quinta-feira, 5 de julho de 2012

Covilhã - Fotografias Actuais VI


Hoje vamos divulgar umas fotografias de alguns panos de muralha e de outros locais da Covilhã. As muralhas, edificadas talvez por ordem de D. Sancho I, formavam um polígono; à parte mais alta das muralhas chamava-se Castelo; estas foram alongadas e reparadas no tempo de D. Dinis e, provavelmente mais tarde, no reinado de D. Manuel, quando o Infante D. Luís era senhor da Covilhã. Em 1755 o terramoto destruiu parte das muralhas. Temos conhecimento disso, por exemplo através de "Memória da Vila da Covilhã (1758)”, do Dicionário Geográfico de Portugal do Padre Luís Cardoso, onde se diz:
  
"Tem esta villa muro em todo o circuito da freguezia de Santa Maria com sua fortaleza, e Castelo, quazi tudo arruinado e em partes destruido de todo, e a torre mayor cahio methade della este prezente anno, e parece foy ruina do terremoto..." (1)

Na Real Fábrica dos Panos foi usada pedra das muralhas, como podemos ver por uma consulta da Junta do Comércio de 1767: 

“Senhor
O administrador da fábrica da Covilhã, Paulino André Lombardi, tendo proposto a esta Junta que da diversidade e distância das casas determinadas inteiramente para o uso dos teares dos lanifícios, se seguia a incomodidade dos mestres, os quais não podiam ao mesmo tempo acudir ao ensino de uns e outros aprendizes […] foi deferido, que mandasse o suplicante formar um plano de toda a obra, que se julgasse necessária. E ele o representou à Junta […] lembra-se juntamente, e faz a sua exposição na conta inclusa, de que na vila da Covilhã se acham caídos há muitos anos todos os muros da mesma vila, estando, por consequência, inútil toda a sua pedraria; e porque esta pertence a Vossa Majestade, como também pertence a obra da casa dos lanifícios, que se intenta, considera que não será impróprio representar a Vossa Majestade a aplicação da referida pedra dos muros para o levantamento do edifício, suposta a sua inutilização presente. […]
Pelo que
Parece à Junta, que a proposta do administrador da fábrica doa lanifícios Paulino André Lombardi, está nos termos de ser representada a Vossa Majestade, […] e nesta consideração, parece que à câmara da vila da Covilhã seja V. Majestade servido ordenar, que à ordem do mesmo administrador mande entregar toda a pedraria dos muros caídos da vila, para levantamento do edifício da nova casa da Fábrica.
Lisboa a 12 de Novembro de 1767 
Ao cimo do documento pode ler-se:
“Como parece, e assim o mando
ordenar. N. S. da Ajuda em 9 de
Maio de 1769         R”.  (1)

A Covilhã muralhada


Pano de muralha junto da Porta do Sol

Portas do Sol: à direita pano de muralha e em frente a Cova da Beira

Pano de muralha na rua António Augusto Aguiar (junto ao Mercado Municipal)

Torreão de forma octogonal, hoje reservatório de água

Pano de muralha próximo da Capela do Calvário
   Em busca das muralhas que ainda existem na Porta do Sol, deparámos com o Palácio dos Ministros. Que pena o pau de bandeira dificultar a visão do brasão! Acerca deste edifício e a propósito do brasão, Luiz Fernando Carvalho Dias diz-nos: "Outro brasão de armas existente ainda na Covilhã é uma pedra do século XVIII, no antigo palácio dos ministros sobre a praça fechada dos cereais. É um escudo quarteado que apresenta num dos quartéis uma estrela de cinco raios sobre um santor ou cruz de Santo André. Este palácio dos ministros, ou dos juízes de fora e corregedores que vinham à vila, é uma construção do século XVIII, fica situado no Largo de Santa Maria e pode ter ligações com edifício mais antigo pertencente ao concelho ou ao mercado da vila."

Palácio dos Ministros
   Agradaram-nos também algumas ruas, e construções sobre o ponto de vista arquitectónico, na zona da Porta do Sol.

Travessa do Peixe

Rua 6 de Setembro, casa onde habitaram os avós paternos do editor

Nota dos editores - As fotografias são da autoria de Miguel Nuno Peixoto de Carvalho Dias.
Fontes - O mapa é baseado em dados de Luiz Fernando Carvalho Dias e na sua obra "História dos Lanifícios (1750-1834)"; foi também consultada a obra "Do Foral à Covilhã do Século XII", de vários autores.
1)Estes extractos foram retirados da obra de Luiz Fernando Carvalho Dias "História dos Lanifícios (1750-1834) Documentos"

8 comentários:

  1. A Casa da Rua 6 de Setembro não era da família Paiva Tavares?

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  2. Possivelmente. O último andar esteve arrendado ao meu avô Álvaro da Cruz Dias e foi durante alguns anos a residência da sua família.

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  3. No muro tem um brasão de armas. Tem alguma informação desse brasão?
    Obrigado

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    1. Não possuo qualquer informação sobre o brasão que se encontra no muro do quintal do edifício. Há uns meses fotografei o brasão e constatei o estado lastimável em que se encontra, muito diferente do que apresentava nos primeiros anos da década de 50. Nessa altura, quando o meu pai, Luiz Fernando Carvalho Dias, mo mostrou, disse-me a que família pertencia. Infelizmente já não me recordo.
      Verificamos o seu interesse por estes assuntos, o que nos leva a pensar que se encontra ligado à Covilhã. Não se quererá identificar?
      Cumprimentos

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    2. De alguma forma encontro-me ligado à Covilhã, vivi na Covilhã e estudei na UBI, mas não sou da Covilhã. Conheço a história da casa, onde viveu António de Paiva Boléo, industrial da Covilhã, e seus descendentes até aos anos 80 altura em que um dos seus netos vendeu a casa. O meu interesse pela casa é devido à arquitectura da mesma e pelo brasão que tentei descobrir a razão do mesmo, mas nunca tive sucesso. É de lastimar que os proprietários da casa, os familiares ligados ao brasão e mesmo as autoridades locais deixarem chegar uma obra de arte que conta a história de uma família e de uma cidade a um estado de degradação. Quem sabe este blog não pode ajudar publicando as fotos de degradação do brasão de modo abrir os olhos da Covilhã e dos covilhanences para a conservação do seu património histórico.

      Cumprimentos.

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    3. Consegue-me as fotos do brasão? Em tempos tirei com um telemóvel, mas não estão bem visiveis. Obrigado

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    4. As nossas fotografias não estão famosas, dado o estado actual do brasão.
      Não as iremos publicar e para lhas enviarmos necessitamos do seu endereço electrónico.
      Cumprimentos

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