A Covilhã e os Filipes
Hoje apresentamos
um documento da eleição de dois procuradores do concelho da Covilhã às Cortes de Tomar de 1581 e respectivo auto de procuração:
“anbos junto posão ê nome delles / constituimtes
e todo povo jurar por Verda.ro Rej e Sõr destes Rejnos e senhorios delle a ell
Rej / dom Fellipe noso sõr q ê efeito por socesão / dereita o he e lhe poderão
Fazer preito e ome/najê ........... de vasellagê Fidellidade e obediêcia / na
Forma de d.to e asj podrão outrosj jurar / Ao primcipe dom dioguo seu
primogenito Filho / por Verdadª e llgitimo socesor dos fºs (ditos) Rej/nos e
senhorios… e poderão mais Requerer tratar e pedir todas / as cousas q
pellos apomtam.tos gerais e parti/cullares q na camara da fª (dita) villa se
Fizerão / se pedê e todo o mais q de novo som de elles.”
Naquelas Cortes Filipe II de Espanha é
aclamado rei de Portugal.
Procuremos
contextualizar:
Em 1578 o rei D.
Sebastião morre sem descendentes em Alcácer- Quibir. Sucede-lhe seu tio-avô, o
velho Cardeal D. Henrique, que não conseguiu decidir quem lhe sucederia no
trono. Quando morre em 1580, instala-se uma crise dinástica em Portugal e é
preciso escolher um rei. Os pretendentes, netos do rei D. Manuel, eram vários,
mas a batalha mais feroz vai ser travada entre Filipe II de Espanha, filho de
Dona Isabel, filha de D. Manuel, e de Carlos V, I de Espanha e D. António,
prior do Crato, filho ilegítimo de D. Luís, senhor da Covilhã, filho de D.
Manuel. Em 25 de Agosto de 1580, em Alcântara (Lisboa) ocorre uma batalha
decisiva e vitoriosa para Filipe II. Entretanto entra em Portugal e em 17 de
Abril de 1581 as Cortes de Tomar vão declará-lo rei de Portugal e estabelecer
que o reino português passa a formar com Espanha uma monarquia dualista, embora
Filipe II, I de Portugal tenha feito juramento de manter os direitos, costumes,
privilégios e liberdades dos portugueses. Não cabe aqui historiar o que
aconteceu nas décadas seguintes, mas sabemos que o domínio espanhol durou
sessenta anos.
Comemorou-se ontem, em 1 de Dezembro, o fim
desse domínio e por isso nos ocorreu publicar um dos documentos do espólio de
Luiz Fernando Carvalho Dias sobre o governo dos Filipes e a Covilhã. Este prende-se com a aclamação de
Filipe I nas Cortes de Tomar de 1581.
Já publicámos
documentos e textos relacionados com a Guarda, onde Luiz Fernando Carvalho Dias refecte sobre o
domínio filipino:
[…] “Das outras câmaras da comarca,
embora algumas tenham aderido abertamente ao invasor e outras se mostrassem
cautelosamente indecisas, como a da
Covilhã, uma houve que resistia abertamente: Castelo Branco.” […]
Postal antigo da antiga Câmara da Covilhã - construção filipina |
Câmara municipal da Covilhã Fotografia de Miguel Nuno Peixoto de Carvalho Dias |
Procuração
Saibão quamtos este estorm.tº de procuração / bastamte virem q no
ano do nacim.tº de noso sõr / jhu xpo de mill e quinhentos e oitenta e hu /
anos Aos nove dias do mês dabrill na villa / de Covilhãa na casa
da camara dela estando / presêtes o Lcº mygell Fereira juiz de fora
/ cõ allcada na fã (dita?) villa e termo e mjgell da / costa e cicio nunez joão
Frz vereadores na / fª villa e pero pachequo procurador do con/celho
ê ella lloguo per elles foj mandado cha/mar ha fª camara as pesoas nobres q
soem andar / na governamça cõ campan tangida da sollene / pelos procuradores
dos mesteres i sêdo juntos / hos abaixo nomeados e asinados per elle
juiz e / vereadores e procurador d cº lhe foy fº q ell Rej / noso sõr lhe
mandou per sua carta q êlle gesê duas / pesoas nobres pera asistirê nas
cortes q ora / qr fazer e fosê pesoas tais com o ophão tall / Auto se
Requeria sobre o caso Fizerão camara / cõ os da governamça e mesteres seg.dº
pelo / acordo constaria e forão êlleitos has mais / vozes pera procuradores das
fªs cortes ao fª // Mjgell da costa vereador e cavall.rº fidall/guo da casa
dell Rej e Fr.co Frz (ou Roiz) escrivão da / camara della aos quais lhe a
necesario Fazer se / lhe procuracão publiqua como per a iso se Re/queria
e llogo todos diserão qella davão poder aos sobrehos mjgell da costa e Fr.co
Frz pera q anbos junto posão ê nome delles / constituimtes e todo povo jurar
por Verda.ro Rej e Sõr destes Rejnos e senhorios delle a ell Rej / dom Fellipe
noso sõr q ê efeito por socesão / dereita o he e lhe poderão Fazer preito e
ome/najê ........... de vasellagê Fidellidade e obediêcia / na Forma de d.to e
asj podrão outrosj jurar / Ao primcipe dom dioguo seu primogenito Filho
/ por Verdadª e llgitimo socesor dos fºs (ditos) Rej/nos e senhorios e asj
asaber os mais seus sucesores / q llegitimam.te lhe socedão e isto na Forma
modo / e man.ra ê q se custumão Fazer os tais juram.tºs / e poderão mais
Requerer tratar e pedir todas / as cousas q pellos apomtam.tos gerais e
parti/cullares q na camara da fª (dita) villa se Fizerão / se pedê e todo o
mais q de novo som de elles // (fls. 82) llembrar se êproveito e proll do
comu asj do Rei / no ê gerall como da fª (dita) villa e termo ê parti/cullar pera
o q todo lha davão seu poder como / elles o tem .... e por elles
constetuintes estarê presêtes aceitarão a fª (dita) procuração / E jurarão
na fª (dita) camara cõ Fidellidade / e llelladade cõprir todo o acima fº (dito)
e Reque/rer o mais q pera o proveito do fº (dito) Rejno e povo / lhes lembrase
e se cõformarao cõ as mais / pesoas naturais q Rezão tivesê de êtemder ho / q
ao comu Rellevase e ê todo ho mais fazião / de verdade asj todos ooutorgarão e
asinarão / elles juiz e vereadores e procurador do consselho/ E Forão mais
presêtes na fª (dita) camara q asinarão / nuno camello belchior da costa
amtº do valle / Frco trancoso duarte dabreu Frco calldrª llujs / d’allm.da Frco
coelho baltezar de fig.do m.ell de / Figeiredo Frco lluis mjgell da nave antº
de / proença mejrinho todos dos q soê andar na / governamca e Frco Roiz e
Jeronjmo vaaz / e djoguo Frz antº affonso procuradores dos / mesteres da fª
(dita) villa de Covilhãa e eu amtº de // proemsa p.ro t.am ê ella e termo por
ell Rej / dom Fellipe noso Sõr q isto escrevj e em mj/nha nota trelladej e
asinej de meu prº sinall.
Fonte
- Livº 6º da Chancelaria do Sr. D. Filippe 1º, fls 81, 82
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2012/09/covilha-as-publicacoes.html
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