Inquérito Social - X
Continuamos
a publicar um inquérito social “Aspectos Sociais da População Fabril da
Indústria dos Panos e Subsídios para uma Monografia da mesma Indústria” da
autoria de Luiz Fernando Carvalho Dias, realizado em 1937-38.
Capítulo IV
A estabilidade (continuação)
Capítulo
V
Propriedade
Dividimos este
capítulo em duas secções: a propriedade da casa de habitação e a propriedade
das terras.
Quanto à
propriedade da casa de habitação temos a seguinte estatística:
Castanheira de Pera
aparece-nos, pois, como o grémio onde o operário se mantém ainda proprietário.
Gouveia vem a seguir e depois a Covilhã. O Norte e o Sul aparecem em último
lugar. Esta estatística refere-se mesmo aos operários solteiros que vivem
debaixo do pátrio poder mas, cuja casa pertence aos pais.
Em Castanheira de
Pera os operários constroem pouco a pouco a sua casa, pagando juros e
amortisando aquilo que pediram emprestado para a fazer. Em Gouveia e na Covilhã
a mesma tendência se verifica. Cebolais é, dentro da área do Grémio da Covilhã,
a terra onde predomina mais a casa própria.
A Gouveia, a Parada
de Gonta, a Melo e a Portodinho cabe a primazia das terras onde os operários
têm a sua habitação própria; Alvoco da Serra vem logo a seguir. Gouveia ocupa o
último lugar.
No grémio do Sul –
em Alenquer, Portalegre e Arrentela são muito poucos os operários proprietários
da sua casa de habitação; Alhandra, Vila Franca e Coimbra podem incluir-se num
grupo médio – em que a casa própria se equipara, em média, à casa arrendada;
Minde, em 55 operários, 41 têm habitação própria e, em Mação, todos a possuem.
Lisboa pode considerar-se como o centro onde a proletarisação é máxima, onde os
operários vivem todos em casas arrendadas.
No grémio do Norte
– o Porto equipara-se a Lisboa. Nos outros centros deste grémio, as casas
próprias e arrendadas quase se alternam, predominando sempre as arrendadas com
terras à volta, para cultivo.
É frequente
encontrar em alguns grémios, operários de lanifícios que são, ao mesmo tempo,
operários de campo; ou porque o trabalho na Indústria é inconstante; ou porque
possuem terras próprias; ou porque a família se reparte entre as lides da terra
e da fábrica, cultivando terras de outrém, por conta própria – ou, ainda,
porque o tear manual é uma espécie de distração do trabalho do campo e auxílio
para as estações em que este é diminuto.
Agora vamos referir
os operários possuidores de terras:
Por este
pequeno resumo pode verificar-se qual a propriedade rústica em poder dos
operários e, ao mesmo tempo, concluir que são estes aqueles que fazem da
indústria e da agricultura, o seu modo de vida. Temos assim que em Portugal 16%
dos operários de lanifícios conservam ainda uma parcela de terra que, em horas
aflitas e de crise, pode servir de auxílio às crises inúmeras porque passa a
sua profissão. Gouveia e Castanheira de Pera continuam a estar à frente da
estatística.
A
estatística das casas pode servir de base a uma política das casas económicas, conforme
a necessidade dos respectivos centros. No capítulo dedicado ao modo de
existência, voltaremos a este assunto e veremos a que pode levar a estatística
das rendas de casa. Disse atrás que em certas regiões os operários costumavam
construir casas para sua habitação, recebendo da usura o auxílio económico,
hipotecendo-lhe depois a casa como garantia do empréstimo e dos juros respectivos.
O que é a usura e os seus métodos é escusado dizê-lo aqui.
Cremos
que constituído um fundo de assistência para casas, a juro módico, muitos
operários construiriam por si as suas casas, com a dupla vantagem de retirá-los
à influência da usura e de lhes dar possibilidades de construirem casas para as
necessidades da sua família. Uma política de casas económicas, viria a resolver
o problema da habitação. Podia suprir-se o auxílio do Estado, com o de uma
Caixa que os ajudasse; sendo os operários a construí-las, podia atender-se
melhor às necessidades da família.
Nota dos editores - Como inserimos as tabelas segundo o sistema de imagem, aconselhamos os nossos leitores a clicarem com o rato sobre elas, para que o visionamento seja mais perfeito.
As Publicações do Blogue:
Capítulos anteriores do Inquérito Social:
Inquéritos III - I
Inquéritos IV - II
Inquéritos V - III
Inquéritos VI - IV
Inquéritos VII - V
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2012/09/covilha-inqueritos-industria-dos.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2012/09/covilha-inqueritos-industria-dos.html
Inquéritos VIII - VI
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2012/09/covilha-inqueritos-industria-dos_17.html
Inquéritos IX - VII
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Inquéritos IX - VII
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Inquéritos X - VIII
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