terça-feira, 31 de maio de 2011

Covilhã - Lista dos Sentenciados na Inquisição VI

Lista dos Sentenciados no Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa, Coimbra e Évora, originários ou moradores no antigo termo da Covilhã e nos concelhos limítrofes de Belmonte e Manteigas.

121      Diogo, x.n., de 19 anos, morador no Teixoso, filho de Gaspar Rodrigues, culpas contra o referido Diogo, de 4/3/1595 a 7/3/1595.
PT-TT-TSO/IL/28/12379                  

122      Manuel Lopes, x.n., de 40 anos, mercador de panos de linho, natural do Fundão e morador em Celorico, filho de Damião Lopes, x.n., mercador e de Isabel Fernandes, x.n., casado com Justa Rodrigues, de 4/6/1590 a 3/8/1598 (A mãe e os irmãos são os referidos sob os nºs 69, 43, 64, 65 da lista)
PT-TT-TSO/IL/28/7269

123      Diogo Lopes ou Diogo Lopes de Portalegre, ”o Podre”, x.n., de 45 anos, casado, natural e morador no Fundão, filho de Manuel Lopes e de Marquesa Mendes, x.n., neto materno de Lopo Mendes e de Isabel Dias,  fugiu de Portugal e instalou-se em Alicante com o nome de Diogo Rodrigues de Portalegre, de 4/6/1590 a 10/9/1598.(A mãe é a referida sob o nº 81 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/239

124      Jorge Lopes, ½ x.n., solteiro, de 19 anos, cardador, natural e morador de Belmonte, filho de Luís Martins ou Luís Álvares ou Luís Álvares Martins, (½) x.v., cardador, e de Isabel Lopes, neta materna  de Jorge Rodrigues, x.n., e de Lerena Lopes, x.n., de 27/8/1595 a 4/11/1599. (A mãe é a referida sob o nº 125 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/4638.

125      Isabel Lopes, x.n., de 50 anos, natural de Belmonte e moradora em Lisboa,  casada com Luís Álvares ou Luís Álvares Martins, ½ x.v., cardador, filha de Jorge Rodrigues, x.n., e de Lerena Lopes, x.n., de 3/11/1599 a 12/1/1601. Auto de fé, na Ribeira de Lisboa, em 3/9/1600. (O filho é o referido sob o nº 124 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/6039.

126      Clara Fernandes, do Fundão, por casar 2ª vez, sendo vivo o 1º marido , 1597 a 1599
Não encontrámos no site do ANTT.

127      Leonor Rodrigues, x.n., do Teixoso, presa por judaizar, de 1599 a 1603  absolvida.
Não encontrámos no site do ANTT.

128      Ana Rodrigues, x.n., no  Brasil disse ter 80 anos, natural de S. Salvador da Baía, Brasil e aí moradora, 8/3/1593, relaxada em estátua, em 3 de Agosto de 1603. ( Proc 12142, mf 4190 ), viúva de Heitor Antunes, x.n., mercador, natural da Covilhã e morador na Baía, Brasil, 26/8/1591, acusado de idolatria,  ( Proc 4309, mf 1779, 1779 A e 4188 )
PT-TT-TSO/IL/28/12142 e PT-TT-TSO/IL/28/4309.

129      Fernando Antunes Leão, x.n., de 26 anos, bacharel em Medicina, natural do Fundão e morador em Castelo Branco, filho de Diogo Antunes e de Isabel Gomes, casado com Brites Jorge, de 7/11/1594 a 3/8/1603.
PT/TT/TSO/IL/28/12038.

130      Cristóvão Rodrigues, x.n., de 38 anos, tratante, natural do Fundão e morador em Guimarães, filho de Diogo Lopes, tratante e de Clara Rodrigues, casado com Leonor Rodrigues, de 15/9/1602 a  20/12/1602.(A mulher é a referida sob o nº 131 desta lista)
PT-TT-TSO/IC/25/899

131      Leonor Rodrigues, x.n., de 36 anos, natural do Fundão e moradora em Guimarães, filha de Gaspar Lopes, sapateiro e de Brites Rodrigues, casada com Cristóvão Rodrigues, tratante, de 4/4/1601 a  15/9/1602. (O marido é o referido sob o nº 130 desta lista)
PT-TT-TSO/IC/25/8809

132      Luís Henriques, x.n., mercador, natural do Fundão e morador em Guimarães, filho de Francisco Dias e de Isabel Lopes, casado com Maria Dias, de 7/9/1602 a  19/1/1605.
PT-TT-TSO/IC/25/3106
           
133      Isabel Gomes, x.n., de 30 anos, natural de Manteigas e moradora em Melo, filha de Francisco João, curtidor e de Catarina Gomes, casada com Baltazar Antunes, tosador, de 24/4/1604 a  24/1/1605.Beneficiou do perdão geral concedido pelo Papa aos cristãos novos em 21/1/1605
PT-TT-TSO/IC/25/10294

134      Isabel Rodrigues, x.n., moradora em Belmonte, casada com Afonso Rodrigues, ferreiro, em 14/8/1604
PT-TT-TSO/IL/28/6050                     m.f. 4226.

135      Leonor Nunes, x.n., de 30 anos de idade, natural e moradora no Teixoso, filha de Diogo Rodrigues, x.n., mercador e de Inês Nunes, casada com Garcia Rodrigues, mercador, de 12/12/1600 a 24/12/1604. (O sobrinho é o referido sob o nº 136 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/7332

136      Pedro Tomé ou Pero Tomé, ½ x.n., de 21 anos, almocreve, natural do Teixoso, filho de Pero Tomé, xv, almocreve e depois mercador e rendeiro e de Maria Nunes, x.n., casado com Catarina Gonçalves, x.v., neto paterno de Pero Tomé e Margarida Teixeira, x.x.v.v., naturais e moradores no Teixoso e materno de Diogo Rodrigues, x.n., mercador e Inês Nunes, x.n., moradores que foram no Teixoso, de 11/7/1603 a 29/1/1605, preso em 11/7/1603 por falsário, despacho de mesa de 29/1/1605, solto pela forma da bula de perdão geral.(A tia e o cunhado são os referidos sob os nºs 135 e 137 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/3289.                               

137      Manuel Gomes, x.n., de 30 anos, mercador vivendo de sua fazenda, natural e morador no Teixoso, filho de Gonçalo André, que vive de sua fazenda e Isabel Rodrigues, casado com Margarida Teixeira, ½ x.n., (irmã do anterior) preso em 28/7/1603, falsário, por perjúrio contra cristãos novos e ofensas contra o Santo Ofício, de 28/7/1603 a 2/4/1605, auto de fé de 1/4/1605 para ser entregue à justiça secular, mas gozou da bula do Papa, solto em 2/4/1605.
PT-TT-TSO/IL/28/4537

138      Manuel Fernandes de Cáceres, x.n., natural de Melo, morador em Lisboa, na freguesia de S. Nicolau, casado com Briolanja da Fonseca, filho de Miguel Fernandes, x.n., tratante e de Beatriz Luís, x.n., de 10/8/1604 a 18/1/1605. 
PT-TT-TSO/IL/28/1458.

139      Henrique Lopes, “ o Tourinho “, x.n., tosador, de 54 anos, natural e morador no Fundão, casado com Faustina Lopes, x.n., preso em 31/7/1604, foi solto em 19/5/1605 por gozar do perdão geral concedido pelo Papa aos cristãos novos de Portugal.
PT-TT-TSO/IL/28/2164.

140      Branca de Soria, x.n., fanqueira de tenda, de 31 anos de idade, natural da Covilhã, moradora em Lisboa, filha de Miguel de Sória e de Leonor Lopes, natural de Lisboa, casada com Vicente Nunes, natural de Lisboa, de 29/8/1601 a 17/1/1605. Não tem sentença, foi solta pelo perdão geral dado pelo Papa. Procº 11626
PT-TT-TSO/IL/28/11626.

141      Francisco Álvares, x.v., natural da Covilhã, filho de Francisco Fernandes, tosador e de Joana Rodrigues, preso por causa da fuga de António d’Olivier, 1605,  absolvido.
Não encontrámos no site do ANTT

142      Manuel Barbas ou Manuel Luís, x.v., de 20 anos, solteiro, tecelão de panos de lã, natural e morador no Teixoso, filho de Pedro Afonso, trabalhador e de Beatriz Tomé, neto materno de Maria Barba, de 28/9/1602 a 7/6/1605, preso em 22/5/1605, data do Auto de fé, por falsário, prejúrio,ligado ao processo de Pedro Tomé, do Teixoso, 2 anos para Castro Marim. (Ver o referido sob o nº 128 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/4277.

143      André Nunes Belmonte, x.n., morador em Belmonte em 7/6/1605.
PT-TT-TSO/IL/28/12580.
           
144      António Pires, x.v., natural e morador nas Cortes do Meio, Covilhã, preso desde 6/10/1608 a 1609, casado com Isabel Antunes, acusado de blasfémia, absolvido por sentença de 13/1/1609.
ANTT microfilme 1487 e 1487 A.
PT-TT-TSO/IL/28/283

145      António Lopes, x.n., de 35 anos, natural de  Sevilha e morador na Cidade do México, filho de Diogo Lopes, x.n., mercador, natural do Fundão e de Ana Lopes, x.n., natural do Fundão, casado com Maria Peres de las Casas, crioula da terra. O réu residiu em Sevilha e foi com os seus pais para a Cidade do México, de 6/6/1606 a 10/9/1607
PT-TT-TSO/IL/28/3976

146      Leonor Rodrigues, x.n., de 40 anos, natural da Guarda e moradora em Santarém e últimamente em Lisboa, filha de Simão Rodrigues, natural do Teixoso e de Lucrécia Dias, casada com António Ferreira, de 14/8/1606 a 5/4/1609, data do auto de fé.
PT-TT-TSO/IL/28/12347

147      Tomás da Fonseca, x.n., de 47 anos, médico, natural da Covilhã e morador em Lisboa, freguesia de Stª Justa, filho do Licº Lopo da Fonseca, x.n., médico, natural de Viseu e de Beatriz Henriques, x.n., natural de Pinhel e moradores que foram na Covilhã, casado com D. Isabel Coronel, x.v.?, castelhana, natural de Palência, (casou cerca de 1584 em Valladolid, Espanha), neto paterno de Duarte da Fonseca, mercador, natural de Viseu e materno de António Henriques e Maria Lopes, preso de 20/11/1609 a 1/8/1611. (A mãe e as irmãs, uma delas irmã consanguínea, são as referidas sob os nºs 50 e 60 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/1355
                       
148      Duarte Rodrigues, x.n., de 50 anos, sapateiro, natural do Teixoso e morador na Guarda, filho de Tomás Rodrigues, x.n., sapateiro e de Ana Fernandes, x.n., viúvo de Joana Rodrigues, de 27/1/1609 a 29/10/1613. Auto de fé de 31/7/1611
PT-TT-TSO/IL/28/7445

149      Sebastião Rodrigues, x.v., de 55 anos, almocreve, filho de Rodrigo Afonso e de Andresa Gregória, casado com Maria Rodrigues, natural do Peso, termo da Covilhã e morador em Alcains, de 7/5/1611 a 18/2/1614, por bigamia, abjuração de leve, açoitado publicamente pelas ruas, degredo nas galés por 2 anos, fazer vida marital com sua legítima mulher. Casou 2ª vez com Domingas Fernandes.  
 PT-TT-TSO/IL/28/3028.     

150      Francisco Rodrigues, x.n., 57 anos, sapateiro, natural de Belmonte e morador na Guarda, filho de Duarte Rodrigues e de Isabel Luís, casado com Isabel Rodrigues, de 4/2/1611 a 29/3/1616, auto de fé de 16/2/1614.

PT-TT-TSO/IL/28/13060

Fonte – Os dados em itálico foram retirados do “site” do ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo relativo aos processos do Tribunal da Inquisição.
Na cota dos processos, as indicações IL/28, IC/25 e IE/21 referem-se aos tribunais, respectivamente, de Lisboa, Coimbra e Évora.

domingo, 29 de maio de 2011

Covilhã - Memoralistas ou Monografistas I

Memoralistas ou monografistas da Covilhã

Convém enumerar os autores de monografias da Covilhã, os cabouqueiros da história local, aqueles de quem mais ou menos recebi o encargo de continuá-la, render-lhes homenagem pelo que registaram para o futuro, dos altos e baixos da Covilhã, das suas origens, das horas de glória e das lágrimas, dos feitos heróicos e de generosidade e até das misérias dos seus filhos, de tudo aquilo que constitui hoje o escrínio histórico deste organismo vivo que é a cidade, constituído actualmente por todos nós, como ontem foi pelos nossos avós e amanhã será pelos nossos filhos.
Não ainda em monografia, mas como simples descrição, registo a primeira imagem da Covilhã em forma literária. Cabe ao nosso Frei Heitor Pinto (1), o escritor português mais divulgado e com mais edições no século XVI. Trata-se de uma imagem enternecida, como que uma saudade de peregrino a adivinhar exílios, muito embora a abundância dos adjectivos desmereça da evocação:

 “ … Inexpugnável por fortes e altos muros, situada num lugar alto e desabafado e de singular vista, entre duas frescas e perenais ribeiras, com a infinidade de frias e excelentes fontes e cercada de deleitosos e frutíferos arvoredos. […] “ (2)



O século XVII legou-nos pelo menos duas notícias monográficas da Covilhã, uma de 1613, no Tombo dos bens do concelho e outra no “Agiológio Lusitano” de Jorge Cardoso.
Para a Academia Real da História, no século XVIII, destinada ao primeiro dicionário do Padre Luís Cardoso, escreveu o prior de São Silvestre, Manuel Cabral de Pina, a monografia mais completa dessa época, que constitui um trabalho sério, no sentido de que é possível hoje referenciar quase todas as suas fontes. O Padre Pina, que frequentou um ano a Universidade de Coimbra, era natural do concelho de Fornos de Algodres e colheu muitos elementos para a sua monografia nas cópias do Arquivo da Torre do Tombo existentes na Câmara e nos livros paroquiais.
Ainda no século XVIII a Covilhã conta com mais dois monografistas – ambos anónimos – um, o do manuscrito do Museu de Londres e da cópia deteriorada na Biblioteca Nacional de Lisboa, cujo trabalho reveste bastante interesse sobretudo sob o aspecto industrial, que se encontra publicada segundo a primeira fonte, no volume I dos nossos “Documentos para a História dos Lanifícios” (3); e o outro, o daquela memória do 2º Dicionário Geográfico do Padre Luís Cardoso, cujo interesse é diminuto. Também a publiquei no mesmo volume.
No século XVIII há contudo outras monografias focando em primeiro plano a indústria dos lanifícios. Todas as que encontrei, recolhi e deixei publicadas na já referida colectânea.
O século XIX abre com o trabalho do luso-brasileiro, oriundo da Covilhã, Dr. João António de Carvalho Rodrigues da Silva sobre a indústria dos lanifícios. Tivemos oportunidade de publicar uma segunda edição deste curioso estudo na revista “Lanifícios”, no ano de 1955 (4). Continua a série com a memória do Dr. João de Macedo Pereira Forjaz, bastante documentada e com alguns valiosos estudos na imprensa local de dois entusiastas da História da cidade, o Dr. Valério Nunes de Morais e seu sobrinho o Dr. António Mendes Alçada de Morais. Finalmente a fechar a série surgem os “ subsídios para a Monografia da Covilhã “ de Artur de Moura Quintela, muito completa para o seu tempo e ainda não ultrapassada no campo monográfico.
Também no século XIX se dedicou à História da Covilhã, embora que eu saiba nada publicasse, o Visconde Pereira e Cunha, pai do falecido jornalista e académico fundanense Dr. Alfredo da Cunha. O Visconde Pereira e Cunha foi provedor da Santa Casa da nossa terra e autor do “Livro das Heranças”. As Lápides dos Benfeitores da Igreja da Misericórdia, já destruídas, foram também da sua lavra. Porém o trabalho de pesquisa do referido provedor não foi além do fim do século XVII.
No século XX recordo o velho bibliotecário da Covilhã, Nicolau Alberto Ferreira de Almeida e ainda Alberto da Fonseca Oliveira. O primeiro alguma coisa deixou de interesse, também na imprensa local, do muito que sabia e conhecia da história da cidade e sobretudo merece uma palavra de saudade pelo muito que amou e defendeu a Biblioteca Pública Municipal.
O segundo, filho de um professor primário que ensaiou na Covilhã o método de João de Deus, poeta e pedagogo, com o qual se correspondia, forneceu ao Dr. José Leite de Vasconcelos várias notas de achados arqueológicos da região. Foi funcionário da Câmara Municipal e desagravou a cidade num pequeno opúsculo intitulado “Viva a Covilhã“, de uma injustiça que lhe assacou certo pasquim repleto de aleivosias, mentiras e injustiças.


Notas dos Editores – É provável que haja novas monografias, mas nós só temos conhecimento de uma publicada em 1970, na altura do centenário da cidade e reeditada em 1997: Silva, José Aires da, “História da Covilhã”, Covilhã.
1) Luiz Fernando Carvalho Dias publicou em 1953, “Fr.Heitor Pinto (Novas Achegas para a sua biografia)”. 2) Adaptado de Pinto, Frei Heitor, (1843) “Imagem da Vida Cristã”, Tomo II, parte II, fls. 741,742, Lisboa. 3) Esta obra foi publicada pelo investigador em 1956. 4) Revista que era propriedade da FNIL - Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios.

sábado, 28 de maio de 2011

Covilhã - Contributos para a sua História dos Lanifícios V

O tráfico dos panos

O cristão-novo Gonçalo Vaz, (1) curioso espécime do humanismo mercantilista covilhanense, escolar de Direito, de Medicina e de Humanidades em Salamanca e depois divagante dos claustros de Osuna, inquieto deambulante do mosaísmo e do cristianismo, mercador de cereais, armas, lãs e panos das feiras peninsulares, precisou, na Inquisição, de provar o seu percurso e a sua actividade nos anos de 1576 a 1579.
Nesses anos despachou na alfândega de Lisboa alguns panos de sua fabricação ou fabricados por familiares seus, do seu pai o Licenciado Fernão Vaz que foi procurador do concelho da Covilhã ou de seu primo o médico Diogo Gonçalves. As certidões desses despachos, oriundas da Casa da Sisa e dos Panos de Lisboa, escondidas em fólios do seu processo inquisitorial que nos auxiliaram a completar o quadro dos panos portugueses no século XVI (2) dão-nos uma ideia dos panos fabricados na Covilhã durante esses anos, dos seus preços e do cômputo da sisa. Esta andava à roda de 5 % ad valorem. O preço dos panos variava não só com a qualidade, mas também com a largura, portanto as variações de preço podem explicar-se, em panos da mesma qualidade, pela diferença da sua largura.
A estrutura técnica da fabricação dos panos figura praticamente nos regimentos. Primeiro nos regimentos de cada ofício, dentro do círculo municipal e indistintamente com a técnica de outras fibras, a lã e a seda. Depois no regimento nacional de D. Sebastião, exclusivo dos panos de lã.
Os regimentos dos ofícios constituíram regulamentações locais destinadas a assegurar a técnica do ofício, em defesa do consumidor. Daí esses regimentos serem organizados e aprovados pelo município, representante do interesse comum. A cidade ou a vila procurava assegurar aos habitantes a satisfação de certas e determinadas necessidades e para isso, chamava ao seu grémio os artífices a quem determinava a forma como deviam obrar na sua profissão, assegurando-lhes, por sua vez, a estabilidade e protecção, fixando as tabelas de preços e salvaguardando-os da concorrência exterior. São artesãos que trabalham para o mercado local.
Mas, com o desenvolvimento dos centros urbanos aumentam os profissionais de cada ofício. Onde primitivamente havia um sapateiro, um alfaiate, começará a haver dois, três e cinco. E assim, ao lado do interesse comum do município de velar pela boa técnica do ofício, pela capacidade dos mesteres, pela bondade dos artefactos e bens de consumo, começa a surgir, no mercado, um interesse novo fundado no mesmo ofício, interesse que não é já do município e da colectividade em geral, mas exclusivo dos seus artistas e obreiros. Deriva ele, primeiro da hierarquia de mestres, oficiais e aprendizes dentro da oficina e depois, da multiplicidade das oficinas. Manifesta-se primeiro por uma feição humanitária através de hospitais e atinge, depois, um carácter profissional quando o número de oficinas ou a abundância de mestres ameaça subverter a posição de equilíbrio entre a oferta e a procura de serviços.
O objectivo dos exames vai-se metamorfoseando. De método de seleccionar os melhores profissionais irá transformar-se em arma de defesa contra a concorrência de novos mestres ou para preservar a hereditariedade das oficinas.
É nesta altura que o município, defensor do bem comum, zelador da ordem e da paz na cidade, intervém: à sua função de realizador do bem comum não basta já acautelar a perfeição das obras do artífice; tudo se subverteria se as lutas de concorrência e da profissão gerassem a guerra dos mestres entre si ou dos oficiais e aprendizes com aqueles. Aqui o interesse profissional encontra-se com a actividade do município, obrigando-o a jurisdicionar a disciplina interna das profissões, publicando regimentos. O regimento engloba assim normas profissionais e normas defensoras do consumidor e normas dos fins ideais e religiosos dos artífices. Por isso é natural que as normas reguladoras da profissão se apertem ou alarguem conforme as variações dos mercados da mão-de-obra e do consumo e das relações de um com o outro.
            Mas não só ao mercador é permitido fazer panos. Podem obrá-los todos os mestres ou oficiais de cada secção, o cardador, o tecelão, o pisoeiro e o tintureiro; podem fazê-los os fidalgos e os plebeus e até os fiscais do regimento, os mesmos vedores. O comércio pode estabelecer-se entre todos; o pisoeiro pode comprar a enxerga ao tecelão e este vendê-la ao mercador. Apenas ao fiandeiro, pelo regimento de 1573, é vedado transaccionar lã ou fio, porque podiam prejudicar, roubando, os donos das matérias-primas. Só a política do ofício parece enclausurar-se no velho sistema do exame e da prática do ofício, como se deduz do regimento, mais para defesa do consumidor do que do próprio ofício. Mas tudo isto é velho e cheira a caruncho: o mercador substitui praticamente esta fiscalização municipal.  
Os mercadores da Covilhã partiam geralmente em 1 de Setembro para a Feira das Virtudes (3) e lá se mantinham até 10 ou 15 de Setembro, seguindo, em geral, para Lisboa onde acabavam de vender os panos aos mercadores da capital mas, como estes eram tardios no pagamento, aí aguardavam todo o mês de Outubro e Novembro. O mercador fabricante já não trabalhava só para o mercado directo, mas para o intermediário. Frequentavam também as feiras das Mercês e, na altura da Quaresma, partiam para a Flor da Rosa, onde feiravam a 25 de Março. Corriam o Alentejo e Algarve e vendiam  picotas aos Padres dos Conventos das diversas ordens religiosas.
Nas feiras juntavam-se fidalgos e plebeus, todos interessados no tráfico dos panos e com os mercadores da Covilhã e Fundão iam os da Guarda e de Castelo Branco.
Gonçalo Vaz alargava, porém, a sua actividade: importava espadas de Espanha e comerciava cereais. E em relação aos panos, não se limitava somente aos da sua fabricação.
Ao lado dos mercadores cristãos novos, muitos cristãos velhos seguiam a mesma via.

Reflexões de  Luiz Fernando Carvalho Dias

Notas dos editores: 1) Gonçalo Vaz é o referenciado sob o nº 100 das listas dos Sentenciados na Inquisição, que estamos a publicar.
2) Esta relação foi apresentada no capítulo IV desta série.
3) Feira ainda hoje existente, na aldeia das Virtudes, freguesia de Aveiras de Baixo, concelho da Azambuja.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Covilhã - Lista dos Sentenciados na Inquisição V

Lista dos Sentenciados no Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa, Coimbra e Évora, originários ou moradores no antigo termo da Covilhã e nos concelhos limítrofes de Belmonte e Manteigas

91        Isabel Rodrigues, x.n., de 32 anos, natural e moradora  no Fundão, filho de Simão Rodrigues, x.n., e de Beatriz Lopes, x.n., casada com Gomes Francisco, tintureiro, neta paterna de Henrique Ribeiro e de Beatriz Fernandes, moradores que foram no Fundão, de 5/6/1583 a 6/5/1584.( O pai é o referido sob o nº 14 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/3884                     m.f. 4148

92        Francisca Rodrigues, x.n., de 65 anos, natural e moradora no Fundão, viúva de Rodrigo Afonso, de 29/6/1579 a 6/1/1588.
PT-TT-TSO/IL/28/12662
                       
93        Manuel Lopes, x.n., de 35 anos, tendeiro, natural da Covilhã e morador em Teixugas, termo da Covilhã, filho de Fernão Lopes, x.n., tendeiro e de Beatriz Fernandes, neto materno de Fernão Lopes e Ana Gonçalves, casado em Leonor Henriques, preso em 8/2/1582. Solto em 26/8/1585. (a mãe é a referida sob o nº 32 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/7267

94        Guiomar Fernandes, x.n., de 80 para 90 anos, a “ Pêga Velha “ de alcunha, moradora na Covilhã, viúva do Pêgo, de 9/7/1579 a 22/7/1587.
PT-TT-TSO/IL/28/11256

95        Beatriz Nunes, x.n., de 28 anos, natural e moradora em Belmonte, filha de António Fernandes e de Guiomar de Paiva, naturais de Belmonte, viúva de Miguel Vaz. Auto de fé de 1/6/1586, de 1/3/1585 a 29/8/1586.
PT/TT/TSO/IL/28/9005

96        Gaspar Fernandes, x.n., de 65 anos, tintureiro, morador no Fundão, casado com Ana Fernandes, filho de Bento Fernandes  de Brites Gonçalves, de 10/5/1579 a 22/2/1587. Auto de mesa de 1587. (O filho é o referido sob o nº 114 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/12842.

97        Isabel Gomes, x.n., de 26 anos, natural da Covilhã e moradora no Fundão, casada com Diogo Vaz, mercador, filha de João Afonso, x.n., e de Ana Fernandes, x.n., neta materna de Fernão Vaz e de Maria Fernandes,  presa de 17/5/1584 a 9/11/1589. (A mãe e o irmão são os referidos sob os nºs 51 e 102 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/876.                

98        Isabel Rodrigues, x.n., de 30 anos, filha de Francisco Rodrigues “ O Picão “, e de Antónia Rodrigues, viúva de António Fernandes “ O Cáceres “, x.n., natural da ( Covilhã) e moradora na Covilhã, presa de 23/2/1582 a 27/1/1588.
PT-TT-TSO/IL/28/1208.                     

99        Leonor Rodrigues, x.n., de 30 anos, filha de Francisco Vaz de Cáceres e de Antónia Rodrigues, casada com Gonçalo Vaz, x.n., mercador, natural e moradora na Covilhã, presa de 17/3/1584 a 23/1/1588. Auto de Fé de 1/6/1586. (O marido é o referido sob o nº 100 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/7571.                    

100      Gonçalo Vaz, x.n., de 37 anos, mercador,  filho de Fernão Vaz, x.n., que foi procurador do concelho da Covilhã e de Isabel Dias, x.n., casado com Leonor Rodrigues, natural e morador na Covilhã, de 17/3/1584 a 26/9/1586. Auto de Fé de 1/6/1586. (A mulher e o irmão são os referidos sob os nºs 99 e 70 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/7772.     

101      Constança Rodrigues, x.n., de 48 anos, natural e moradora em Belmonte, filha de Francisco Rodrigues e de Beatriz Rodrigues, casada com Diogo de Paiva, de 1/12/1583 a 29/8/1586.
PT-TT-TSO/IL/28/13156.   

102      Manuel João, x.n., de 32 anos, tendeiro, natural da Covilhã e morador em Castelo Branco, filho de João Afonso, x.n., e de Ana Fernandes, x.n., neto materno de Fernão Vaz e de Maria Fernandes, casado com Margarida Rodrigues, de 15/3/1584 a 30/8/1586.( mãe e a irmã são as referidas sob os nºs 51 e 97 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/7171.    

103      Antónia Pinheiro, x.n., de 35 anos, natural da  Covilhã  e moradora em Celorico. filha de Jorge Pinheiro e de Guiomar de Cáceres, casada com Álvaro Vaz, x.n., cirurgião, de 26/4/1586 a 15/6/1587. Auto de fé de 20/9/1587.
PT-TT-TSO/IL/28/7503.                    

104      Catarina Rodrigues, x.n., de 50 anos, mulher de Francisco Lopes, natural de Trancoso e moradora no Fundão, filha de Fernão Vaz e de Francisca Ferreira, de 7/2/1582 a 14/11/1589, por judaísmo, Auto de fé de 1/6/1586.
PT-TT-TSO/IL/28/12741.

105      Marquesa Rodrigues, x.n., de 60 para 70 anos, natural e moradora no Teixoso, casada com Afonso Rodrigues, de 12/5/1583 a 1/6/1586, data do auto de fé.
PT-TT-TSO/IL/28/12430.

106      Beatriz Rodrigues, x.n., de 35 anos, moradora no Fundão, filha de António Álvares e de Francisca Rodrigues, casada com António Fernandes, “O Sete Cabeças”, ½ x.n., tosador, (O filho é o referido sob o nº 175 desta lista). de 22/6/1579 a 20/6/1587
PT-TT-TSO/IL/28/379

107      Francisco Ferro, x.n., de 40 anos, trapeiro, natural de Linhares, morador no Fundão, filho de Miguel Rodrigues e de Leonor de Cáceres, casado com Clara Dias, de 19/6/1579 a 14/5/1587.(Os pais e mulher são os referidos sob os nºs 11, 66 e 80 desta lista).
PT/TT/TSO/IL/28/12024.

108      Leonor Gomes, x.n., de 38 anos, natural e moradora no Fundão, filha de Henrique Gomes, x.n., e de Isabel Gomes, x.n., casada com Luís Gomes, mercador, de 1/4/1582 a 18/4/1587.
PT-TT-TSO/IL/28/1033

109      Isabel Rodrigues, x.n., de 25 anos, natural e moradora no Teixoso, filha de Diogo Rodrigues, x.n., tratante e de Inês Nunes, x.n., casada com Manuel Rodrigues, x.n., presa de 20/5/1587 a 12/10/1587.(O marido é o referido sob o nº 115 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/628.              

110      Leonor Rodrigues, x.n., de 24 anos, solteira, moradora na Covilhã, filha de Jorge Francisco, x.n., escrivão das sisas e rendeiro e de Isabel da Fonseca, x.n., presa de 26/4/1586 a 20/9/1587. (A irmã é a referida sob o nº 113 desta lista)
TT microfilme 2725;  PT-TT-TSO/IL/28/1012.         

111      Filipa Lopes, x.n., de 70 anos, natural da Covilhã e moradora no Fundão, filha de Francisco Fernandes, x.n., tosador e de Isabel Fernandes, viúva de Diogo Lopes, tosador, presa de 26/4/1586 a 14/12/1587.
PT-TT-TSO/IL/28/2210.    

112      Filipa Rodrigues, x.n., de 16 anos, solteira, natural e moradora na Covilhã, filha de Francisco Rodrigues, x.n., mercador e de Leonor da Fonseca, x.n., de 26/4/1586 a 25/9/1589. Auto de fé de 11/9/1587
PT-TT-TSO/IL/28/7251.    

113      Beatriz da Fonseca, x.n., de 20 anos, solteira, natural e moradora na Covilhã, filha de Jorge Francisco, x.n., escrivão das sisas e rendeiro e de Isabel da Fonseca, naturais da Covilhã, de 26/4/1586 a 14/9/1587. Auto de 11/9/1587. (A irmã é a referida sob o nº 110 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/9007.     

114      Bento Fernandes, x.n., de 25 anos, solteiro, tintureiro, natural da Covilhã e morador no Fundão, filho de Gaspar Fernandes, tintureiro e de Ana Fernandes, neto paterno de Bento Fernandes  de Brites Gonçalves, de 18/11/1585 a 13/1/1588. Auto de fé de 20/9/1587. (O pai é o referido sob o nº 96 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/7513.     

115      Manuel Rodrigues, x.n., de 32 anos, mercador, natural de Cerca, Castela e morador no Teixoso, filho de Baltazar Fernandes, x.n., e de Leonor Fernandes, x.n., casado com Isabel Rodrigues, x.n., de 10/5/1582 a 23/5/1588. Auto de fé de 1/6/1586. (A mulher é a referida sob o nº 109 desta lista)
PT-TT-TSO/IL/28/7172

116      Guiomar Dias, ½ x.n., de 40 anos, natural da Covilhã e moradora no Fundão, filha de Bastião de Ribas, castelhano e Leonor Garcia, casada com António Lopes, de 26/11/1583 a 14/11/1589.
PT-TT-TSO/IL/28/11198.               

117      Leonor Rodrigues, x.n., de 38 anos, natural do Sabugal e moradora no Fundão, filha de António Álvares, x.n., e de Francisca Rodrigues, x.n., casada com Diogo Rodrigues, sapateiro, (A filha é a referida sob o nº 154 desta lista). de 26/11/1583 a 14/11/1589.
PT-TT-TSO/IL/28/5491

118      Simão Rodrigues, x.n., de 27 anos, natural do Fundão e morador em Castelo Branco, filho de Domingos Rodrigues, x.n., e de Isabel Lopes, casado com Branca Dias, x.n., de 25/5/1582 a 7/6/1590.
PT-TT-TSO/IL/28/1345

118 A   Joana de Mendanha, x.v., de 40 anos, natural e moradora na Covilhã, de 15/10/1589 a 26/6/1598, Auto de Fé de 23/2/1597, por fingir visões e êxtases e favores do Céu. Em 1617 aparece a doar 4 lençóis à Misericórdia da Covilhã, conforme o respectivo Livro de Receita e Despesa de 1617. (2)
PT-TT-TSO/IL/28/4033

119      Jorge Vaz, x.n., de 40 anos, mercador, natural e morador na Covilhã, casado com Guiomar da Silveira, filho de Fernão Vaz, mercador, natural da Covilhã, freguesia de S. Pedro e de Beatriz Rodrigues, de 13/4/1592 a 9/4/1594. (O irmão é o referido sob o nº 120 desta lista)- G-23.
PT-TT-TSO/IL/28/3635

120      Francisco Vaz, x.n., de 35 anos, mercador, natural da Covilhã, morador em Lisboa, na Calçada de São Francisco, casado com Leonor Lopes, x.n., mercadora de panos, filho de Fernão Vaz, x.n., mercador, natural da Covilhã, freguesia de S. Pedro e de Beatriz Rodrigues, x.n., moradores que foram na Covilhã, de 20/9/1591 a 9/4/1594. Auto de fé, na Ribeira de Lisboa, 13/2/1594. (O irmão é o referido sob o nº 119 desta lista). G-26

PT-TT-TSO/IL/28/8949

Nota dos Editores - 1) Voltaremos a Gonçalo Vaz(procº 100) na série "Covilhã - Contributos para a História dos Lanifícios V" - e também para apresentarmos, com base no processo do Santo Ofício, aspectos da sua vida e da Covilhã no século XVI.

2)Sobre este processo de Joana de Mendanha ver a tese de licenciatura de Maria de Lourdes Fonseca David, intitulada “Subsídios para a História das Relações entre a Covilhã e a Inquisição” em  http://www.redejudiariasportugal.com.
Comparar também a curiosa referência feita ao Pe. Estêvão Magro, no mesmo processo, com as existentes no processo inquisitorial do "cristão-novo" covilhanense GonçaloVaz.

Fonte – Os dados em itálico foram retirados do “site” do ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo relativo aos processos do Tribunal da Inquisição.
Na cota dos processos, as indicações IL/28, IC/25 e IE/21 referem-se aos tribunais, respectivamente, de Lisboa, Coimbra e Évora.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Covilhã - Lista dos Sentenciados na Inquisição IV


Lista dos Sentenciados no Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa, Coimbra e Évora, originários ou moradores no antigo termo da Covilhã e nos concelhos limítrofes de Belmonte e Manteigas

61        Matias Martins, ”O Bacias” x.v., lavrador, natural e morador no Telhado, Covilhã, casado, por dizer ser impossível ressuscitar os mortos. Abjuração de leve, 23/1/1583.
PT-TT-TSO/IC/25/245                                 

62        Filipa Fernandes, x.n., solteira, natural de Seia e moradora no Teixoso, filha de Heitor Fernandes e de Isabel Fernandes, de 22/5/1580 a 3/1/1583.
PT-TT-TSO/IC/25/2035
  
63        Luísa Antónia, x.n., natural de Belmonte e moradora na Guarda, filha de António Rodrigues e de Antónia Rodrigues, casada com o Licº António Vaz, letrado, físico, de 23/11/1580 a 23/1/1583.(O marido é o referido sob o nº 70 desta lista)
PT-TT-TSO/IC/25/460                       m.f. 1585 e 1585A
                                   
64        Clara Rodrigues, x.n., natural e moradora no Fundão, mulher que foi de Duarte Rodrigues, filha de Damião Lopes, mercador e de Isabel Fernandes, auto de fé de 23/1/1583, abjurou. (A mãe e os irmãos são os referidos sob os nºs 69, 43, 65 e 122 desta lista)
PT-TT-TSO/IC/25/10237

65        Ana Lopes, x.n., natural e moradora no Fundão, viúva de Jorge Rodrigues, mercador, filha de Damião Lopes e de Isabel Fernandes, de 23/1/1583 a 2/5/1583, auto de fé de 23/1/1583.       (173/3758 ) (A mãe e os irmãos são os referidos sob os nºs 69, 43, 64 e 122 desta lista)
 PT-TT-TSO/IC/25/3758

66        Leonor de Cáceres, x.n., natural de Linhares, moradora na Covilhã, filha de Duarte de Cáceres e de Beatriz Soares, viúva de Miguel Rodrigues, de 16/12/1580 a 23/1/1583. (O marido é o referido sob o nº 11 da lista).
PT-TT-TSO/IC/25/1772                    

67        Antónia Brandão, x.n., de S. Vicente da Beira, mulher de João Fernandes, alfaiate, auto de 23/1/1583.
Não foi encontrado nos processos do ANTT.

68        Justa Henriques, x.n., moradora no Fundão, viúva de João Francisco, caminheiro da India, de 16/7/1583 a  23/3/1584.
PT-TT-TSO/IC/25/1192

69        Isabel Fernandes, x.n., moradora no Fundão, viúva de Damião Lopes, de 16/7/1583 a  23/3/1584.(Os filhos são os referidos sob os nºs 43, 64, 65 e 122 desta lista)
PT-TT-TSO/IC/25/1192-A
           
70        António Vaz, x.n., físico, médico, natural e morador na Guarda, casado com Luísa Antónia, filho de Fernão Vaz, procurador do concelho da Covilhã e de Isabel Dias, de 26/11/1584 a 22/3/1585, auto de 23/11/1584. (A mulher e o irmão são os referidos sob os nºs 63 e 100 desta lista)
PT-TT-TSO/IC/25/259

71        Francisco Rodrigues, x.n., mercador, natural e morador na Covilhã, filho de Jorge Rodrigues, sapateiro e de Leonor Rodrigues, casado com Isabel Mendes, de 8/3/1585 a 6/6/1586.
PT-TT-TSO/IE/21/7926
           
72        Pedro Vaz ou Pêro Vaz, “O Castelhano”, x.v., natural de Belmonte e morador em Horta, bispado de Lamego, filho de António Vaz, lavrador e de Leonor Pires, casado com Helena Lopes, acusado de proposições heréticas, de 23/1/1588 a  12/10/1589.
PT-TT-TSO/IC/25/7837

73        Diogo Dias, x.n., de 39 anos, sapateiro, morador no Fundão, filho de Simão Dias e de Maria Ferreira casado com Branca Gonçalves, de 20/6/1579 a 10/4/1582, auto de fé de 10/4/1582.
PT-TT-TSO/IL/28/12367

 74       Licenciado João Gramaxo, vereador da vila da Covilhã, de 10/5/1582 a 1/6/1582, acusado de impedir o recto ministério do Santo Ofício, absolvido, mesa de 1582.                 
PT-TT-TSO/IL/28/12627.

75             Madalena (ou Margarida?) de Horta, x.n., viúva, moradora na Covilhã, 12/7/1575,  absolvida, mesa de 1582. Data do óbito 11/4/1582
PT-TT-TSO/IL/28/11662          

76        Catarina Rodrigues, x.n., de 26 anos, mulher de António Rodrigues, tratante, morador no Fundão, filha de João Rodrigues e de Mor Dias, de 21/6/1579 a 30/6/1582, mesa de 5/4/1582.
PT-TT-TSO/IL/28/12943.

77        Catarina Gonçalves, x.n., natural e moradora em Belmonte, casada com Bartolomeu de Fontes. Auto de fé de 30/6/1582, de 8/11/1580 a 30/6/1582.
PT/TT/TSO/IL/28/8651

78        Maria André, x.v., de 60 anos, Aldeia Nova das Donas, viúva de Gonçalo Tomé, lavrador, acusada de proposições heréticas, de 22/6/1582 a 27/6/1583.
PT-TT-TSO/IL/28/3609        

79        Jorge Francisco, x.v., de 40 anos, ovelheiro, natural e morador no Fundão, filho de Francisco Rodrigues, x.v., e de Inês Afonso, x.v., casado com Ana Fernandes, x.v., acusado de heresia, de 23/6/1579 a 14/7/1583.
PT-TT-TSO/IL/28/6388
                       
80          Clara Dias, x.n., mulher de Francisco Ferro, paneiro, natural e moradora no Fundão, filha de Jorge Lopes e de Isabel Lopes, xx.nn., presa em 3/12/1580, relaxada, auto público de 6/5/1584
PT-TT-TSO/IL/28/4464

81       Marquesa Mendes, x.n., de 50 anos, natural de Penamacor e moradora no Fundão, filha de Lopo Mendes e de Isabel Dias, viúva de Manuel Lopes, de  21/6/1579 a 6/5/1584.
PT-TT-TSO/IL/28/12435. 

82        Justa Rodrigues, x.n., moradora na Covilhã, casada com Jorge Rodrigues, x.n., mercador e paneiro, filha de António Lourenço, x.n., e Clara Rodrigues, x.n., moradores na Covilhã. Presa em 14/7/1579. Auto de fé, na Ribeira, Lisboa, 6/5/1584.
Por perdão do Cardeal Arquiduque de 9/2/1588 foi-lhe levantado o cárcere e tirado o hábito sob permuta de 50 cruzados para obras da Inquisição.
PT/TT/TSO/IL/28/9300

83        Francisca de Matos, x.n., de 28 anos, natural do Fundão, filha de António Fernandes e Leonor de Matos, casada com Henrique Rodrigues, auto de 1/4/1582, de 22/7/1579 a 18/7/1583.
PT-TT-TSO/IL/28/12664

84        Filipa Antunes, x.n., de 20 anos, solteira, moradora no Fundão, filha de Simão Antunes, x.n., mestre de capela e de Leonor Henriques, x.n., (A mãe é a referida sob o nº 88 desta lista), de 3/4/1580 a 5/7/1583.
PT-TT-TSO/IL/28/2208

85        Helena Henriques, x.n., de 30 anos, mulher de Jorge Rodrigues, natural da Covilhã e moradora no Fundão, filha de Manuel Fernandes, natural da Covilhã e Leonor Vaz, natural do Fundão, viúva de Jorge Vaz, de 21/6/1579 a 7/5/1584.
PT-TT-TSO/IL/28/12161.                 

86        Guiomar Fernandes, a “Pêga“ de alcunha, x.n., de 32 anos, mulher de Domingos Gonçalves, de Caria, natural da Covilhã e moradora na Capinha, filha de Bechior Álvares e de Maria Fernandes, de 5/7/1579 a 7/5/1584.
PT-TT-TSO/IL/28/11189.

87        Guiomar Nunes, x.n., de 34 anos, natural e moradora em Belmonte, filha de Diogo Fernandes e de Isabel Rodrigues, casada com António Fernandes, (O marido é o referido sob o nº 18 desta lista), de 20/7/1579 a 6/5/1584.
PT-TT-TSO/IL/28/11520.

88        Leonor Henriques, x.n., de 40 anos, mulher de Simão Antunes, tosador ou mercador, natural de ( Monsanto ), moradora no Fundão, (A filha é a referida sob o nº 84 desta lista), presa em 20/2/1582. Auto de fé de 7/5/1584.
PT-TT-TSO/IL/28/1013.

89       Beatriz Rodrigues, x.v., de 30 anos, mulher de Gaspar Fernandes, estalajadeiro, moradora na Covilhã, por dizer que as indulgências eram patranhas, de 25/6/1579 a 29/4/1584, presa em 30/3/1584. ( Procº 496 ).
PT-TT-TSO/IL/28/496

90        Nuno Vaz, x.n., de 63 anos, tratante de roupa da India e mercearia,  natural de Trancoso e morador na Covilhã, filho de António Nunes, x.n., e de Ana Lopes, x.n., viúvo de Leonor Fernandes, preso de 23/6/1582 a 6/5/1584. Levar 100 açoites moderados, degredo de 2 anos para as galés, não falar mal do Stº Ofício.
Microfilme TT mf. 7505, item 3

PT-TT-TSO/IL/28/2145

Fonte – Os dados em itálico foram retirados do “site” do ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo relativo aos processos do Tribunal da Inquisição.
Na cota dos processos, as indicações IL/28, IC/25 e IE/21 referem-se aos tribunais, respectivamente, de Lisboa, Coimbra e Évora.