quinta-feira, 22 de março de 2012

Covilhã - A Misericórdia, um Instituição de Solidariedade Social XV


O património imobiliário das Misericórdias tinha origem em legados testamentários e doações inter vivos, quase sempre acompanhadas da imposição de encargos para a beneficiária, traduzida por disposições a favor da alma dos ofertantes ou de seus familiares.
     Hoje publicamos duas imagens do manuscrito de Luiz Fernando Carvalho Dias., referentes ao testamento que recolheu de “dona mªfea molher de luis freire de mello”, do ano de 1570, que também apresentamos.

Página 1
[...]
Página 4, a última, da cópia do Testamento


Trelado do testam.tº de dona mª fea molher de luis freire de nespereira


Dizem o provedor e Irmãos da Stª Caza da Mizericordia desta villa que a elles lhe he necessarjo o treslado do testamento que fez a tempo de sua morte Dona Maria fea molher que foi de luis freire de mello m.ºr na sua quinta De jneS pireira termo de Gouvea ozuoal que he o propprio aprezentão

Pede a v. m. lhe mande dar o treslado concertado com dous t.ªins per quoalquer tªm em modo que fação fee E R. M. 

         Mãdo a quallquer taballiam ha que for apresentado lhe de o trellado e na forma que pede ê Covilham e 3 de Junho de 602.
                                                             Faria 

         Saibam quantos este mãda he testamento virem que no ano do nacimento de nosso sºr Jhus xpo de mil he quinhentos he setenta anos aos dezanove dias do mês de abril no lugar denespireira do termo Da villa de gouveia nas cazas do s.ºr luiS frejre onde estava a Sña dona maria sua molher doente em hua cama com seu juizo perfeito que lhe deu ho Sñor deos loguo por ella foi dito que por quanto ella não sabia da ora da morte nem quando deos seria servido de a levar da vida prezente pera descarguo de sua consciemcia queria fazer seu testam.tº comiguo ãtonio vaz cura da igreia do dito lugar ho qual fez na maneira seginte item Dise primeiramente que encomemdava sua alma ao s.ºr deos que a criou he remio pºr seu sange preciozo he a virgem nosa sña he a todos os santos que rogem p ella item dise que quando sua alma de seu corpo se apartasse seu corpo fosse sepultado na igreia de são tiaguo de covilham onde jaz seu paj he em companhia de seu corpo vam dous frades do mosteiro de Sam frãcisquo de gouvea he p.ºr seu trabalho lhe dem a cada hum // Da hum hum abito novo item dise mais que ao tempo de seu falecimento ho primeiro oficio que he ho do emteramento se fasa inteiro he acabado cõ vinte cleriguos he o segumdo he o terceiro com des a cada hum ofertado cõ hu carneiro he hu caq. de triguo he hum odre de vinho a cada hu dos officios he sua cera he asi lhe daram por sua alma hum trintairo de santo amador com todas as mais obrigaçoins de igreia pera comprimento das quais couzas instetohia per seu testamenteiro ao s.ºr luis freire seu marido ao qual pedia  como pedio q tivesse muito carguo com ho comprimento de sua alma como cõfiava que elle ho faria he de sua fazenda não emtergase couza halgua se não ser tudo comprido item disse mais que deixava ao dito seu marido as teras de fireiras asi como estão cõvem a saber as tres quinhõens he as teras de peRaboa he asi todo ho q amtre ambas tem aferido he todos os moveis que troixe he tem em caza do dito // seu marido he todas as mais moveis mãdava que nhua pesoa nelles lhe falace porque assi elles como todo ho mais queria he era sua vontade que seiam dele dito seu marido item dise mais q deixava por erdeiro de toda a mais fazenda onde quer que se achar a seu irmão manoell dalbuquerque com hobregacam que elle fasa hua capella na mizericordia de covilham dentro na qual capella diguo que faça na mizericordia junto ao altar do esprito santo hua cepultura na parede pera …… ram seus oços donde estiverem sepultados he no altar do esprito Santo lhe mãdaram dizer em cada hu ano hi na coresma cada cesta feira dacemçam outra missa he dia do esprito santo outra missa he dia da vizitaçam outra missa he asi em todas he cada hua das festas de nosa sña he dia de todos os santos hua missa he dia dos finados hua missa cantada he dia de natal as tres missas da festa he quanto as missas da payxam dise que se disecem na caza da vera cruS he mãdou que em cada huu ano como asima desse hu alqeire de azeite a dita caza da vera cruS item mais queRia há ermjda de santo estevam desem hu cruzado he asi a catherina fernãdes molher de bertolameu hua vaqa pera sua filha  he asi dise que devia dois tostoins de hua certa obrigação os quais mãdava que se desem em missas per sua temção he quãto as couzas cõteudas  neste itê he capitolo he a seu cõprimento de alma  cõ ho trintairo dise q fosse a cõta de toda a fazenda della testadora he seus officios de nove Licoins no turno a cada hoficio he cada hu delles de quinhem (sic) .S. hu pellas almas de seu pai he maj na igreia onde estam sepultados he ho outro por seus irmãos he sua avo todo a custa de toda a fazenda como acima fiqa dito item dise mais que sendo cazo que ho dito seu irmão fosse falecido ou cazando não avemdo filhos elle dito seu maridoo fosse erdeiro De toda a fazenda porque asi ho institohia he mãdava depois de falecimento do dito seu irmão deixava por erdeiro da dita fazenda a cicio dalbuquerque seu sobrinho (1) he per morte delle seu sobrinho a dita fazenda fiquase a mizericordia he nhu dos sobreditos podem vender nem troqar nê alhear nhua couza da dita fazenda nem menos os provedores da mizericordia he cada hu delles he a mizericordia hem seu tempo comprira todas as couzas asima ditas tirado somente ho cõprimento d’alma com as couzas ditas no item atraz he pedia aos senhores vezitadores que em cada hu ano vizitando saibam se se cumprem as obrigaçoins atras de cada hu ano he as mãdem comprir he cada hu dos admnistradores que pello tempo forem daram ao dito vezitador hu tostam pera hua galinha // galinha per ho trabalho de semformar disto item dise mais que falecendo luis freire se cristina sua escrava ficar viva que ella fiqe forra he lhe dem de comer he ho neceçairo a custa da dita fazenda he per aqui dise que avia este testamento per acabado he firme  he valliozo he per elle derogava todo he cada hu que antes tivesse feitos pque este mãndava que valleçe he tivese forsa he dise mais q deixava hua camara das suas cazas em covilhãa ao dito luis freire seu marido testemunhas que ao todo estavam prezentes ho sr. Diogo de sampaio he a sña enlenaa he alda de mello molher de jorge gomes he elle jorge gomes he gil gonçalves todos moradores em Gouveia he caterina fêz molher de bertolameu afonso morador em nespereira he joam ãdre outrosi ahi morador he eu ãtonio vaz cura da igreia do dito lugar de nespereira que este fiz a roguo da dita testador(a) he per ella asinei diguo he asinei he ella asinou per si per saber asinar he dise mais ella testador(a) q todas as novidades de toda sua fazenda do ano de setenta fossem de seu marido he mãdava que nella lhe não fallacem per que asi ho avia por bem testemunhas as sobreditas feito no dia mês he era sobredita dona maria feeiaa (emendado), ãtonio vaz/ 

Aprovação do testamento

A 19/IV/1570, no lugar de nispereira, termo de Gouveia, nas cazas de moradas do sr. Luiz freire, moSo fidalguo da caza del Rei noso sr. Estando aí em cama doente a sña dona maria feea /riscado) sua molher, etc… tam Gil gonçalves pinheiro 

         Diogo de S. Paio tb. era moço fidalgo de casa del Rei
         Jorge gomes era cavaleiro
         Diogo fernandes era barbeiro, de Gouveia
         João fernandes, cardador de Sampaio
         Gil Glz pinheiro, t.ªm do público e judicial em Gouveia e seu termo pelo sr. Conde de portalegre, senhor da dita vila. 

O treslado do testº e aprovação é de Pero Falcão Tavares, tªm público de notas na Covilhã, por El Rei e do público judicial que ora serve em ausência dos proprietários por estarem em rezidência; em 1602/11/VI.
Emendei onde diz fea

Concertado por Sebastião Roiz, tªm.
                     Manoel d’Andrade 

Certificado do tªm belchior d’Oliveira, tªm do judicial na Covilhã, da letra de Pº falcão tavares e das assinaturas dos t.ªains concertantes – a 2/IV/1606.


Nota dos editores 1) Cicio dalbuquerque foi eleito Provedor da Misericórdia da Covilhã em 2 de Julho de 1595.

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