Assentos de Óbito 1811
Guerra Peninsular - Invasões Francesas
Covilhã
S. João de Malta
Covilhã - Igreja de S. João de Malta em 2011
Fotografia de Miguel Nuno Peixoto de Carvalho Dias
Óbitos 1
“Aos 18 dias do mês de Fevereiro do presente ano de 1811 faleceu da vida presente à tirania dos Franceses sem sacramentos Estêvao António Jacinto, solteiro, filho de João Rodrigues Jacinto e de Maria Josefa, naturais desta vila da Covilhã e moradores nesta freguesia, [ ... ], de 60 anos pouco mais ou menos.
Aos 12 dias de Março do presente ano de 1811 faleceu da vida presente à tirania dos Franceses e ainda se confessou Francisco Duarte, pedreiro, viúvo que tinha ficado de Ana Joaquina, desta freguesia de S. João de Malta, foi sepultado na cova da mesma Igreja, tinha de idade 57 anos.
Aos 27 dias do mês de Março do presente ano de 1811 faleceu da vida presente à tirania dos Franceses a quem confessei somente e não pude administrar mais sacramentos Joana Bernarda Feia Moreira, viúva que tinha ficado de Domingos Tomás, moradores que tinham sido nesta freguesia, foi sepultada na cova da fábrica, idade 65 anos.
Aos 27 dias do mês de Março de 1811 faleceu da vida presente à tirania dos Franceses “e sem sacramentos Catarina de Jesus, casada que tinha sido com João de Proença, o qual também morreu à força de pancadas dos mesmos tiranos” e moradores que tinham sido nesta freguesia. Eram muito pobres. Foram sepultados em cova da fábrica [ ... ]
Aos 28 dias de Março de 1811 faleceu da vida presente à tirania dos Franceses e sem sacramentos Bonifácia Jacinta, casada que tinha sido com Francisco Ferreira, moradores esta freguesia. Foi sepultada em cova da fábrica desta mesma Igreja [ ... ]
Óbitos 1 : Aos 2 dias do mês de Abril do presente ano de 1811 faleceu da vida presente com todos os sacramentos o Dr. António Delgado Feio, (tetravô de Luiz Fernando Carvalho Dias) casado que tinha sido com D. Ana Joaquina Lemos, natural desta vila de Covilhã e morador nesta freguesia de S. João de Malta e foi sepultado em cova da fábrica desta mesma Igreja. Tinha de idade sessenta anos pouco mais ou menos, não fez testamento de que fiz este assento que assinei dia mês e ano ut supra.
O Cura Agostino Antunes
Teve missa presente
Óbitos 2 : Aos 27 de Abril de 1811 faleceu D. Ana Joaquina de Lemos, viúva que tinha ficado do Dr. António Delgado Feio, natural desta vila de Covilhã e morador nesta freguesia de S. João de Malta e foi sepultada em cova da fábrica desta mesma Igreja e fez testamento que abaixo vai copiado (fls 2)
É seu testamenteiro e herdeiro o Padre Manuel Joaquim Morais Leitão, sobrinho de seu defunto marido “pois mo merece porque me tem feito todos os obséquios e só com ele me tenho achado nesta minha moléstia e desamparo em que fiquei pela morte de meu dito marido [ ... ]. Covilhã 8 de Abril de 1811.
Quem escreveu o testamento foi o Dr. João Álvares Feio.
S. Martinho
fls 66 vº
José de Oliveira, carpinteiro, casado que foi com Ana Fazendeira a primeira vez e agora com Ana Dias, natural de S. Paio, tem 59 anos de sua idade, pouco mais ou menos, e recebidos os sacramentos da penitência e comunhão menos o da Extremunção porque logo aqui entrou o inimigo, achando-se morto depois da saída do mesmo no dia 28 de Março de 1811 foi sepultado dentro desta Igreja de que fiz este termo dia mês e era ut supra.
O encomendado Pedro António de Figueiredo.
( O assento anterior é de 4 de Dezembro de 1810 e o seguinte é de 4 de Abril de 1811. A seguir nesta e nas outras freguesias há muitos casos de maligna. )
Francisco Martins, casado que tinha sido com Maria Rita Xarata, desta freguesia, tendo 28 anos de idade pouco mais ou menos, foi morto às mãos do inimigo junto ao povo de Pedrogam do Campo donde era natural aonde tinha ído visitar seus parentes e em cuja igreja jaz sepultado sucedendo sua morte segundo a informação que tive no dia 29 de Março do ano de 1811 de que fiz este termo.
Maria, viúva de Manuel da Silva, naturais de Gonçalo, moradora nesta freguesia, tendo 50 anos de idade, pouco mais ou menos, faleceu de debilidade na Vª de Manteigas para onde se tinha refugiado do inimigo nos fins de Março ou princípios de Abril do ano de 1811 como poderá constar dos livros da Igreja de S. Pedro da dita Vila aonde foi sepultada, tendo recebido os sacramentos de que fiz este assento dia, mês e era ut supra.
O Encomendado Pe. António de Figueiredo
S. Paulo
fls 105 vº
“ Aos 21 dia do mês de Fevereiro deste presente ano de 1811 faleceu assassinadamente pelos Franceses Manuel Lopes Rato, casado com Ana Joaquina Letruda, tendo de idade 30 anos, pouco mais ou menos e foi sepultado na Serra da Estrela no mesmo sítio em que foi assassinado, de que fiz este termo. Dia, mês e ano ut supra.
O prior João Monteiro.
“ Aos 21 dia do mês de Fevereiro deste presente ano de 1811 foi assassinado pelos Franceses António Tavares da Costa Lobo, solteiro, filho de José Caetano de Tavares da Costa Lobo e de sua mulher D. Mariana Antónia Josefa Freire Castelo Branco, tendo de idade 50 anos, pouco mais ou menos e foi assassinado na Quinta junto à ponte de Martir in Collo que é do Pe. Filipe Caldeira, na qual foi sepultado por estar esta freguesia ocupada pelos Franceses, de que fiz este termo cujo assinei. Dia, mês e ano ut supra.
O prior João Monteiro.
S. Vicente
fls 74
Nos últimos dias de Fevereiro depois de entrarem os franceses nesta Vila de Covilhã acharam-se mortos por estes inimigos as pessoas seguintes desta freguesia de S. Vicente:
João Baptista Robalo, de idade 69 anos, jaz sepultado no cemitério desta Igreja.
Joana Baptista, solteira, de 60 anos, jaz sepultada no Cemitério desta Igreja de S. Vicente.
Tereza Baptista, viúva, de 77 anos, jaz sepultada no Cemitério desta Igreja de S. Vicente, de que fiz este assento Covilhã 27 de Fevereiro de 1811. O Pe. Luiz de Matos e Souza.
S. Silvestre
fls 167
Aos 18 dias do mês de Fevereiro do corrente ano de 1811 sendo de idade de 50 anos pouco mais ou menos de um tiro que lhe atiraram os Franceses faleceu da vida presente sem sacramentos Manuel Giraldes, casado que foi com Maria Rabasquinha, naturais e moradores nesta freguesia de S. Silvestre e foi sepultado em cova da fábrica da mesma Igreja e para constar fiz este termo que assinei dia, mês e ano ut supra.
O Cura João Nunes Mouzaco
Aos dezassete dias do mês de Março do corrente ano de 1811, sendo de idade de 50 anos pouco mais ou menos, de umas pancadas que lhe deram os Franceses faleceu da vida presente sem sacramentos José Abrantes, casado que foi com Izidora Joaquina, desta freguesia de S. Silvestre, e foi sepultado em cova da fábrica da mesma Igreja e para constar fiz este termo que assinei dia, mês e ano ut supra.
O Cura João Nunes Mouzaco.
( O assento que antecede ao primeiro é de 11 de Março de 1811 e o seguinte ao anterior é de 15 de Março de 1811. Fala-se a seguir de mortes por febres malignas. )
S. Bartolomeu mixtos 3
fls 247
“ Aos 25 do mês de Fevereiro do ano de 1811 faleceu da vida presente José Lopes Rato, solteiro, tendo sido morto às mãos dos inimigos franceses que se achavam então de posse desta Vila, não recebeu sacramentos alguns por se vir achar já morto está sepultado nesta freguesia de S. Bartolomeu donde era freguês em cova da fábrica e para constar fiz este termo que assino.
O Vigário Manuel Roque “
“ Aos 25 do mesmo mês de Fevereiro deste ano de 1811 faleceu da vida presente e sem sacramentos José Paulo Rondão, que foi morto de um tiro dado pelos inimigos franceses que entraram nesta Vila, viúvo que era de Ana Maria Montez e foi enterrado em um campo junto á Capela do Sr. Jesus desta mesma Vila e para constar fiz este termo.
O Vigário Manuel Roque “
“ António Nunes de Morais casado que era com Ana de Jesus faleceu de doença que Deus N. Sr. foi servido dar-lhe na Serra próxima a esta Vila indo fugindo ao inimigo francez que então entrava nesta Vila aos 26 dias pouco mais ou menos do mês de Fevº deste ano de 1811 e não foi sepultado nesta Igreja de S. Bartolomeu mas sim na mesma Serra por se achar passados muitos dias e não se poder já conduzir em razão da muita corrução e para constar fiz este termo que assino.
O Vigário Manuel Roque. “
Fls 247 vº
“ Aos 24 dias do mês de Março deste ano de 1811, faleceu da vida presente sem sacramentos de confissão, comunhão e extremaunção por se achar morto António de Sequeira, solteiro, da vila de Manteigas e há muitos anos morador nesta vila, foi enterrado na cova da fábrica desta freguesia de S. Bartolomeu donde era morador e para que conste fiz este termo que assino.
Covilhã dia, mês e ano ut supra
O Vigário Manuel Roque
(a seguir)
“ Aos 24 dias do mês de Maio deste ano de 1811, faleceu da vida presente sem sacramentos por se achar morto António Delgado Ranho Verde desta freguesia, foi a sepultar no Adro da Santa Casa desta Vila e para constar fiz este termo.
O Vigário Manuel Roque
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