Inquérito Social - VI
Mão de Obra Estrangeira:
Continuamos
a publicar um inquérito social “Aspectos Sociais da População Fabril da
Indústria dos Panos e Subsídios para uma Monografia da mesma Indústria” da
autoria de Luiz Fernando Carvalho Dias, realizado em 1937-38.
Empregados espanhóis:
Grémio de Castanheira de Pera - 1
Grémio do Sul ………………. - 3
Operários espanhóis:
Grémio da Covilhã ………… -
3
Grémio do Sul
………………. - 4
Empregados alemães:
Grémio do Sul
………………. - 1
Empregados franceses:
Grémio do Sul
………………. – 3
Empregados ingleses:
Grémio do Sul ……………….. –
1
O Grémio do Sul é aquele que
aproveita mais a mão de obra estrangeira: os mestres estrangeiros estão
distribuídos pelas fábricas de Arrentela, M. Carp, Portalegre e Vila Franca de
Xira.
A presente estatística vem demonstrar que a indústria
nacional se emancipou há muito da direcção e da mão de obra estrangeira e que
os nossos empregados e operários são muito aptos no desempenho das suas
profissões.
Profissão
dos Ascendentes:
Vamos apresentar agora a estatística
dos operários de lanifícios divididos conforme a profissão dos seus ascendentes
em primeiro grau.
Na Covilhã e em Gouveia, como principais centros da
indústria do país predomina entre a população fabril um número elevado de
operários nascidos e criados no seio da indústria. Os seus pais e, por
conseguinte, a sua família fazem da indústria modo de vida. Na Covilhã, é
acentuado o número destes operários, quer entre os masculinos quer entre os femininos:
há assim dois mil cento e onze homens e setecentas e trinta e três mulheres,
cujos ascendentes já trabalharam nos lanificios, ao passo que aqueles cujos ascendentes
trabalharam na agricultura são simplesmente novecentos e treze homens e trezentas e noventa e uma mulheres. Em Gouveia
o número das mulheres com ascendentes nos lanificios é menor do que o daquelas
cujos ascendentes trabalharam na agricultura;
temos assim neste grémio duzentas e noventa mulheres com ascendentes na indústria e trezentas e cinquenta e uma com ascendentes
na agricultura.
Em Castanheira de Pera predomina tambem a agricultura como
fonte da população fabril, enquanto que nos grémios do Sul e do Norte a população
das fábricas é vulgarmente constítuida por operários cujos ascendentes
trabalharam em mesteres variados.
O facto de em Gouveia o maior número de mulheres ser retirado
à vida do campo, vem demonstrar que as famílias operárias não fornecem o pessoal
feminino em proporção com a sua natalidade. Explica-se isto pela disseminação da
indústria neste grémio e com a falta de preparação técnica das mulheres para estes
serviços, pelo uso de uma mão de obra mista, repartida entre familias em que as
mulheres trabalham no campo e os rapazes na fábrica. Daqui provém que para a
fábrica vão só as filhas dos assalariados do campo.
No grémio da Covilhã a população industrial, com raízes agrícolas
provém, sobretudo, das aldeias e quintas do termo, e dos pequenos centros
industriais deste grémio, como o Tortozendo, Teixoso, Unhais da Serra e Cebolais.
A população mista, isto é, a formada por aquelas famílias
que repartem os seus membros pelo trabalho da indústria e do campo, se tem muitas
vantagens sociais como a melhoria dos salários, a melhoria das condições de
vida nos meios rurais, tem também as suas desvantagens v. g. a projecção da moral
inferior da fábrica na moral mais rígida do campo, a deformação da
mentalidade espiritual e religiosa da gente que trabalha na agricultura, pela
influência da mentalidade da fábrica; possibilidade de alastrar no campo, com o
auxílio e direcção dos operários das fábricas, certa mentalidade subversiva:
diminuição de educação e do sentido da hierarquia que os campos ferverosamente guardaram
e que a fábrica veio a degenerar.
A estatística apresentada, comparada com as listas das
naturalidades dos operários (a publicar no próximo episódio) com a consulta dos boletins de inquérito social, pode
indicar aos dirigentes, em época de crise aguda qual a atitude a tomar com esta
mão-de-obra, constituída por alguns membros de família cuja principal
actividade é a agricultura. Obrigando-os a voltar ao campo e às suas primitivas
actividades, melhor se pode cuidar daquela população que vive exclusivamente da
indústria para quem esta representa a única fonte de salário.
Entre
as causas de migração do campo para a cidade, já referimos a melhoria de
salário; tornamos a referir-nos a ela para salientar a formidável influência
que o luxo daquelas raparigas, oriundas do campo, que trabalham nas fábricas,
exerce naquelas que trabalham exclusivamente no amanho das terras e que é um
poderoso incentivo para as obrigar a abandonar mais tarde ou mais cedo a sua
condição.
Inquéritos VII - V
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2012/09/covilha-inqueritos-industria-dos.html
Nota dos editores - Como inserimos uma tabela segundo o sistema de imagem, aconselhamos os nossos leitores a clicarem com o rato sobre elas, para que o visionamento seja mais perfeito.
Capítulos anteriores:
Inquéritos III - I
Inquéritos IV - II
Inquéritos V - III
Inquéritos VI - IV
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2012/08/covilha-inqueritos-industria-dos_2.html Inquéritos VII - V
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2012/09/covilha-inqueritos-industria-dos.html
Sem comentários:
Enviar um comentário