terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Covilhã - Invasões VIII

A Guerra da Restauração na Beira (1641)

Portugal esteve sob o domínio filipino (espanhol /castelhano) durante sessenta anos. Em 1 de Dezembro de 1640 dá-se uma revolta – uma conspiração – da qual resultou a queda de Filipe III e a aclamação de D. João, Duque de Bragança, como D. João IV.
     Uma das primeiras medidas régias foi a reorganização das forças militares, pois se sabia que o governo espanhol viria invadir Portugal para defender o trono filipino. Também foi criado o Conselho de Guerra, a Junta das Fronteiras e os Governadores de Armas. Para a Beira foi escolhido D. Álvaro de Abranches, com o título de capitão-general e residência em Pinhel. Foi precisamente uma “Relação” do que se passou em 1641 na Beira Alta raiana que encontrámos no espólio de Luiz Fernando Carvalho Dias. A Guerra da Restauração começou nesta altura, mas a Paz só é assinada em 1668. O documento não refere a Covilhã, mas várias terras da zona e até próximas. Ao lermos as fotografias da “Relaçam do que svcedeo na Prouincia da Beira, depois que chegou Dom Aluaro de Abranches por Capitão General della…”, ficamos convencidos de que na Beira só houve uma guerra de escaramuças, uma guerra do gato e do rato. Apresentamos também um mapa de Portugal (parte), onde indicámos povoações referidas na Relação.



 A descrição (a Relação) vai de 5 de Fevereiro a 30 de Setembro de 1641. Vamos evidenciar alguns aspectos do documento:
1 – Os portugueses são sempre valorizados em relação aos castelhanos.
2 – A prioridade era restaurar ou construir muralhas.
3 - É evidente a preocupação, em Junho, com a colheita de trigo e, portanto, a necessidade de proteger as pessoas que desempenhavam essa função.
4 – Esta guerra resumia-se a movimentos militares na raia e, por isso, por vezes a choques entre populares, quer de tipo religioso, quer a destruição de açudes ou de barcos carregados de trigo.
5 – Uma proposta, em nome do rei D. João IV, para que moradores castelhanos (da raia, claro) “se quisessem passar à sua obediência lhe tiraria os tributos, que pagauão aos Reys de Castella, & lhe daria todo o fauor, & ajuda necessário…”


    Neste mapa indicamos Coimbra, onde Álvaro de Abranches chegou a 5 de Fevereiro e muitas outras povoações fronteiriças referidas: Almeida, Pinhel, Sabugal, Sortelha, Alfaiates, Castelo Mendo, Castelo Rodrigo, Freixo-de-Espada-à-Cinta, Guarda. Em Espanha localizamos Ciudad Rodrigo. 



Sem comentários:

Enviar um comentário