguar de cambas (4)
termo / da
vila de covilhã estamdo em ho / dito
luguar ho L.dº Simão de pina / juiz de fora cõ alçada em a / dita
villa e Jorge Soares e basty/am mẽdez vereadores e pº pa/chequo p
curador do Cº loguo / p ho dito juiz e hoficiaes foy mã/dado a bras
afonso juiz do dito / luguar e pº tomas e frcº mĩz / e fernã luis e joam mĩz e
L.ço a/nes e joam anes e lhe foy / mãdado que p quãto elles
ditos / hoficiaes nã podiam hir
demar/car e ver os malhões p a terra / ser m.to fraguosa e
mõtosa hom/de nõ podiam hir a cavallo mã/daram aos sobreditos que fo/sem x/er
as demarcaçoes e pro/ver e de feito foram e vieram / dizemdo que proveram
hos ma/lhões segimtes . S . comecaram /
ha selada (5) De samcha moura e hy / fica hũ malhão e dahy se fo/ram ao cimo do
val da sea / e acharam hũ malhão
amtiguo / e ho reformaram e dahy se fo/ram a selada daruqua (?) homde /
acharam hũ malhão amtiguo / e dahy direyto ho cume abaixo / até dar n’ aguoa do Zezere ha / foz da
botoreyra e dahi p ho Ri/beyro
da botureyra aryba //
23 v)
ate selada do val d’alvaro homde está hũ malhão amti/guo p ho qual malham par/te esta vila e alvaro e holey/ros e dahy se vay aguoas / vertemtes p ho cume a ca/beça do xeixo homde está hũ / malhão amtiguo e dahy se / vay p ho cume aguoas x/ temtes a portela das Raba/ças homde esta hũ marco / e dahy se vay a cabeça dala/guoa e dahy se vay homde cha/mão ho Roqueyro .S. acima / delle esta hũ malhão e da/hy se vay a aldea do Roqueyro / e parte p ho meo da Rua / e per ho meo daldea e dahy / direyto a malpica homde esta / hũ malhão e dahy se vay / no Regaixo homde fica houtro / malhão e dahy ha cima do / estreito poseram houtro ma/lhão e day se foram à porte/la (6) das carnadas homde pose/ram houtro malhão p hom/de parte o termo desta vila / cõ ho doleiros e cõ as çarze/das e ysto tudo aguoas / x/temtes p ho cume parte ho / dito termo e todo ysto diseram / e fizeram p juram.to dos sam/tos avamgelhos que lhe p ho / dito Juiz lhe foy dado e p x/da/de asynaram aquj cõ hos ditos / oficiaes Eu fernã carva//
(24)
lho escripvão da Camara ho escre/vy
(seguem
assinaturas)
E bem asy p ho mesmo modo foy mã/dado p ho dito juiz e hoficiaes / foy mãdado a fernã dafonso juiz / do horvalho e Roque afonso e / martim L.ço todos moradores / no dito luguar do horvalho / que p͂ quãto elles ditos hoficiaes / nã podiam hir demarcar ho / lemjte do dito luguar termo da / dita vila p homde parte p a / sera ser m.tº fraguosa e mõtosa / e hos cavalos virem desfera/dos e nã ser terra p podere֮m / la hir lhes mãdaram que / ho fosem demarcar e amalhoar / e reformar os malhoes amtiguos e fo/ram e vieram os hos sobreditos e di/seram que ellos foram começar / na selada dos bocairos homde acha/ram hũ malhão amtiguo e ho Ri/formaram e dahi se foram a cabe/ça dos arasaios (?) homde acharam hou/tro malhão amtiguo e dahy se / foram a selada Da molher homde //
(24 v)
acharam houtro malhão esboralhado / ho Riformaram e da
hi se foram a sela/da de val verde
homde acharam houtro / malhão amtiguo e dahi se foram ao / carvalhal de payo e poseram hũ ma/lhão e dahi se / foram ao sovereyro / homde poseram hũ malhão
e dahi se / foram azevereira homde
poseram hũ / malhão e ysto tudo parte aguoas x/temtes p ho cume da sera
p este ter/mo e p as sarzedas
e ysto diseram / p juram.to dos avamgelhos que p ho
/ dito juiz lhe foy dado e p x/erdade asinaram / aqui Eu fernã
carvalho ho escrevi
(seguem
assinaturas)
E bem asy p ho modo acima dito / ho dito juiz e
vereadores e procurador / mãdaram a estevam pĩz morador / no machial e fernã lopes mo/rador Em boguas de fũdo que / fosem demarcar ho limite / damtre a freguesya de janey/ro de quem
elles heram fregue/ses e o termo das çarzedas / e visem as demarcações p
homde / se demarca a vila de covilhã cõ
/ a das carzedas p quãto elles / juiz e hoficiaes p a tera
ser de se/ranja e m.to fraguosa nã po/diam la hir a cavalo e p
/ trazerem já hos cavalos / desferados e
na tera nã aver / quem lhos ferase e foram hos / sobreditos e vieram dizem/do
que elles comecaram / a dita demarcaçam
na cabe//
ça dazivereira e poseram hũ / malhão e dahy se foram a / selada dazinheira homde poseram outro malhão / dahy se foram a selada das / astes homde acharam hũ / malham desfeito amtiguo / e ho Riformaram e dahy se / foram ao cimo da barey/ra homde acharam hũ mar/co amtiguo e dahy se forã / ao cimo do
guavyam hõm/de poseram hũ malhão Re/formãdo ho amtiguo que hi esta/va e da hi se foram a selada / da palavrada homde pose/ram hũ malhão as quaes devisoes / e demarcações sam aguoas x/er/temtes p a sera pª comtra este / termo e a vila das çarzedas / e ysto diseram p juramto dos sam/tos avamgelhos que p ho juiz lhe / foy dado e p x/erdade asynaram a/quj cõ hos ditos hoficiaes / Eu fernã carvalho escripvão / da camara ho escrevi
(seguem assinaturas)
(25 v) Sylvares
Aos vimte e
nove dias do mês da/guosto de mil e quinhe֮tos e trymta
/ e quatro anos Em ho luguar / De Silvares termo da vyla de / covylhã estamdo em elle ho L. do / Simam de pina
juiz de fora cõ alca/da em a dita vila e Jorge Soa/res e bastiam me֮des vereadores / e p.º pachequo que vinha / emlegido p
precurador / Do C.º Demarcamdo hos / termos da dita vila no / dito luguar
mãdaram vir / p amte sy Gryguorianes / que foy quadrilheyro e Jo/am piz
home֮ soltejro mo/radores no dito
luguar / e asy jorge alvrez e dominguos seu filho m.res na malhada velha (7) freguesia do dito luguar e p
ho dito juiz lhe / foy dado juram.to dos samtos / avamgelhos que bem
e x/erdadeira.te fosem p.ª de/marcacam do termo da dita / vila cõ ho de sam v.te e p
todo / ho limjte do dito luguar / e visem hos malhões e hos Re/novasem e homde
fose ne/cessareos se porem houtros / hos posesem e foram e vy/ram e diseram que
forã / comecar a selada diguo / a selada
da palavrada / e hi poseram hũ marco //
(26)
cõ t.as e dahi se foram a selada da / moreira e hi poseram houtro
mar/co e dahy ao cimo de paynegral (? ilegível) hi poseram houtro marco e
os / quaes marcos todos poseram / p a sera .S. ho cume aguas x/erte֮/tes p ho termo desta vila e pª / ho termo de çarzedas e p֮ hos / ditos hoficiaes nã poderem hir / a
dita demarcacam p virem / cõ hos cavalos desferados e / ser tam aspera a
sera que nã / podiam lá hir mãdaram / fazer a dita demarcacam / e p x/erdade asynaram aquj / Eu fernã
carvalho ho escrevy(seguem as assinaturas)
E p ho mesmo modo foy mã/dado p ho dito
juiz e hoficiaes / ao juiz do castelejo
.S. Joam / Soares e a Joam Glz da e֮xa/varda e d.º ãmdrel de caste/lejo que fosem todos demar/car ho
termo da dita vila / p homde parte ho limyte do dito //
(26 v)
luguar cõ ysto p juram.to dos
a/vamgelhos que p ho juiz lhe / foy dado e foram e vieram e / diseram
que elles foram co/meçar no povoSeiro no
cimo do camdel e ahi acharam hũ / marco e dahi se foram ao / cimo da carvalhalva no / camjnho e hi
meteram hũ mar/co p quãto damtiguame֮te soya / estar hi ho acharam Ribado / e dahi se foram ao cimo da per/na do Rodriguo e hy poseram / hũ
marco e dahi vay direito / a cabeça do val do huso e vay direyto ao cimo
da perna / dáguea e hi meteram hũ / marco e toda esta demarcacã / he p
ho cume da serra aguas x/temtes pª este termo e pª / ho termo de sam
vte e das .../sarzedas e p x/dade asyna/ram aquy cõ hos
ditos / hoficiaes Eu fernã car/valho escripvão da camara / ho escrevi(seguem assinaturas)//
(27)
Aos trjnta
dias do mes da/guosto de mjl e qujnhe֮tos / e
trymta e quatro anos estã/do ho dito
juiz e hoficiaes e֮ / ho luguar
do souto da casa / p ho mesmo
modo mãdaram / amtº manteyguas quadry/lheiro e amtº glz e aparyco / frz moradores
no dito luguar / que foSem demarcar ho
ter/mo da dita vila cõ ho de Sam V.te / .S. he que partia ho
limjte do dito / luguar e ysto p juram.to dos a/vamgelhos que
lhe foy dado p / ho dito juiz e foram e vieram / e diseram que comecaram
/ na cabeça do val do huso e / hi
fizeram hũ malhão e dihy / p direito a portela de sam Vte hom/de poseram houtro e na ptela / das arquarvas Refyseram
hũ / malhão amtiguo e marco e / dahi poseram outro as cer/deiras p estar desmãchado / e na ptela da malhada cova / poseram hũ
malhão e houtro na / malhada
dabroteheira e pose/ram houtro na malhada da co/myada e poseram
houtro a / p֮ta da
cabreyra e poseram / outro e֮ nosa Snõra da sera / e poseram houtro no cavaly/nho ho qual
disseram que pose/ram p֮ ho juram.to
que lhe fora / dado e p֮ x/dade
asynaram a//
(27 v)
aquy cõ hos ditos hoficiaes / Eu fernã carvalho
escrivão da camara ho escrevi (seguem as assinaturas)
e depois disto ao pmeiro dia do mês de se/tembro de
mjl e quinhĕtos e trynta e / quatro anos Em ho luguar dal/comguosta termo da vila de
covy/lha p ho dito juiz e hoficiaes p/ ho mesmo modo foy mãdado
aos juiz/es do dito luguar que lhe desem / houtros homĕs hos quais deram pª
/ hirem demarca ho termo da dita / vila
cõ ho de castel novo quã/to cõ pa a seu limite hos quaes
fo/ram .S. Joam glz quadrylheiro e / amtam alvrez e Joam mj֮z todos / moradores no dito luguar aque֮ / ho dito Juiz deu juram.to dos
samtos av/vamgelhos que bem e x/dadeiram.te / fosem a dita sera e
demarcasem ho termo / da dita vila cõ ho de castel novo e / foram e viheram e
diseram que foram / começar homde se chama ho cavalinho / no cume da sera e hi acharam hũ malhão / e dahy se
foram ao houteiro daguea //
(28)
e hi fizeram hũa cruz e da/hi se foram ao cabeço de mª pai֮z / hi fizeram hũa cruz nũ penedo/ e dahi se foram a lapa do hiferno / e poseram hũ cruz
nũ penedo e / se foram no cabo do chão
do lobo / e poseram hũa cruz e dahi se forã / ao foguo da castinheyra e poserã / hũ malhão e cruz e dahy se foram / à
pomta da preSoarya e fizeram
/ hũa cruz e dahi se foram ao / cabeço
da forca homde fizeram / hũ malhão e dahi ao foyguo das / cernadas homde parte o dito li/mite cõ aldea nova das donas / homde fica hũ
malhão amtiguo / e p aqui acabaram toda a dita demar/cacam a qual he do
seu limite som.te / e he per ho meio da sera aguoas
ver/temtes pª este termo e p castel
/ novo e p x/dade aSynaram aquj / Eu fernã carvalho escrivão da /
camara ho escrevy(seguem assinaturas)
(28 v)
ano do nasc.to de nosso sñor Jhũ xp֮o de mjl / e bc xxxiiij anosy depois disto aos hõze dias do mes / de setĕbro do dto ano de m bc xxx iiij ãnos / estãdo ho l.do symã de pyna juiz de fora com / alcada na vila de Covilhã e seu termo plo / Ifante dõ luiz p autoridade do Rey nosso / sñor e be֮ asi fernã deanes e Jorge soarez / escudr.os e x/radores o p se֮te ano na dita vila / e asi p.º pachequo out.e escud.ro q֮ ora / serve de p por do cº da dita vila. loguo ho dto / juiz e vereadores e ppor cõ justino lopiz e fernã / destevez e nº Frž e outº fernã destevez çapatº / e nº frz֮ obilhrº e tomé pĩz e domĩgoanes / e aparycyanes ho velho e asy out.os ditos home֮s / daldea do alcayde termo da dta vila onde / ele juiz e oficiaes estavã I os quaes todos / juizes como acyma fiz me֮çã forã ter / a sera ao camynho velho / p.ª o quatrã homde Riformarã hũ malhão / e֮ cyma no cume da sera e di deceram a hũ afisedo de pedras q֮ esta quasi ao pé da /sera pª ho levãte hõde Riformarã / hũa cruz q֮ estava hi e֮ hũ penedo / antigam.te a crarificarãm agora / e di vyerã ter ao cabeço q֮ se chama / de sam domy֮guos homde estam hũs //
(29)
marquos antiguos jũnto de hũs pelames hou
sepulturas e hi e֮ hũ penedo
alto q֮ hi esta se reformou hũa cruz
e֮ hũ penedo alto q֮ hi esta e di se / forã a hũs penedos q֮ se chamã par/dos q֮ estã juto
do Rib.ro de sam domy֮/guos honde e֮ hũ destes penedos outrº sy / reformaram
hũa cruz e dihi foram hõde / se chama ho linhar
de pº aº e e֮ hũ penedo q֮ hi esta se reformou e֮ hũ penedo / hũa cruz e asi logo mais adiante e֮ ha / emtrada do vall do carycall se reformou / outra cruz de hũ penedo
Redondo que hi estava / amtiguamente e di forãm ter plo vale / do
caryçall abaixo e no mº do vale / p.ª ho cymo dele reformaram hũ ma/lhã amtiguo
de pedras q֮ te֮ hũ mar/quo mjtido no m.º e di vjerã a lágya / do caryçal homde outº sy Riformarã / hũa cruz q֮ Y estava antiga desmãchada / e di se vyerã
p hi abaxo cõtra ha Ribrª / e se reformarã dous malhões antigos / e di
forã aos penedos grãdes na borda / do Ribrº no fũndo da borda da
terra de Yº este/ves e e֮ hos penedos
altos q֮ue hy estã se / reformou e֮ hũ deles a esta e֮mpinado .N.
/ se achou e֮ hũ penedo alto q֮ esta co/mo empinado hũa cruz be֮ decrarada / e di se forã ao brejo honde e֮ hũ penedo / q֮ue hi esta
se reformou hũa cruz e logo / mais adiante õde chamã a carvalha / do brejo
acharã hũ malhã antiguo / e ho riformarãm e di vierã p cyma / da lazjra de palhavã honde e֮ hũ //
(29 v)
penedo grãde esta hũa cruz antyga vierãm aho Ribrº das casas da dona até honde / se ajũta cõ ho termo da dita de
covj/lhã cõ o termo da vila de pnamaquor / e de castelo novo e dj plo dc֮o Ribrº / acyma até ho cymo da cabeça da sera / da castenheyra dõde say o dto.
Rib.ro / e todo hasy pverã e reformarã cõçerta/rã da maneira
q֮ue ha cima
faz me֮çãm / e djnã a decrararã mais hos
moradres do / dt֮o logar daldeya do alquayde q֮ hi estavã / prese֮tes j no cimo da cabeça da castinheyra / q֮ he no qume da sera q֮ hi está hũ ma/lhão antiguo e esta riformado e corrydo e / q֮ di do dito malhão polo cume da
serra / parte ho termo de covylhã cõ ho de pn֮a/maquor e hi entra o limyte da
fa/tela termo de covylhã cõ ho limite / daldeya do alcayde e o dto
juiz e vereadores / e pp.or de todo mãdaram fazer este auto p֮ q֮ ho asj/nassem eles m.ores dadeya do alquaide
e asj / o dto juiz e oficiaes eu Fº Frco t.am q֮ / o escrevi pº fernã carvalho escripvão da
cama/ra ser ocupado e fiz ãtrelyha q֮ue djz /
datrã per ver/dade …………………………………...…//(seguem as assinaturas)
(30)
// E despois disto aos doze dias do dito mez de / sete֮bro do dto
ano de bc xxx iiij anos no logar / da quapynha termo da dta vila estãdo hi o dto / L.do symã de pyna juiz e
asi fernã deanes e Jorge / soarez escud.ros e vereadores da dita
vila e asy / p.º pachequo q֮ue ora serve de pp.or do c.º da dta vi/la
loguo p eles foy dto q֮ pª p (sic) avere֮ y֮teira / e֮formacã p homde partya ho termo da dta vila
/ de covilhã no limite do dito logar da quapynha / cõ ho de penamaquor
q֮ queriã sobre ello pre/gũmtar
certas t.as antiguas pª x/erdadeira e֮/formacã dos ditos termos e se pregũtaram
lo/guo p֮la man.ra seguinte qujos
dictos sam / hos segy֮tes p.º Fre.re
t.am ho spvi
Penamocor cõ o termo da
capinha
Ẑ marty֮ L.ço
lavrador m.or no logar da quapy/nha termo da dta vila t.ª jurada aos
sãtos / avagelhos e pgũtado p
a demarcacam / do limite do dito logar da capinha e֮
ho ter/mo da vila de penamaquor dise ele t.ª q֮ue / q֮
era verdade q֮ ho termo da vila de covilhã
no / limite deste logar da quapynha parte cõ / ho termo de penamaquor à parte
dese do li/mite da Fatela plo cjmo do vall da hera e q֮ue hi e֮ hũa portela q֮ se chama ha
portela do vall Da silva está hũ
malhão antiguo agoas / x/te֮tes p.ª ho termo
de covilhãa e p.ª ho / termo de penamoquor p.ª o vall diguo (ilegível) / e asy está outro
malhã antiguo e֮ ha vereda / q֮ue vai do vall das ovelhas p.ª Sam bento a/goas x/ertentes
p.ª o termo de covilhã e p.ª ho / de penamoquor e q֮ di se vay
dr.to ha ho poço q֮ esta no vall das ovelhas e /
di se vay antre o vall das casynhas //
(30 v)
e ho vall
jũquoso p hũas lõbas nas quais
/ lõmbas está hũ marquo grande ãtigo / metido no chã e di se vay
meter / no limite descarigo na estrada
do / p֮to de Ferra no fundo do vall dos me֮/traStos
hõde está hũ marquo . S. malhã de֮tro … no dito caminho e dise ele test.ª / que
seria home֮ de sete֮ta anos p֮ q֮ se / le֮bra be֮ das guerras
dantre p֮ tugall / e castela e q֮ do tp֮o q֮ se le֮bra be֮ q֮ será / de ci֮que֮nta annos e mais
se֮pre ouvjo / dizer a antiguos e asi elo o sabe q֮
ho termo / da covilhã partia por onde ele dito tem / cõ penamoquor e al
nã dise e do costume / disse nihil eu
p.º Ferº t.am o ppvi.(assinaturas)
/ este martim L.ço t.ª acima pguntada
dise que / nunca em sua vida passara barqua nem cavalgara e֮ / cavalo
de sela ./. nem pousara em estalage֮m nem
dor/mira cõ molher ne֮ fora nu֮mca caSado ./. ne֮ comera / pão de padeira senã hua vez no pedrógão termo de pe/namacor
I nem nunca comprou vinho p.ª beber ./. e quãdo / lho dam que ho
nom quere ./. e que o mais caminho q֮
andou / foy deste luguar da capinha a alcai֮z termo de /
Castelo bramqº ./. que sam cinco
legoas # ne֮ nunca foy testemunha nem
asynou outro sinal senã o q֮ue aq֮ui (sic) fez
que era seu ferro do gado ./. e hera ome֮ que parecia / de sete֮ta anos e p verdade assynamos aqui P.º Fr.co
e eu / o L.do simam de pina juiz da dita villa de Covilhãa q֮. a / todo fomos presentes.
(assinaturas)a) pyna
a) pero frco //
(31)
Ẑ Gço Domi֮ngez lavrador morador no logar da quapj/nha t.ª jurada aos santos avanjelhos
e pgũn/tado pla demarquacãm e limite do dc֮o lo/gar da
capynha cõ ho termo da vila de / pnamaqor dise ele t.ª que hera verdade
que ho / termo de covilhã cõ ho de pnamaquor / no limite do dc֮o logar parte p֮ ha cima/da
do vall da hera di vay decendo
/ aguoas vertentes até chegar antre ho vall / da silva e ho vall da hera até
che/gar ao atelha doiro tudo agoas vertentes de / hũa e out.ª parte e que
dj decja hos / lõbos abaixo até chegar a
pertela de sam / bento antre sam bento e ho vall das / hovelhas e di
dece o lõbo abaixo / d.to ao poço e di corta o vall das / hovelhas ale֮ ao m.º do vall das / casinhas e di leva o dito lõbo direito / ale֮ ariba amtre ho vall das casinhas / e o vall jũquoso e di sobe açima / a serra
atravez da fonte da fereira so/bre ha mão esquerda da dc֮a fonte / e esto tudo agoas vertentes para ho / termo desta vila de
covilhã he o de / penamacor e q֮ue daqui p
diante / começava o termo d’escarigo / e all nã dise som.te que ho limite des/carigo hia partindo
per qui cõ peña/macor e al nã dise eu p.º Fr.co t.am
/ ho escrevi(seguem assinaturas)/
Ẑ Jº mi֮z lavrador m.or no logar de quapynha / t.ª jurado aos santos avãgelhos he pguntado //
31 v)
p ha demarquacã dantre ho termo / de pnamacor cõ ho limite do dc֮o / lugar da quapynha que he termo de covj/lhã dise ele t.ª que era verdade que o ly/mite do logar da capynha partia / cõ ho termo de penamaquor era plo / seguinte: .N. no cimo do vall da hera / homde chega o limite da Fatela e / dj se vay pela lomba abaixo agoas vertemtes / ao vall da silva e di vay ter aho / caminho de sã bento e di se vai aho / poço e dy se vai ao val das hovelhas / e di pasa ale֮ ao vall das casynhas . N. / p.º ho c.º do dito vall vall das casynhas e dy / leva ha lomba toda damtre val jungoso / e ho val das casinhas e di se vai p / cima da Fõte Ferr.ª I yndo asi agoas / quebradas p cima da fonte fyrra até sobre hos pardieyros de Ferreira e isto todo a/guas vertentes p.ª hũ termo e outro / e que daqui per diamte he já do limite / descarigo e nom sebia p homde partia / e al nã dise e do costume dise ni/chyl e eu p.º Fr.co t.am ho escrevi dize֮do / oje ele t.ª q֮ui esta demarquaçãm sabe / ele asy e asy a ouvyo sempre demarcar / e nomear aos amtiguos dante dele / e al nã dise som.te que muitos logares desta / demarcacam viu malhões donde está / amalhoada esta demarcacam e eu p.º / Fr.ra ho escrevi.
(seguem assinaturas) //
(32)
Ẑ G.co esteves lavrador morador no lugar da / capynha t.ª jurado aos santos avamgelhos / he pregũtado p ha demarcaçam damtre / ho termo de penamaquor cõ ho lymy/te do dco logar da quapynha dise ele / t.ª que era verdade que o lymyte do dito lo/gar partya cõ ho termo de penãmaquor / p ho carvalhal da molher agoas vertemtes / de hũa e outra parte e di se vay a per/tela do vall da silva e di à vereda / p homde vã para Sam bemto e dy ao poço / e di aho m.º do vall das casynhas / e que daquj per dyante he֮tra logo ho / limite dascarigo ho qual ele nã sabe / e q֮ isto asy sabia ele t.ª e asy o ouviu / se֮m/pre dizer e nomear aos antiguos / e que pode ele dy yr à dita demarcacam / vaj todo amalhoado cõ pedra e֮ m.tas partes e al nã dise e do costume dise nichyl e p.º Fr.co t.am o escrevi
(seguem assinaturas) //
(32 v)
E loguo no dito dia doze dias de se/te֮bro de bc
xxx iiij anos no logar / dacapynha
estando hy o dco L.do simão / de pina juiz e asi Fernã deanes e
jorge / soarez vereadores e p.º pacheco pp.or do concelho
/ logo o dito juiz e vereadores comiguo / escrivão e pessoas ao diante escritas
forãm a / demarquar o lymjte do dito
logar da / quapjnha em termo de covylhã cõ ho / termo de penamoquor
e fomos / aho carvalhal da molher
homde acha/mos hũ marquo no cume da ser/ra na cabeça daura e di decemos ha / baixo
a portela do val da silva honde e֮ / hũa
comyada jũnto do caminho achamos / out.º malhão e di dece֮do p ha dita pertela / abaxo
achamos dos malhojs ant.os que se / tornaram a reformar p sere֮ antigos / e di fomos aha pertela de sã bento e jũto / no caminho
achamos out.º malhão ãty/go q֮ se tornou a
riparar e di fomos / aho poço p honde digo partia ho dito termo / e hy
dale֮ do poço junto do Rib.º da / bãda dalã aho pé de hũ
carvalho / poserã houtro malhão dizendo q֮ p hy / hy per homde os dc֮os malhões fica/vãm e erã postos partya ho lymite / do dto logar da capynha e termo / de covilhã
cõ o termo de penamaquor / e que dahy per diamte partia ho limite / descarigo
cõ penãmaquor e que nã / lhe sabiã p homde partia e os que a Esto //
(33)
forãm prese֮ntes foram
Yº andré juiz e g.co este/vez e fernã gill e luis aº e martij֮ / L.ço e dominguos a.º e a.º
gill e amtão / Frz֮ e J.º frz p.p.or
do c.º do dito logar / hos quaes todos diserã que p heles se֮/pre fora ho
termo de covilhã partyndo / cõ penamaquor e asi ho ouvyrã se֮mppre / dizer aos amtygos e asi o dizyã / e afirmavãm
p juram.to dos sãtos avã/jelhos que lhes foy dado e o dto juiz e / oficiaes de todo
mãdaram fazer este / auto e que ho asinase֮ e hasi eles / juiz e vereadores e ppor asi o
asinarã / todos por suas mãos e eu P.º Fr.co t.am ho
escrevi
(seguem
assinaturas)//
Sobre as demarcações do concelho:
(Continua)
Notas dos editores: 1)
https://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.com/2011/12/covilha-o-alfoz-ou-o-termo-desde-o.html
2) Pode encontrar no mapa alguns lugares referidos no texto.
3) No mapa mencionado(2) encontra a verde alguns dos lugares mencionados nas folhas 23 a 33.
4) Cambas é uma freguesia do concelho de Oleiros, que saiu do termo da Covilhã quando em 1747 foi criado o concelho do Fundão. Veja-se o nosso blogue: https://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.com/2013/06/covilha-o-alfoz-ou-o-termo-desde-o_30.html. Curiosa é a origem deste vocábulo, provavelmente celta, com raiz Kamb, cujo significado era serpente, serpentear, curvas, aqui as do rio Zêzere.
5)Selada, segundo o "Grande Dicionário da Língua Portuguesa", significa depressão na lombada de um monte: cavidade oblonga numa montanha.
6)Portela, segundo o "Grande Dicionário da Língua Portuguesa", significa passagem estreita entre montes, ou desfiladeiro.
5)Selada, segundo o "Grande Dicionário da Língua Portuguesa", significa depressão na lombada de um monte: cavidade oblonga numa montanha.
6)Portela, segundo o "Grande Dicionário da Língua Portuguesa", significa passagem estreita entre montes, ou desfiladeiro.
7)Malhada, segundo o "Grande Dicionário da Língua Portuguesa", significa local onde as ovelhas pastam e descansam.
As Publicações do Blogue:
Estatística baseada na lista dos sentenciados na Inquisição publicada neste blogue:
Sobre as demarcações do concelho:
covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.com/2019/02/covilha-o-tombo-dos-limites-do-concelho.htmlhttps://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.com/2019/01/covilha-o-tombo-dos-limites-do-concelho.html
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