quarta-feira, 18 de junho de 2014

Covilhã - Memoralistas ou Monografistas IX

    Continuamos hoje a publicar os monografistas da Covilhã, começando com algumas reflexões de Luiz Fernando Carvalho Dias já publicadas neste blogue.
        
“Convém enumerar os autores de monografias da Covilhã, os cabouqueiros da história local, aqueles de quem mais ou menos recebi o encargo de continuá-la, render-lhes homenagem pelo que registaram para o futuro, dos altos e baixos da Covilhã, das suas origens, das horas de glória e das lágrimas, dos feitos heróicos e de generosidade e até das misérias dos seus filhos, de tudo aquilo que constitui hoje o escrínio histórico deste organismo vivo que é a cidade, constituído actualmente por todos nós, como ontem foi pelos nossos avós e amanhã será pelos nossos filhos. […]
Para a Academia Real da História, no século XVIII, destinada ao primeiro dicionário do Padre Luís Cardoso, escreveu o prior de São Silvestre, Manuel Cabral de Pina, a monografia mais completa dessa época, que constitui um trabalho sério, no sentido de que é possível hoje referenciar quase todas as suas fontes. O Padre Pina, que frequentou um ano a Universidade de Coimbra, era natural do concelho de Fornos de Algodres e colheu muitos elementos para a sua monografia nas cópias do Arquivo da Torre do Tombo existentes na Câmara e nos livros paroquiais."


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      Pelas leituras que temos feito podemos concluir que o texto que estamos a apresentar - Monografia de o Padre Manuel Cabral de Pina - não é o original. Trata-se de uma cópia, pois constatámos que ao longo da monografia aparecem, por vezes, frases entre parêntesis e até com letra diferente feitas por alguém que, em época posterior, pretendeu incluir no texto original dados mais recentes. Num dos casos chega-se a datar: "...Esta nota se fez em 1850".
"O original perdeu-se no Terramoto. A cópia que possuo é dos princípios do séc. XIX, mas posterior às invasões Francesas. Cedeu-me um exemplar o Ex.mo Senhor Artur de Moura Quintela... O questionário que lhe serviu de base é diferente daquele que foi enviado aos párocos, depois do Terramoto de 1755." (1)

[...]


Folha do início do capítulo 11º


11º.
Esta vila teve sempre famílias nobres porque El Rei D.Sebastião, em uma provisão sua de 6 de Julho de 1570, declara que ela era povoada de muitos fidalgos cavaleiros e pessoas de nobre geração e da criação dos Reis. Ainda tem muitas que são as seguintes:
SILVESTRE MONTEIRO DE SANDE E SOUSA, Cavaleiro do hábito de Cristo. Seu pai o doutor Manuel Monteiro de Sande e Sousa, foi dezembargador da Relação do Porto. E seu avô paterno o doutor Francisco Monteiro de Leiria e Sousa foi dezembargador do paço. Os apelidos são Monteiro, Sande e Sousa. Tem carta autêntica passada em nome de El Rei D. Sebastião, pela qual consta que ao seu ascendente Diogo Rodrigues Monteiro foram concedidas as armas pelos Monteiros, conforme as de D. Fernando Monteiro, seu tridécimo avô que ganhou a serra de Minde e Porto de Mós aos Mouros e conforme as de Diogo Afonso Monteiro, senhor de Cinco Vilas, seu terceiro avô e conforme as de Diogo Roiz Monteiro, seu avô, que foi um dos doze que passaram o Douro a nado para livrarem ao Príncepe D. João da traiçâo da ponte de Zamora e são as seguintes:
Um campo de prata e nele três cornetas negras, guarnecidas pelo meio, e os bocais de ouro e os cordôes de fio de ouro. No chefe do escudo uma flor de liz azul. Elmo de prata aberto, guarnecido de ouro. Timbre uma das mesmas cornetas. Outrossim consta da mesma carta que como o dito Diogo Roiz Monteiro, por sua mãe D. Branca de Sousa, era neto de D. Cristóvão de Sousa o qual descendia do Infante Sancho Sanches de Sousa, filho de El Rei D. Sancho lº, lhe foram concedidas as armas pelos Sousas na forma seguinte: Em campo branco, cinco escudos azuis, e em cada escudo cinco quinas brancas que eram do dito Infante, quarteadas com quatro luas minguantes azues, em campo amarelo, que eram do Príncepe Abomalique, o qual fora vencido e morto pelo dito infante, em campo de pessoa a pessoa. Elmo de prata aberto, guarnecido de ouro; timbre um punhal atravessado do meio para a ponta, tinto em sangue, com algumas gotas que lhe caiem. Consta mais da mesma carta que o Dr. Rodrigo Monteiro, relatado por Gamdeçei. 32. onde diz que era doutíssimo, pai do dito Diogo Roiz Monteiro, fo­ra fidalgo da casa de El Rei, dezembargador dos agravos da Casa da Suplicação e Chanceler Mór dela e do Conselho de El Rei D. João 3º, cujo filhamento teve tambem o dito seu filho. E que o dito D. Cristóvão de Sousa fora embaixador de El Rei D. Manuel a várias partes e depois capitão geral e governador do exército mandado a Africa em socorro de Arzila, por El Rei D. João 3º.
António da Silva de Serpa e seu irmão Diogo da Silva de Serpa, filhos de Diogo de Serpa da Silva, já falecidos. Apelidos: Silva e Serpa e consta por instrumento autêntico serem dos verdadeiros Silvas deste reino como descenden­tes de Jorge da Silva, abaixo declarado. O dito Jorge da Silva de quem descendem, consta do mesmo instrumento que foi fidalgo da casa de El Rei, dos verdadeiros Silvas deste Reino, da casa do Regedor, em tempo de El Rei D. João 3º e irmão de Manuel da Silva, aposentador mór do reino no tempo do mesmo rei, o qual Jorge da Silva morou no Souto da Casa, deste termo, e teve três filhas, uma das quais chamada D. Ana da Silva, casou com Jorge de Serpa, filho de António de Matos, desta vila da Covilhã, os quais ambos eram tambem fidalgos e pessoas conhecidas e muito nobres como declara o mesmo instrumento .
O mesmo Jorge da Silva era sobrinho de D. Diogo da Silva, arcebispo de Braga, o qual era senhor das casas chamadas do Outeiro do Bispo, freguesia de Aldeia de Joanes e, estando nelas pousado o mesmo arcebispo, passou um alvará em 18 de Novembro de 1540, ao tempo de dito casamento que diz: “que ele se obrigava a dar ao dito Jorge da Silva, filho de António de Matos, morador em Covilhã por  moço fidalgo a El Rei D. João 3º com a moradia que ao tal foro pertencia e disso lhe passar alvará de filhamento o dito Rei e isto por ele casar com D.Ana da Silva, sua sobrinha, filha do dito Jorge da Silva”. Tudo consta do mesmo alvará acima relatado que eu vi e li. Deste matrimónio nasceu Diogo de Serpa da Silva que no ano de 1615 fez justificação de sua nobreza e tirou instrumento autêntico que existe. Foi cavaleiro do hábito de Cristo de que existe padrão de mercê. A um Manuel da Silva desta família, por ir na Jornada de Africa com El Rei D. Sebastião e ficar cativo na batalha de Alcácer e estar no cativeiro mais de vinte e sete anos e se resgatar à sua custa e tambem pelos serviços que fez neste reino, concedeu El Rei, no ano de 1609, o hábito de Cristo com quarenta mil reis de tença e com promessa de uma Comenda de cem mil reis, cuja tença vagaria tanto que entrasse na Comenda, de cuja mercê existe padrão. Tem esta família sepultura própria na capela de Senhor, na igreja de Santa Maria desta vila, de que há título autêntico. Havia nesta casa uma carta de um Rei na qual convidava a um ascendente desta família para ir a uma festa que se fazia donde se mostra que eram pessoas graves de que os Reis faziam muita conta. Não vi brazão de armas.
BERNARDO DE MACEDO CASTELO BRANCO. Os apelidos desta família são Macedo, Castelo Branco, Feio e Costa. Consta de uma carta autêntica, passada em nome de El Rei, em pública forma, que existe, que esta família é dos Costas e Feios legítimos deste reino. Tem brazão de armas que são as seguintes: o primeiro dos Macedos, escarlatado de azul, com cinco estrelas de ouro de oito fitas em aspa. O contrário dos Costas, de vermelho com seis costas de prata, fixadas cada três em pala. O segundo de Castelo Branco, com um leão de ouro rompante, armado de vermelho e o contrário dos Feios de ouro com três bandas de vermelho e por diferença uma flor de liz de ouro. No timbre um braço vestido de azul com uma maça de ouro na mão. Elmo de prata aberto, guarnecido de ouro. Paquife de metais e cores do arnez. Teve esta família filhamento de moço fidalgo da casa de El Rei, que agora não existe. Teve, também, nos tempos antigos o padroado da igreja de S. Silvestre desta vila, que lhe foi concedido por D. Gonçalo, conde de Carrião, e da infanta D. Aldonça, filha de D. Bermudo 2º  Rei Godo (sic) em Espanha, de que nasceram dois filhos, chamados os Infantes de Carrião, por nome D. Diogo Gonçalves e D. Fernão Gonçalves. Casaram estes com as filhas do celebrado Cid Rui Dias e depois as afrontaram notavelmente e as açoutaram. O Cid os acusou diante de El Rei D. Afonso 6º de Castela; tiveram os taes infantes contra sí uma rigurosa sentença e foram julgados por aleivosos por cuja razão fugiram e um deles se veio a Portugal. Até aqui consta das Crónicas de Hespanha e Portugal. Porem, de um livro de memórias antigo que existe em casa do dito Bernardo Macedo, consta mais que o tal infante que veio a Portugal fez assento na Beira em sítio distante da Covilhã uma légua, onde chamam Alvares, que no tempo antigo foi povoação onde ainda descávão os alicerces das casas dele dito infante e as terras ao redor se chamavão de Carrião. Deste mesmo infante foi neto Fernão Feio que casou com Maria Clara, pessoa muito nobre desta vila, os quais ambos fundaram a dita igreja de S. Silvestre e a dotaram de muitos bens e ficaram eles e seus descendentes seus padroeiros dela.
O último prior por eles apresentado foi André Feio de Castelo Branco, capelão fidalgo de Casa de El Rei, que floreceu há mais de cento e quarenta anos e está sepultado na igreja de S. Pedro da mesma vila, em sepultura própria desta família, junto ao arco cruzeiro, no meio da coxia, do qual prior há memória nos livros da mesma igreja de S. Silvestre. Daí para cá apresentou a mitra deste bispado da Guarda. Os ascendentes maternos do dito Bernardo de Macedo, por sua mãe D.Maria Teles de Eça, tinham nesta vila, na freguesia de Santa Maria umas casas nobres que hoje são do escrivão da Câmara Manuel Francisco de Aguilar, as quais tinham dos reis o privilégio de couto como achei em um instrumento de testemunhas, autêntico, que há na casa.
JOSE DE MACEDO CASTELO BRANCO, filho do dito Bernardo de Macedo Castelo Branco. O mesmo que seu pai.
BERNARDO DE MACEDO CASTELO BRANCO, o moço, filho do mesmo Bernardo de Macedo Castelo Branco, tambem o mesmo que seu pai.
JOSE PEREIRA COUTINHO. Apelidos Pereira e Coutinho. Tem por armas no escudo partido em pala, na primeira cinco estrelas vermelhas de seis pontas, cada uma posta em aspa, em campo verde. Na segunda pala, em campo vermelho, uma cruz de prata floreteada nas pontas. Timbre: uma cruz vermelha com dous coros de anjos, um de cada parte. Tem na sua pessoa filhamento de fidalgo cavaleiro da Casa de EI Rei de que tem alvará. O mesmo filhamento tiveram já seus antepassados.
LUIS TAVARES DA COSTA LOBO, capitão mór desta vila. Apelidos: Tavares e Costa. Tem por armas o escudo partido em pala. Na primeira, cinco estrelas postas em aspa com seis pontas cada uma em campo de oiro: na segunda pala seis costas, cada três em pala, em campo vermelho. Timbre: meio corpo de um lobo sobre o elmo aberto. Há na casa uma memória antiga pela qual se mostra que os Tavares dela procedem de D. Estevam de Tavares, primeiro alcaide mór da Covilhã e senhor de Tavares e que alguns descendentes do mesmo D. Estevam de Tavares foram comendadores de Alpedrinha e de S. Vicente da Beira e que D. Marinha de Tavares, tambem dele descendente, fundou a igreja de Santa Maria Madalena da Covilhã,  por cuja causa esta família tinha o padroado dela que há muitos anos já não tem e o prescreveu a mitra deste bispado da Guarda.
Tambem, na dita memória se declara que um seu ascendente, António Tavares, fora fidalgo da Casa de EI Rei.
GREGÓRIO TAVARES DA COSTA LOBO, irmão do dito Luis Tavares da Costa Lobo, mesmo que ele. É tambem cavaleiro do hábito de Cristo e Superintendente da coudelaria.
ESTÊVAM CORREIA DE XARA, irmão do dito Luis Tavares da Costa Lobo, o mesmo que ele.
LUIS DE LEMOS COUTINHO. Tem brazão desde o tempo de D.João 3º, concedido a seu bisavô paterno Simão de Proença da Fonseca e são as suas armas pelos Proenças, escudo partido em pala, na primeira, em campo verde uma águia de preto com duas cabeças, armada de ouro; na segunda pala, em campo azul cinco flores de liz de ouro, postas em aspa. Timbre: meia águia dos peitos para cima, com uma só cabeça e com bico de ouro. Por diferença, uma folha de figueira de prata. Tem na sua pessoa filhamento de cavaleiro fidalgo da Casa de EI Rei e já o tiveram seus avós paternos. Ao mesmo sobredito Simão de Proensa  da Fonseca, que era moço da câmara de EI Rei D. João 3º, deu o mesmo Rei escrevaninha da feitoria de Malaca, pelos serviço que fez ao Infante D.Duarte, seu filho. De tudo existem títulos autênticos.
SEBASTIÃO PINTO FRAGOZO, formado na Universidade de Coimbra. Foi juiz de fora de Freixo de Espada à Cinta e também desta vila da Covilhã. Tem na sua pessoa filhamento de cavaleiro fidalgo da casa de El Rei de que tem alvará, cujo foro teve também seu pai Manuel Fragozo. Este foro foi concedido primeiramente a um seu ascendente chamado Manuel Fragozo de Aguilar, natural da Covilhã, ao qual também foi concedida uma tença de vinte mil reis por ano, em sua vida, por acompanhar El Rei D. Sebastião a África e ser cativo na batalha de Alcácer e se resgatar à sua custa, como consta do padrão de mercê. Não achei brazão de armas.
FRANCISCO CARDOZO DA COSTA PACHECO E PEREIRA. Apelidos: Costa, Refoios, Cabral, Pa­checo, Souza, Brandão e Figueiredo. As armas são: escudo esquartelado, as dos Costas, em campo vermelho, seis costas de prata, cada três em pala. As dos Refoios, quatro caras de leão, em campo de ouro, postas em pala. As dos Cabraes: duas cabras em campo de prata. As dos Pachecos: duas caldeiras de prata, em campo de ouro, postas em pala. As dos Souzas: ao esquartelado, as quinas de Portugal, postas em contrário em campo de prata, e dois leões de ouro, postos em contrário, em campo azul. As dos Brandões: cinco brandões de ouro acesos, em campo azul, postos em aspa. As dos Figueiredos: cinco folhas de figueira verdes em campo vermelho, postas em aspa. Elmo aberto e timbre um castelo com três torres em cima.
Os ascendentes assim paternos como maternos tiveram o foro de Figueiredos da casa de El Rei, que hoje não existe. Na sua ascendencia paterna houve Nuno Alvares Cardoso. que era irmão de Luis Váz Cardoso, senhor da casa de S.Martinho de Mouros, solar de Cardoso, e de Fernando Alvares Cardoso, deão da capela de El Rei D. Afonso 5º. e bispo eleito de Viseu. Houve mais o doutor Alvaro Cardoso que foi dezembargador do Paço. Mais houve Mécia Roiz da Costa que era irmã de D. Alvaro da Costa, Camareiro mór e armador mór de El Rei D. Manuel do qual procedem os condes de Soure.
GASPAR DA COSTA CABRAL. Mais houve Gaspar da Costa Cabral, senhor do morgado do Ninho do Açor, na comarca de Castelo Branco.
JACOME DE SOUZA E REFOIOS. Mais houve Jácome de Souza e Refóios que instituiu o morgado do Ladoeiro, o qual teve duas filhas, uma mais moça Guiomar de Souza e Refóios de quem descende o dito Francisco Cardoso da Costa Pacheco, e outra mais velha Maria de Refóios a qual sucedeu no dito morgado do Ladoeiro e casou com João Nunes da Cunha, comendador de S.Vicente da Beira e Vice Rei da India, do qual descende a condessa de S.Vicente e de quem era o condado e que casou com Miguel Carlos de Távora. Na sua ascendência materna houve Ana de Figueiredo de Castelo Branco que descendia de Fernão Vaz de Castelo Branco, comendador de Cabeço de Vide.
FRANCISCO BRANDÃO DE ANDRADE CASTELO BRANCO. Mais houve Francisco Brandão de Andrade Castelo Branco que descendia de Pedro Anes Brandão, alcaide mór de Castelo Branco e Comendador da Louzã.
RUI VASQUES DE REFOIOS. Mais houve Rui Vasques de Refóios por servir com notável satisfação a El Rei D.João I fez-lhe o mesmo Rei as mercês seguintes que constam das mesmas doações: deu-lhe a vila de Almeida de juro e herdade, com sua jurisdição cível e crime e os tabaliados e os bens dos moradores dela que se ausentaram para Castela e seguiram as partes de D. Brites, filha de El Rei D. Fernando de Portugal, casada com El Rei D. João de Castela. Deu-lhe uma deveza que era do concelho da dita vila, chamada Rebolar. Deu-lhe uma barca que andava no Rio Coa. Deu-lhe a Judearia da Covilhã, declarada abaixo ao número 13 e tambem os tabaliados e rendas que o dito Rei tivesse na mesma vila. Deu-lhe mais os direitos que tivesse em Porto de Mós. Ao depois, estando este Rei em Santarém, fez troca com o dito Rui Vasques de Refóios e lhe deu as vilas de Sarzedas e Sovereira Formosa e outras cousas e recebeu dele  a vila de Almeida que lhe tinha dado. Estas doações se foram conservando na sua casa até seu bisneto, tambem chamado Rui Vasques de Refóios a quem ao depois as tirou El Rei D. João 2º e seu filho Simão de Souza alcançou carta do Papa Leão décimo para El Rei D. Manuel lhas restituir mas não chegaram a ser restituídas.
JOSE HOMEM DE BRITO CASTELO BRANCO e seu irmão Francisco Correa Xara, família nobre e das principaes desta vila.
FRANCISCO FREIRE CORTE REAL, o velho. Família nobre. Apelidos: Freire, Corte Real. Tem aIvará de foro de cavaleiro fidalgo da casa de EI Rei,  com moradia de onze tostões por mês e alqueire de cevada por dia. O mesmo foro tiveram já seus avós como se declara no dito alvará. Tambem o teem seus filhos Francis­co Freire Corte Real e Manuel Freire Corte Real. Não achei  brazão de armas.
JOÃO FREIRE CORTE REAL, irmão do dito Francisco Freire Corte Real, o velho, o mesmo por descender dos mesmos avós.
FRANCISCO FREIRE CORTE REAL ROBALO, irmão do dito Francisco Freire Corte Real, o velho, o mesmo pela mesma ascendencia.
JOSE FREIRE CORTE REAL e seus irmãos, o mesmo porque descende dos mesmos avós do sobredito por via paterna.
VICENTE DA COSTA CABRAL, sargento mór desta vila e seu termo. Família nobre e tido por pessoa principal. Não achei brazão de armas nem mais clareza.
FELIPE PACHECO DE ARAGÃO e seu irmão o mesmo.
JOÃO CORREIA XARA DE ARAGÃO, seu irmão, o mesmo.
MANUEL CORREA DA COSTA,  seu irmão, o mesmo.
PEDRO DE FIGUEIREDO, seu irmão, o mesmo.
FRANCISCO ROBALO FREIRE, família nobre e por tal tida. Não achei brazão de armas nem mais clareza.
MANUEL DA SILVA FRAGOZO, família nobre por tal tida. Não achei brazão de armas nem mais clareza.
JOÃO DA SILVA DE FIGUEIREDO, seu filho o mesmo
FRANCISCO DA SILVA FRAGOZO, seu filho, o mesmo.
JOAQUIM PEREIRA DA CAMARA, morador nesta vila, não é dela natural.
MANUEL FRANCISCO FALCÃO, bacharel formado em Coimbra. Família nobre. Apelidos: Tava­res e Falcão. Tem brazão de armas e carta autêntica como vem a ser:  Escudo posto ao Balem, partido em pala, na primeira as armas dos Tavares que são em campo de ouro cinco estrelas vermelhas de oito pontas cada uma, postas em aspa; na segunda pala, as armas dos Falcões, que são em campo azul três bordões de S.Tiago de prata, postos em três palas, com os nós vermelhos e os ferros de ouro. Paquife dos metaes e cores das armas. Timbre o dos Falcões que é um pescoço de cavalo vermelho, bruisado de ouro e as falsas rédeas do mesmo. Elmo de prata aberto, guarnecido de ouro e por diferença um trifólio preto.

12º.


O Pelourinho antes das obras do século XX


Praça do Pelourinho na actualidade
Fotografia de Miguel Nuno Peixoto de Carvalho Dias

Tem esta vila duas feiras, uma dentro dela, em dia de S.Tiago, 25 de Julho, outra em Domingo de Lázaro, fora dela e se faz ao pé da igreja do mesmo S. Lázaro, relata­da acima ao número 7. Tem mais, em todos os terceiros Domingos do mês, mercado que se faz dentro dela, no terreiro do Pelourinho, onde tambem se faz a feira de S.Tiago. Assim estes mercados como as feiras são francos e não pagam siza a respeito dos moradores da vila e seu termo. 
(Continua)

Folha relativa ao capítulo 12

Nota dos editores 1) Dias, Luiz Fernando Carvalho, "Frei Heitor Pinto (Novas Achegas para a sua Biografia)", Coimbra, Biblioteca da Universidade, 1952.

As publicações do blogue:
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