segunda-feira, 6 de junho de 2011

Covilhã - Sobre o Processo da Inquisição de Gonçalo Vaz III

Inscrições na Universidade de Salamanca – 1567/68

Luiz Fernando Carvalho Dias obteve de um Professor da Universidade de Salamanca, cujo nome não nos deixou, uma cópia dos termos de matrícula dos estudantes portugueses num dos anos (1567/8) em que Gonçalo Vaz (1) frequentou esta Universidade. Aí encontramos a prova da sua presença no curso de Leis, assim como da dos seus companheiros com quem judaizou, e ainda de outros covilhanenses: Um que, mais tarde, como comissário do Santo Ofício, intervirá no seu processo de Lisboa e outro, António Cão, irmão de Manuel Cão que irá ser morto por António Vaz, seu irmão.
Vamos hoje publicar essa lista dos termos de matrícula dos estudantes covilhanenses em Salamanca, que fica a uns duzentos kilómetros da Covilhã. No espólio do investigador encontrámos também uma estatística de estudantes portugueses em Salamanca nesse ano de 1567/68, que também publicamos.
A Universidade de Salamanca é uma das mais antigas da Europa, contemporânea de Sorbonne, em Paris, Bolonha, em Itália, ou de Oxford e Cambridge, no Reino Unido. Foi fundada no tempo do rei Afonso IX, de Leão, Espanha, em 1218 com o nome de Estudo Geral. Por comparação diremos que o Estudo Geral português foi criado no reinado de D. Dinis em 1288-90.
Esta Universidade discutiu assuntos tão relevantes como a importância do projecto de viagens para Ocidente apresentado aos Reis Católicos por Cristóvão Colombo (século XV), ou, depois, os direitos dos indígenas, habitantes de terras descobertas na América Central. Tornou-se um esteio essencial do poder absoluto em vigor na Época Moderna (século XV-XVIII) e um foco extraordinário de cultura. A sua fama foi tão grande que na 2ª metade do século XVI chegou a ter milhares de alunos inscritos, em especial provenientes da Península Ibérica. Só assim entendemos e damos relevo à lista que a seguir publicamos.
À margem, mas não menos interessante, vale a pena referir que Salamanca, onde Luiz Fernando Carvalho Dias gostava de passar dias a fio, é ainda hoje uma cidade a visitar e a usufruir. A praça da Universidade, com fachada de estilo plataresco, construída entre 1529 e 1533, é imperdível.

                               Salamanca - Praça da Universidade

Matrícula de Estudantes e  Bacharéis Covilhanenses e Contemporâneos de Gonçalo Vaz, na Universidade de Salamanca, Ano 1567/68
                                             
Em 12 de Novembro de 1567
fls 23 Álvaro Nunes, natural de Covilhã, diocese da Guarda (“ Alvº nuñez nªl de Cubillana diocesis de la Guarda”)
António Gomes, natural da Covilhã, diocese da Guarda.
fls 25 vº Domingos Geraldes, natural da Covilhã, diocese da Guarda.

Em 14 de Novembro de 1567, 6ª Feira
fls 28 vº Diogo de Figueiredo, natural de Manteigas, diocese da Guarda.

Em 18 de Novembro 1567
fls 40 vº António Rodrigues, natural da Covilhã, diocese da Guarda.

Estudantes e Bacharéis Legistas:
Em 12 de Novembro 1567                       
fls 55 Fernando Brandão de Mesquita, natural da Covilhã, diocese da Guarda.
fls 55 vº Gonçalo Vaz, natural da Covilhã, diocese da Guarda.

Estudantes Teólogos ano de 1567 em 1568
Em 12 de Novembro 1567
fls 70 vº Francisco Álvares, natural da Covilhã, diocese da Guarda, presta tº
fls 72 vº Jorge d’ Eça, natural da Covilhã, diocese da Guarda.
fls 74 Jorge Roberto, natural do Fundão, diocese da Guarda.

Medicina Sectatores (2)
Em 12 de Novembro 1567
fls 87 Rodrigo Jácome, natural da Covilhã, diocese da Guarda, b. ar.
Em 14 de Novembro 1567
fls 87 vº Marcos Rodrigues, natural de Estremoz, diocese de Évora b. ar..
Francisco Nunes, natural de Estremoz, diocese de Évora b. a.
Gaspar Nunes, natural de Torre de Moncorvo, diocese de Braga.

Faculdade das Artes
Em 22 de Novembro 1567    
fls 90 Diogo Rodrigues, natural da Covilhã, diocese da Guarda
fls 91 Domingos Álvares, natural do Fundão, diocese da Guarda
Francisco Moreno, natural do Teixoso, diocese da Guarda
fls 91 vº Jorge Rodrigues, natural da Covilhã, diocese da Guarda
fls 97 vº Marcos Dias, natural de Portalegre
fls 103 Álvaro Pais, natural de Castelo de Vide, diocese de Portalegre, em 1º de Junho 1568
António Rodrigues, natural da Covilhã, diocese da Guarda, em 18 de Junho 1568
fls 104 vº Melchior Vaz, natural da Covilhã, diocese da Guarda, a 30 de Outubro (1568)

fls 107 Gramáticos
Em 12 de Novembro 1567:
fls 110 António de Queimada, natural da Covilhã, diocese da Guarda
fls 113 Pero Barreiro, natural de Aldeia de Joanes (4), diocese da Guarda
fls 119 António Cão, natural da Covilhã, diocese da Guarda
fls 120 Jorge Martins, natural da Covilhã, diocese da Guarda
fls 121 Lourenço Mendes, natural de Aldeia Nova (4), diocese da Guarda
fls 127 Paulo Simão, natural da Covilhã, diocese da Guarda
fls 130 Francisco João, natural de Aldeia Nova (4), diocese da Guarda
fls 137 Pero Mendes, natural da Covilhã, diocese da Guarda
fls 139 Francisco Lopes, natural do Fundão, diocese da Guarda
fls 140 vº Melchior Vaz, natural da Covilhã, diocese da Guarda

Canonistas 1568:
fls 153 Lourenço Mendes, natural de Aldeia de Joanes (4), diocese da Guarda, a 23 de Junho.


        Estatística dos Estudantes Portugueses em Salamanca em 1567/68

Dioceses:
Braga – 129
Miranda – 71
Porto – 14
Lamego – 58
Viseu – 24
Guarda – 66
Coimbra – 30
Lisboa – 67
Évora – 56
Portalegre – 26
Algarve – 10 (diocese de Silves)
Tomar – 3 (não é diocese)
Angra – 6
Funchal – 2

Ao todo são 562 inscrições de portugueses. Há que contar que alguns frequentavam mais que uma faculdade e, portanto, aparecem matriculados em mais do que um lugar.

Notas dos Editores - 1) O referido sob o nº 100 Lista dos Sentenciados na Inquisição, cujo Processo estamos a apresentar. 2) O que segue ou o que acompanha o curso. 3) Os nomes de estudantes que se encontram em bold são os referidos no processo da Inquisição do covilhanense Gonçalo Vaz. 4) Aldeia Nova ou Aldeia Nova do Cabo, concelho do Fundão, que esteve ligada a Aldeia de Joanes.

Publicações neste blogue sobre o processo de Gonçalo Vaz:



sábado, 4 de junho de 2011

Covilhã - Contributos para a sua História dos Lanifícios VI

Da produção doméstica à industrial

Já vimos que também em Portugal se fabricavam panos, que mais não fosse o burel, para uso caseiro e aproveitamento da lã das pequenas explorações ovinas. Mas essas explorações caseiras não apresentam nenhumas características industriais. Por isso, fora o tear caseiro sem projecção documental mas imprescindível ao fabrico do burel, só o pisão, em regra, situado na margem das ribeiras, ou o pelame, para a deslanagem das peles, figuram nos documentos mais antigos. A sentença a favor de D. Dinis para se lhe pagar o foro nos Pisões da Ribeira da Cabrita e outros documentos garantem-nos que o pisão foi talvez o primeiro ofício da lã a tomar a forma artesanal, a constituir uma unidade económica independente, não só com vista à sustentação do seu mestre, mas também para abastecer os vizinhos do burgo, ou da vila, ou do termo, da enxerga tecida no tear caseiro ou importado do estrangeiro, v.g. Inglaterra. A posição económica do tinte deve ser idêntica à do pisão. O tear deve ter saído do círculo caseiro para o artesanal mais tardiamente. D. Afonso V, já no ciclo dos panos meirinhos, privilegia [a dois de Novembro de 1453] o tecelão de Penamacor Mail Levy (1), eximindo-o dos encargos do concelho e de alguns direitos reais. É singular que seja exactamente um judeu o primeiro artesão de tecelagem de que temos notícia em Portugal.
Com o reinado de D. Manuel, ou pela abundância de legislação ou porque de facto, como presumimos noutro lugar, fosse nele que se desenvolveu o fabrico dos tecidos, surge, entre nós, uma variada e completa documentação sobre os ofícios com ele relacionados.
Entre todos mencionaremos dois documentos que se referem à tecelagem: aquele que autoriza os tecelões e tecedeiras da Covilhã a recolherem a casa depois do Sino corrido e o que dispensa os mesmos de terem balança.
O primeiro indica-nos a existência de uma tecelagem fora do círculo caseiro e o segundo que a mesma já trabalhava para terceiros, ou seja, já trabalhava fora do círculo caseiro e até do círculo artesanal, num regime quase de assalariado, longe do mercado da compra do fio ou da lã e do mercado do tecido. A situação destes tecelões parece ser diferente da de Mail Levy, que embora não apisoasse os seus panos, devia, como bom judeu, levá-los às feiras da província.
No primeiro quartel do século XVI e no derradeiro quartel do século XV surgem-nos algumas referências aos tecelões de panos e os nomes de alguns chegaram até nós, da mesma forma que nos chegaram também notícias de vários mestres de panos, tanto da Covilhã como do Fundão. O lugar do Fundão figura assim no termo da Vila como a induzir-nos a aceitar uma tendência de organização de trabalho que pretende eximir-se à fiscalização municipal. Mas os mestres de panos, que não figuram como tecelões, tintureiros, cardadores, tosadores ou pisoeiros dão-nos a imagem de verdadeiros artesãos, orientando superiormente os vários ofícios dos panos, uma célula de organização industrial. Anos mais tarde depararemos com os pisões e engenhos na Covilhã. Presumimos serem já pequenas oficinas especializadas, trabalhando para o mercador que compra as lãs nos mercados de Portugal e Castela, as fia e carda pelos seus oficiais, as manda tecer ao tecelão com tenda aberta e, depois tosar, apisoar e tingir aos mestres destas oficinas; ainda no século XVI, mas já nos 2º e 3º quartéis e na Covilhã, aparece-nos uma figura curiosa de industrial e mercador – Fernão de Anes – que em certa diligência de 1541, orgulhosamente disse “ não ter criação de ninguém e vive(r) honradamente e abastado”; no seu testamento de 1564, depois de ainda frisar a circunstância de vir do nada e de dizer que já repartiu por seus filhos Francisco Fernandes 480.000 reis; João Fernandes 400.000 reis; António Fernandes 400.000 reis e Maria Fernandes 2.500 cruzados e instituir uma capela e vários legados com a sua quota disponível (a terça), declara que estes bens os ganhou e Deus lhos deu. Avaliamos a fortuna deste Fernão de Anes em cerca de 4.000 contos da moeda actual (1953).
Ora, Fernão de Anes, além de mercador, possuía como refere o seu testamento, vários pisões. O princípio corporativo com sua oficina tinha cedido definitivamente a um regime mais largo, a um regime de liberdade industrial: não só o mestre podia ter mais do que uma oficina, mas é o próprio mercador que se transforma em industrial, assenhoreando-se dos instrumentos da indústria, assumindo uma posição de direcção perante o mestre e os oficiais que atira para o assalariado. Mas no século XVI o tipo mais característico do mercador covilhanense é o que oferece o nosso já conhecido Gonçalo Vaz (2).
A sua actividade desenvolve-se deste modo: compra lãs em Castela e no Alentejo,- em Medina del Campo e Évora – manda-as escolher e cardar em sua casa, dá-as a fiar às muitas fiandeiras disseminadas pela Vila para, depois de urdidas, entregar as teias aos tecelões, visitando depois, diariamente estes e as oficinas de apisoamento, tosagem e tinturaria a quem entrega a enxerga para ultimar.

A liberdade de fabricação era, por vezes, condicionada pela defesa do consumidor: assim os pisões e a tosa deviam geralmente fixar-se nos centros principais de fabricação dos tecidos para, a todo o tempo, o vedor poder controlar o fabrico e os corregedores poderem, dentro do prazo, proceder aos varejos.
A estrutura económica do fabrico dos lanifícios pode resumir-se desta forma. Cada técnica tinha o seu processo de trabalho: a escolha das lãs, a escarduça e a cardação desenvolviam-se em regime de assalariado, sob fiscalização do traficante; a fiação era executada, por toda a vila, na casa dos fiandeiros, em regime de empreitada. A tecelagem, a urdidura das teias, o encher das canelas constituía um trabalho conjunto sob a direcção e para o interesse do tecelão que trabalhava, umas vezes, por conta própria, outras para o mercador que lhe movimentava a oficina. O pisão englobava, muitas vezes, a percha e a tosagem. E as tinturarias eram, normalmente, oficinas especializadas, trabalhando para o mercado do trato e auferindo os lucros da transformação que efectuavam, ao mesmo tempo que trabalhavam por conta própria, se também fossem mercadores.
Quem poderá negar que existia, na base desta organização livre, um capitalismo em embrião? O espírito do lucro e organização do negócio eram a chave de todo o tráfico.
O mercado nacional é o objectivo destes mercadores e fabricantes. O ciclo municipal estava naturalmente ultrapassado, por isso, não é de admirar que nos apareça no século XVI um regimento nacional a presidir à feitura dos panos, em oposição aos anteriores regimentos municipais.


Notas dos Editores – 1) ANTT, Chancelaria de D. Afonso V, livro 4, fl. 38 v. Recolhemos, entretanto, do espólio do investigador uma ficha referente a um documento dado em Santarém em 26 de Novembro de 1441 a um Salamam Cofem, tecelão da Covilhã, Chancelaria de D. Afonso V, livro 2, fl. 55, portanto anterior ao dado a Mail Levy. 2) Estamos a apresentar o seu Processo na Inquisição de Lisboa.


As publicações sobre os Contributos para a História dos Lanifícios:
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2017/05/covilha-contributos-para-asua-historia.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/11/covilha-contributos-para-sua-historia_29.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/11/covilha-contributos-para-sua-historia.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/10/covilha-contributos-para-sua-historia.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/08/covilha-contributos-para-sua-historia.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/07/covilha-contributos-para-sua-historia_9.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/07/covilha-contributos-para-sua-historia_6.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/07/covilha-contributos-para-sua-historia.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/06/covilha-contributos-para-sua-historia_22.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/06/covilha-contributos-para-sua-historia.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/05/covilha-contributos-para-sua-historia_29.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/05/covilha-contributos-para-sua-historia.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/04/covilha-contributos-para-sua-historia_27.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/04/covilha-contributos-para-sua-historia_23.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/04/covilha-contributos-para-sua-historia_6.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/04/covilha-contributos-para-sua-historia.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/03/covilha-contributos-para-sua-historia_16.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/03/covilha-contributos-para-sua-historia.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/02/covilha-contributos-para-sua-historia_26.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/02/covilha-contributos-para-sua-historia.html


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Covilhã - Sobre o Processo da Inquisição de Gonçalo Vaz II

Biografia/Dados biográficos de Gonçalo Vaz – cristão-novo, mercador e morador na Covilhã

 Gonçalo Vaz (1) é natural da Covilhã, Bispado da Guarda.
 Nasceu, provavelmente, em 1547.
     Era filho do Licenciado Fernão Vaz (cristão-novo, procurador do concelho da Covilhã) e de Isabel Dias (meia cristã velha). Teve vários irmãos.
 Com 10/12 anos dormia em casa de Filipa Dias, velha, viúva e sozinha que lhe ensinava a crer na lei de Moisés e não nos Evangelhos.
     Sabia ler, escrever, contar e da doutrina cristã; era baptizado, ia à Missa, comungava e confessava-se. Mais tarde, no Processo da Inquisição, diz que na Quaresma anterior a 1579 se confessara no Fundão, embora não tendo dito ao confessor que praticava a lei de Moisés.
 Até aos 12/13 anos esteve em casa dos pais.
 Em 1562, na noite de S. Pedro é acusado com mais dois amigos da morte de um rapaz, chamado Baltazar, por inimizades. Vai ausentar-se da Covilhã até 1566, ano em que é confirmada na Casa da Suplicação a Sentença de Livramento (2). Por esta se verifica que só um dos três foi dado como culpado e condenado. Gonçalo Vaz é absolvido, embora tenha de pagar custas do processo.
     Com um primo vai estudar para Valência de Alcântara 2 ou 3 anos, onde "ouviu" Gramática com o Mestre Amarilha, ficando em casa do primo Diogo Gonçalves, médico.
 Depois encontra-se em Belmonte em casa de um dos irmãos. A seguir fica um ou dois meses escondido em casa dos pais.
 Em 1567 e seguintes “ouviu” três cursos de Leis em Salamanca e em Osuna, na Andaluzia. Em Salamanca tem vários amigos (3) com quem convivia e judaizava (“pratica várias coisas contra a fé”). São eles:
      - Francisco Nunez que estudara Medicina e era de Estremoz (preso em Valladolid com outros estudantes);
      - Marcos Rodrigues, natural de Estremoz e estudante de Medicina
      - F. Fonseca, de Penamacor (Castelo de Vide?) e estudante de Artes;
      - Diogo Rodrigues, da Covilhã e estudante de Artes;
      - Jorge Rodrigues, da Covilhã e estudante em Artes;
      - Gaspar Nunes, de Torre de Moncorvo, estudante de Medicina;
      - Álvaro Pais, de Castelo de Vide, estudante de Artes.
 Entretanto deixou Salamanca com medo de ser denunciado como cristão-novo por algum colega. Pensava embarcar para França e foi a Lisboa.
 Vai para o Colégio de Osuna, onde permanece pouco tempo e vai-se confessar a um padre da Ordem de S. Francisco que lhe aconselhou a reconciliação. Dirige-se a Granada, onde se apresenta na Inquisição.
  O seu processo no Tribunal de Granada, começa em 15 de Setembro de 1569, sendo-lhe nomeado um procurador, Diogo Muñoz, por só ter 22 ou 23 anos. Depois de várias audiências chega a ser dado como “confitente fingido e dissimulado, confessando só o que lhe parece”. Os inquisidores, após a confissão das culpas (práticas contra a fé católica) consideram-no herege. Sentenciam “que o réu seja reconciliado em forma comum e seus pecados confessados, use hábito por um ano e seja durante esse tempo internado num mosteiro onde oiça missas e sermões e passado o ano seguinte largue o hábito”. Na sentença, dada e pronunciada na Praça Nova de Granada a 18 de Março de 1571, conforme certidão passada em 11 de Abril de 1572, diz-se que deve sair de hábito amarelo, com vela na mão, sem cinto nem carapuça com aspas vermelhas.
  
  
Granada - Praça da Santa Trinidad
Fotografia de Miguel Nuno Peixoto Carvalho Dias

Durante este período residiu em Granada nos cárceres da Inquisição e nos Mosteiros de Santa Cruz e Santa Trindade. Foi pedir perdão a Roma.                     
Enquanto estava em Granada disseram-lhe que o pai, Fernão Vaz, fora preso pela justiça secular (4) e como não tinha quem tratasse dos negócios, requereu aos juízes inquisidores para sair de Granada e vir para Portugal.
 Em Setembro de 72 residiu em Lisboa e em seguida na Covilhã, onde foi preso pelo juiz de fora “por dizer que tinha culpas tocantes ao Santo Ofício” e depois foi solto.
 Agora já é mercador de lã, panos, picotes, espadas, açafrão, trigo. Chega a ir mercadejar até ao Algarve e em Medina, em Castela. Faz panos. É considerado rabino dos cristãos novos da Rua Nova, Covilhã.
 Em 28/11/73 casa com Leonor Roiz, filha de Antónia Roiz e de Francisco Roiz Cáceres na freguesia de S. João do Hospital, Covilhã. Foram testemunhas Simão Roiz e Estêvão Roiz e o padre celebrante foi André Roiz. No Processo são referidos “os seus meninos”, mas não é indicado o número de filhos que teve. Até Dezembro de 1574 morou com o sogro. Mudou-se para a Rua do Licº Fernão Vaz, tendo ido viver para as casas de “Marçal de Colónia framengo” até ao S. João de 75.
 Entre 1573-79 cumpre o seu ofício de fabricante e mercador (5):
     - Depois de 73, na Quaresma, encontra-se em Lisboa para ir à feira das Mercês (4) vender trigo, hospedando-se em casa de Ana Lopes. Dá estas informações nas alegações do Processo de Lisboa, provavelmente para serem confirmadas.
     - Em 77 ou 78 está na Feira da Flor da Rosa e na Cidade de Évora donde regressa na véspera da Páscoa. Outros mercadores se encontram com ele: Manuel Henriques, filho de Fernão Manuel de Covilhã, Fernão Lopes, filho de Simão Roiz da Guarda e outros
    - Em 78 ou 79 passa a quaresma em Lisboa vendendo açafrão. Ficou hospedado em casa “de um estalajadeiro, natural de Castelo Branco, chamado João Antunes, casado com a mulher que foi do Galego”.
    - Em todos estes anos frequenta a Feira das Virtudes, (6) de 1 a 10 de Setembro e depois em Setembro e Outubro está em Lisboa para receber o dinheiro do que antes aí vendera e também para despachar.
 O processo da Inquisição de Lisboa: A partir de 9 de Julho de 1579 são ouvidas várias testemunhas que apresentam “culpas contra Gonçalo Vaz, cristão-novo, mercador, morador na vila da Covilhã”. Após os depoimentos de António Feo (clérigo), Manuel Ravasco (estudante de Medicina), Francisco Giraldes (cardador), António Gomez (prior), António Proença (meirinho), Manuel Fernandes (cardador), Diogo Vilela (tintureiro), António Roiz (cardador), Isabel de Jesus (religiosa professa), Isabel Teixeira (empregada em casa de Gonçalo Vaz – “sopeira, viveu por soldada”), outros e até de um irmão, António Vaz (médico na Guarda), é dado como culpado. (7)
     Em 1582 apresenta termo da fiança prestada por Jácome Borges, cristão-novo, mercador e morador na Rua Nova, em Lisboa, para a ida a Granada buscar “o treslado das suas confissões” no processo em que esteve implicado, nos anos de 68-69 e do qual fora reconciliado em 1572, como atrás foi referido. Volta a Lisboa para se defender das acusações de judaísmo que lhe são assacadas.
 No ano de 1583 “vistas as culpas, pareceu que se devia prender pelos ajuntamentos em sua casa, em dias assinalados, alimparam as casas nas sextas-feiras, lençóis lavados e fazerem o mais que costumam os judeus. Por ser Isabel Roiz sua cunhada, presa em Lisboa, com muita prova de judaísmo; comprara leite em panela nova…” É entregue ao Alcaide do Cárcere em 17 de Março de 1584 e apresentado à Inquisição de Lisboa.
     Em 1584-85 novas ou as mesmas testemunhas continuam a ser ouvidas, referindo vários aspectos sobre a vida judaízante em casa de Gonçalo Vaz. Muitas vezes as testemunhas incriminam de judaísmo, mais as mulheres que os homens, dizendo que estes, normalmente comerciantes, estão pouco tempo no lar e também “folgam fora de casa”.
     A partir de 1586 há uma “ Comissão para defesa passada pelos inquisidores para que os guardiães dos mosteiros de S. Francisco e Santo António e Jorge Martins, (8)   secretário do Santo Ofício de Lisboa, oiçam as testemunhas de defesa do réu”. São apresentadas várias certidões, como a de casamento, a Carta de Inimizade contra a família Cão, concedida por D. Sebastião e as da Casa da Sisa dos panos de Lisboa. (9) Gonçalo Vaz é chamado a fazer declarações, “explicando a sua vida” e em vários pontos é defendido por Manuel Lopes, escrivão, Gabriel da oSeca, mercador, Rodrigo Manuel, prior de S. Pedro, Rodrigo de Figueiredo, prior de S. Paulo, André Aranha, comendador de Santa Maria, Antão Vaz, cavaleiro fidalgo del Rei, António Vaz, tecelão de panos, Jorge Vaz e Francisco Vaz do Pelourinho da Covilhã, Manuel Dias, entre outros. As testemunhas de defesa são cristãos novos (x.n.) como o réu, mas também aparecem alguns cristãos velhos (x.v.), como António Afonso, Baltazar Ferreira, Bartolomeu Mendes, Miguel da Costa, Francisco Delgado e Fernão Cabral, alcaide-mor de Belmonte.
 No seu depoimento o réu Gonçalo Vaz diz também “que tem muitos inimigos por ter sido seu pai procurador do Concelho da Covilhã, entre eles Ciciso Nunez de Albuquerque; que é irmão de Luiz Vaz que há 14 ou 15 ou 16 anos matou de uma estocada Manuel Cão, filho do licº Mendo Cão e de Brites Proença” (10), já referido acima. É também inimigo o lic.º Estêvão Magro, prior de S. Tiago e Arcipreste, (11) António Feio, prior do Salvador e amigo e parente dos Proença e amigo de Estêvão Magro. Também diz ser inimigo de outro tipo de pessoas como Francisca Dias, parteira que o réu difamou, de Maria Antunes a quem há dez anos chamou ladra, alcoviteira e bruxa publicamente e de outras que disseram mal dele.
     Em 18 de Janeiro de 1586 é considerado católico por algumas testemunhas.
     A 1 de Junho de 86 ouve a sua sentença: “Ir ao auto-de-fé com vela acesa na mão, cárcere a arbítrio”.
     No dia 26 de Setembro de 1586 o processo de Gonçalo Vaz na Inquisição é dado por terminado e Gonçalo Vaz solto. Não sabemos a data da sua morte.
 A mulher, Leonor Roiz, (12) também foi presa pela Inquisição, quando o marido, mas só termina o seu processo em 1588.
Após a leitura do processo e a organização destes dados biográficos, achámos interessante apresentar os documentos que serviram de prova ao que Gonçalo Vaz foi declarando, bem como os depoimentos das testemunhas de acusação da prática de judaísmo da família Vaz. A partir daqui poder-se-ão estudar rituais e costumes judaicos.

1) Ver neste blogue Covilhã - Contributos para a sua História dos Lanifícios V e Lista dos Sentenciados sob o nº 100. 2) Contamos transcrever este e outros documentos do Processo. 3) Lista das matrículas dos bacharéis e estudantes portugueses na Universidade de Salamanca em 1567/8, que iremos publicar. 4) Pensamos que tenha sido por causa do processo de Manuel Cão. 5) Referências pormenorizadas no Processo. 6) A Feira das Virtudes ainda hoje se realiza em Setembro na Aldeia das Virtudes, freguesia de Aveiras de Baixo, concelho da Azambuja, Ribatejo.7) António Vaz é o nº 70 da Lista dos Sentenciados na Inquisição. 8) Jorge Martins é natural da Covilhã, estudou em Salamanca, contemporâneo de Gonçalo Vaz e sepultado na Igreja da Misericórdia, Covilhã. 9) e 10) Pensamos transcrever os documentos que Gonçalo Vaz apresentou no Processo. 11) Iremos apresentar, transcrevendo, os depoimentos das testemunhas que nos dão indicações preciosíssimas sobre rituais e costumes judaicos. 12) É referida sob o nº 99 da dita Lista dos Sentenciados. 13) “ “ Indicam transcrições do processo.

Publicações neste blogue sobre o processo de Gonçalo Vaz:



quarta-feira, 1 de junho de 2011

Covilhã - Sobre o Processo da Inquisição de Gonçalo Vaz I

Sobre o Processo da Inquisição de Gonçalo Vaz

 Luiz Fernando Carvalho Dias copiou o processo da Inquisição de Lisboa de Gonçalo Vaz (1) com o intuito de estudar a biografia deste covilhanense cristão-novo. Dela pretendia deduzir a vida comercial dos mercadores da Covilhã, bem como profissões, rituais, costumes e talvez a posição dos cristãos novos da Covilhã perante o resto da população. Não teve tempo de cumprir estes objectivos, mas nós vamos tentar realizá-los.

A maior parte dos processos da inquisição que consultámos, limitam-se a uma fastidiosa descrição de inúmeras ocorrências, sem precisão de datas nem de factos.
Revelam, muitas vezes, a necessidade que os apanhados nas malhas do Santo Ofício tinham de mostrar alguma  colaboração com o tribunal e de demonstrar um certo arrependimento, como forma de minimizar a sua situação e de sofrer a menor pena possível sem, por sua vez, causar muitos danos àqueles seus parentes e conhecidos que tinham de denunciar. Sobre os falecidos, os relatos que os denunciantes fazem são detalhados, mas quanto aos vivos, só relativamente àqueles com quem tinham ódios ou desavenças familiares é que sentimos nessas denúncias um desejo de incriminação. Estamos numa época em que quem se calasse e não delatasse poderia ser sujeito a torturas e à pena capital. Por isso, na maior parte dos processos o que vemos referido pode resumir-se ao seguinte tipo de relato: Que haverá certo número de anos e na casa de fulano, o denunciante encontrou-se com o réu e com F. e F. e confessaram que viviam na lei de Moisés, guardavam os sábados, dia em que vestiam roupa lavada, faziam o jejum nos dias prescritos pela lei mosaica e pouco mais. Se efectivamente era isto que eles confessavam, ou se era esta a forma mais cómoda e expedita para quem anotava estas declarações, assoberbado, certamente, por um imenso número de processos e desejoso de facturar o mais possível pelo seu trabalho, nunca o saberemos.
Das penas aplicáveis devemos transcrever o que esclareceu Anselmo Braamcamp Freire (2) sobre a fraseologia usada pelos Tribunais da Inquisição: “O que ela chamava cárcere perpétuo tinha a duração de três anos; o cárcere perpétuo sem remissão, cinco anos. Isto servia para aterrorizar os penitenciados e não só estes, mas todo o mundo, que essa era a preocupação da Inquisição”. Para além destas penas, havia, é claro, penas mais leves e a pena capital, em que o réu era relaxado (entregue) à justiça secular, terminando na fogueira.
No seu processo, o covilhanense Gonçalo Vaz conta praticamente todo o percurso da sua vida, inicialmente passada na Covilhã onde, em certa noite, segundo relata, junto a um pomar no “Pedregal” nos arredores da Covilhã, assistiu ao homicídio de um jovem de Penamacor. Depois, receoso das consequências, fugiu para Valência de Alcântara, em Espanha, onde tinha um primo, o Licº Diogo Gonçalves, médico.
Diz que em seguida seguiu para a cidade de Salamanca onde, durante três anos, frequentou a Universidade, no curso de leis. Luiz Fernando Carvalho Dias obteve de um Professor da Universidade de Salamanca, cujo nome não nos deixou, uma cópia dos termos de matrícula dos estudantes portugueses num dos anos (1567/8) em que Gonçalo Vaz frequentou esta Universidade (3). Aí encontramos a prova da sua presença no curso de Leis, assim como da dos seus companheiros com quem judaizou, e ainda de outros covilhanenses: Um que, mais tarde, como comissário do Santo Ofício, intervirá no seu processo de Lisboa e outro, António Cão, irmão de Manuel Cão que irá ser morto por António Vaz, seu irmão.
De Salamanca, com o receio de ser acusado pelos seus companheiros que haviam sido presos pela Inquisição em Valladolid, em virtude de ter participado em certo jantar escandaloso para os seguidores da Fé de Cristo, foge para Osuna, onde frequenta um colégio universitário. De Osuna, dizendo-se aconselhado por um padre a quem se fora confessar, vai apresentar-se à Inquisição de Granada onde fica preso e permanece, durante três anos nos Conventos de Santa Cruz e da Trindade. Acaba por sair desta cidade alegando que seu pai, o Licenciado Fernão Vaz, estava preso na justiça secular e necessitava do seu auxílio. De regresso à Covilhã inicia a sua actividade de mercador e fabricante de panos, dedicando-se também ao comércio de outros artigos, como espadas, lãs e açafrão pelas várias feiras do reino e percorrendo os vários caminhos da Península.
Mais tarde volta a cair nas malhas da Inquisição, chegando a ser acusado de Rabino da Covilhã. Os principais denunciantes são os pais e demais familiares de um seu conterrâneo pertencente às famílias “Cão” e Proença, com grande influência na Covilhã, que fora morto por seu irmão António Vaz.
Na sua defesa apresenta vários documentos e diversas testemunhas. Daqueles destaca-se uma Carta de Inimizade de D. Sebastião (4) que lhe foi concedida contra a família do falecido Manuel Cão, de forma a anular a sua denúncia. Das testemunhas que apresentou, aparece o alcaide-mor de Belmonte, Fernão Cabral, sobrinho bisneto de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil, vários religiosos da Covilhã, e um flamengo, Marçal de Colónia, que aparece frequentemente em vários documentos ligados à história dos lanifícios, o que revela as boas relações que ele mantinha quer com cristãos velhos, quer com cristãos novos.
     Mostra-nos ainda o processo o estado de ansiedade em que viveram Gonçalo Vaz e sua mulher durante a estadia na Covilhã do Visitador Marcos Teixeira. A testemunha Isabel Teixeira, x.v. (cristã velha), de 20 anos, que viveu de soldada em casa de Gonçalo Vaz, diz-nos que o pai de Gonçalo Vaz discutiu certo dia com o filho por causa de um livro que este lhe levara para fora de casa, dizendo que “só por esse livro nos podem queimar a todos”. Disse mais que Gonçalo Vaz, quando foi preso, a mandou chamar à cadeia e lhe pediu que não testemunhasse contra eles. Que nesse período a vigiavam e não a deixavam ir ao Castelo, onde Marcos Teixeira pousava e em todo o tempo que este esteve na vila os seus amos não dormiam despidos. Como curiosidade anotamos também que a testemunha Isabel Teixeira disse ainda, sobre a patroa e a mãe do réu, que elas iam a um olival junto à Fonte das Galinhas. Ora essa fonte, como se sabe, ainda hoje existe na Covilhã.
     O casal vivia na Rua Nova (5) em casa contígua à de outros familiares. Essas casas tinham sobrados abertos, o que possibilitava, em caso de necessidade passar de umas para as outras e conseguir a fuga com sucesso.
Nesta planta encontrada no blogue "Questom Judaica", de Outubro de 2013,
observamos umas linhas amarelas que representam os sobrados abertos

     Após a leitura deste processo compreende-se melhor  as razões que levaram os cristãos novos a desenvolver actividades mais ligadas ao comércio e à indústria, não os encontrando no sector primário, a viver em locais próximos da fronteira com Espanha e a serem possuidores, essencialmente, de bens móveis, evitando os "bens ao luar".

Notas dos Editores – 1) Já referido  neste blogue em Covilhã - Contributos para a sua História dos Lanifícios V e em  Lista dos Sentenciados sob o nº 100. Posteriormente ir-se-á apresentar a sua biografia.  2) Freire, Anselmo Braamcamp, “O Conde de Vila Franca e a Inquisição”, Lisboa 1899, pág 87, retirado de Azevedo, Elvira Cunha, “O Sefardismo na Cultura Portuguesa”, pág. 110, Colecção Mutações, Livraria Paisagem, Editora, Porto, 1974. 3) e 4) Contamos apresentar a lista dos bacharéis e estudantes covilhanenses na Universidade de Salamanca no ano de 1567/8, bem como transcrição de documentos e de testemunhos constantes do processo de Gonçalo Vaz. 5)A rua Nova, correspondia, em muitas terras, normalmente, à antiga rua da Judiaria, designação que deixou de ser utilizada após a expulsão dos judeus do país. Vide Tavares, Maria José Ferro, As Judiarias de Portugal, Edição Clube do Coleccionador dos Correios, CTT Correios de Portugal, 2010.


Publicações neste blogue sobre o processo de Gonçalo Vaz: