O Processo da Inquisição de Gonçalo Vaz
Luiz Fernando Carvalho Dias consultou e copiou o processo da Inquisição de Lisboa de Gonçalo
Vaz (1) com o intuito de estudar a biografia deste covilhanense cristão-novo.
Dela pretendia deduzir a vida comercial dos mercadores da Covilhã, bem como
profissões, rituais, costumes e talvez a posição dos cristãos novos da Covilhã
perante o resto da população. Não chegou a cumprir estes objectivos, mas nós
procurámos realizar alguns.
Como já publicámos, o covilhanense
Gonçalo Vaz, no seu
processo, conta praticamente todo o percurso da sua vida, inicialmente passada
na Covilhã. Estudou em Salamanca, foi para Osuna e Granada, onde é julgado pelo tribunal da Inquisição, fica preso e
permanece durante três anos nos Conventos de Santa Cruz e da Trindade. De regresso à Covilhã
inicia a sua actividade de mercador e fabricante de panos, dedicando-se também
ao comércio de outros artigos, como espadas, lãs e açafrão pelas várias feiras
do reino e percorrendo os vários caminhos da Península.
Mais tarde volta a
cair nas malhas da Inquisição, chegando a ser acusado de ser o Rabino da Covilhã.
Na sua defesa
apresenta vários documentos e diversas testemunhas. Daqueles destaca-se uma
Carta de Inimizade de D. Sebastião que lhe foi concedida contra a família do
falecido Manuel Cão, de forma a anular a sua denúncia. Das testemunhas que
apresentou, aparece o alcaide-mor de Belmonte, Fernão Cabral, sobrinho bisneto
de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil, vários religiosos da Covilhã, e
um flamengo, Marçal de Colónia, que aparece frequentemente em vários documentos
ligados à história dos lanifícios, o que revela as boas relações que ele
mantinha quer com cristãos velhos, quer com cristãos novos.
O
Processo mostra-nos os costumes e rituais judaicos e ainda o estado de ansiedade em que viveram Gonçalo Vaz e sua
mulher durante a estadia na Covilhã do Visitador Marcos Teixeira.
Comunas de Judeus |
O
casal vivia na Rua Nova (2) em casa contígua à de outros familiares. Essas
casas tinham sobrados abertos, o que possibilitava, em caso de necessidade,
passar de umas para as outras e conseguir a fuga com sucesso.
Após
a leitura deste processo compreende-se melhor
as razões que levaram os cristãos novos a desenvolver actividades mais
ligadas ao comércio e à indústria, não os encontrando no sector primário, a
viver em locais próximos da fronteira com Espanha e a serem possuidores,
essencialmente, de bens móveis.
Procº de Gonçalo Vaz, nº 7772 Inquisição
Sua entrega ao Alcaide do Cárcere - 17/3/1584
Sua apresentação à Inquisição de Lisboa
b) - Auto de perguntas:
fora à cidade de Granada do Colégio de Usuna donde estava estudando por
se confessar com um padre da Ordem de S. Francisco e o aconselhar que se fosse
reconciliar a Granada, que andava afastado da nossa santa fé catholica e se foi
aos inquisidores e lhes confessou suas culpas e foi no ano de 68 ou 69 foi
penitenciado, saiu com o hábito penitencial e cumpriu a penitência.
Que lhe disseram lá que o pai fora preso pela justiça
secular e como não tinha quem fizesse os seus negócios requereu aos juízes
inquisidores para vir a este Reino e lhe mandarem passar uma certidão e pede
aos inquisidores de Lisboa para que lhe passem também uma certidão conforme se
veio a apresentar. Perguntado disse que esteve em Salamanca a estudar três anos
e que há quatro saíu de lá por ter praticado várias cousas contra a fé com um
Francisco Nunez que estudara medicina e era de Estremoz e haver medo que este o
denunciasse; e esteve em Osuna cerca de um mês, depois do qual se confessou ao
padre de S. Francisco e se foi então a Granada.
Perguntaram-lhe que culpas lá confessara.
Depois de dizer suas culpas mandaram vir o alcaide do
cárcere lhe foi entregue e lhe mandaram que o pusessem hua casa até ser
despachado.
Despacho dando ao Réu a fiança de duzentos cruzados de ir
ou mandar ao Santo Ofício do Reino de Granada buscar o treslado de suas
confissões, para o que lhe será dado uma requisitória, seja solto e isto
cumpriria dentro de 3 meses.
Termo de fiança dada por Jácome Borges, mercador, morador
nesta cidade, na rua Nova, aos 11 de Julho de 1562 ? - 1582
Sua apresentação passados 2 meses, e riscar da fiança.
Peças
do processo de Granada
Certidão de como foi reconciliado em auto público em
Domingo 18 de Março de 1571 - passada em 11 de Abril de 1572.
Reconhecimento da letra da certidão
Termo de recebimento da requisitoria
Requisitoria
Despacho da requisitoria
Confissão de Gonçalo Vaz em Granada, em 15 de Setembro de
1569
Compareceu Gonçalo Vaaz, natural de Covilhã, vila em
Portugal, Bispado da Guarda, “ estudiante que oye Leys en el estudio de
Salamanca “ de 22 ou 23 anos pouco mais ou menos. Que traz sobrecarregada a
consciência por ter andado fora da fé. Que tendo dez ou doze anos ía a casa de
uma velha que se dizia Filipa Dias, viúva, da vila da Covilhã, que o chamava
para dormir com ela por ser muito velha e viúva e só, que morreu há quatro ou
cinco anos, a qual lhe dizia que não havia de crer que N. S. Jesus Cristo era o
verdadeiro messias, porque este ainda não tinha vindo e quando viesse havia de
dar liberdade aos judeus, levá-los a Jerusalém e dar-lhes o Maná, que era
porque o tinha por filho que lhe dizia isto, que não cresse nos sermões, que a
ley de Moysés era a que se havia de guardar, porque Deus a havia escrito com
seu dedo, e a do Evangelho fora escrita por uns pescadores, que havia de
guardar os sábados, e que aos sábados se havia de vestir camisa limpa, que
havia um dia muito santo para os judeus que era aquele dia 10 de Setembro e que
nele não havia de comer de manhã à noite, que quando o fizesse, o fizesse
secretamente. E lhe disse que isto tudo o tivesse tão secreto que lhe mandava
Deus, que ainda que fora casado e estivesse com a mulher na casa, não lho
dissesse e creo tudo isto até à quaresma passada deste ano de 69 em que ouviu
pregar a djº de Payva, clérigo em Lisboa na Igreja da Misericórdia o qual
repreendeo muito a dureza dos judeus e por ver que ele era grande letrado e de
casta de confessor olhou para si e considerou que pois aquele sendo confessor e
letrado tão grande dizia mal dos judeus via que ele confessante não andava por
bom caminho. E vendo tantos cristãos e tão grandes letrados não era possível
que errassem todos e assim andou nesta confusão até ao dia de N. Senhora da
Natividade que ouviu fez oito dias estando em Osuna e ouviu um sermão que se fez na Igreja Mayor
e foi-se então confessar com um frade de S. Francisco cujo nome não sabe.
2ª Audiência
Que a dita Filipa Dias lhe disse que o dia 10 de Setembro
era um dia santíssimo e que ele jejuou até ao ano passado de 68, e que a dita
Filipa lhe dissera que naquele dia escrevia Deus no Céu a vida dos Homens. Que
também jejuava três dias um em Janeiro e no de Fevereiro - que a dita Filipa
lhe dissera que a 14 de Março era a festa dos judeus porque nesse dia tirou
Deus aos judeus do cativeiro de Faraó e que nesse dia não se comia pão com
levedura - Não sabe se a dita Filipa Dias a ensinou a outras pessoas.
Que depois de morta a dita Filipa, uma Gracia Fernandes,
mercadora, mulher de Diogo Fernandes, tendeiro, x. n., que vive na Covilhã ao
Pelourinho, que era muito sua amiga e ele está para casar com uma filha dela,
perguntou-lhe quando calhava o jejum da Rainha Ester, dizendo-lhe ela que
depois o avisaria. Três filhas desta Gracia prendeu a Inquisição de Portugal e
ela refugiou-se fora destes reynos em França ou Flandres.
Estando em Salamanca tratou com Francisco Nunes, português,
médico, natural de Estremoz, de quem era muito amigo, a quem comunicou o que
Filipa lhe ensinara.
Disse a Francisco Nunes que comprasse o Saltério de David.
Veio a saber que Francisco Nunes fora preso em Valhadolide
com outros estudantes portugueses, um dos quais se chamava Marcos Dias, natural
também de Estremoz e outro se chamava F. da Fonseca que era de Penamacor.
Passou depois Gonçalo Vaz a Lisboa com tenção de embarcar
para França, temendo ser preso e foi então que ouviu Dº de Payva e resolveu vir
a Osuna. O fulano Fonseca estudava Artes em Salamanca.
Genealogia
17 de Setembro de 1579
Era judeu, mas sua mãe tinha parentes cristãos velhos, não
sabe por que parte. Nada sofreu ainda com o Stº Ofício. Era cristão baptizado,
de missa e comunhão. Na Quaresma passada confessou-se no Fundão, perto da
Covilhã, com o cura dali e não lhe disse o que aqui confessou porque sabia que
ele não o podia absolver mas recebia o Santmº Sacramento e confessava todos os
pecados, salvo este de ter a ley de Moysés, sabia a doutrina cristã, ler,
escrever e contar, estudou Gramática em Valência de Alcântara, ouviu três
cursos de Leys em Salamanca e na vila de Osuna.
Esteve em casa dos pais até aos doze ou treze anos. Um ano
na noite de S. Pedro foi com outros companheiros a dormir e a guardar uma
horta, aonde de noite foram outros moços a furtar fruta e um que era o dono da
horta, saiu com uma “ vis aroma “ ? e feriu um deles na cabeça de que morreu;
todos depois se ausentaram da Covilhã e ele foi com um primo para Valência de
Alcântara onde esteve dois ou três anos e então ouviu Gramática e daí foi para
casa dum seu irmão para Belmonte onde esteve um ano, indo então depois para
casa dos pais onde esteve escondido um ou dois meses e daí foi para Salamanca
onde esteve até agora, não tendo saído dos Reynos de Portugal e Castela.
18 de Setembro de 1579
Tinha por costume rezar o Saltério de David uma vez por
semana. Disse que no fim de cada salmo não dizia o gloria patris.
Que não dizia o gloria, porque não havia que dar glória
mais que a um único Deus.
[(Afinal não diz nada de genealogia !) Este parêntesis é de Luiz Fernando Carvalho Dias]
Procuradoria - 20 de Setembro
Curador ad litem,
por ser menor de 25 anos.
Audiência de acusação, onde lhe foi notificada a culpa.
Nova audiência
Que se lembra que andando em Salamanca, lá estudava
medicina um português chamado Marcos Roiz, que vendo a ele confessante andar
tão devoto lhe perguntou como andava tão devoto e rezador. Respondeu-lhe que
seria conhecer a Deus também, que rezasse por um saltério, ao que lhe parece
que ele lhe respondeu que muitos salmos sabia de cor.
Não se recorda de quantas vezes falou a Marcos no caso,
mas costumavam andar juntos. Marcos chamava-lhe parente de Amatalo Lusitano que
fez um livro de Medicina e era judeu e não residia nem em Portugal nem em
Espanha mas em outras partes, E entendia que isto o fazia para motejar deste
judeu.
Marcos Rodrigues era de raça judaica de Estremoz, donde
também era Francisco Nunes e, que cria também salvar-se na Ley de Moisés.
É admoestado para que diga mais coisas.
10/12/78
Procurador (ad litem) Djº Muñoz nada tinha a dizer.
É dado como confitente fingido e dissimulado, confessando
só o que lhe parece.
Acusação:
3º - Ensinou muitas orações, uma das quais ainda na era “
sacada “ da lingua hebraica, para dizerem quando estavam atribulados ou na cama
sem sono.
4º Que não deviam dizer orações da Igreja, como Pater, Avé
Maria, Credo, Salva Regina.
Que Deus não tinha ressuscitado.
Que pelo que lhe disseram que Cristo tinha feito muitos
milagres, disse que não era verdade e que só havia de acreditar o que estava no
Testamento Velho.
Disse aos mesmos que a Virgem não tinha parido virgem,
porque isso era impossível e daí logo Cristo não era filho de Deus.
Que não era possível numa hóstia estar o filho de Deus.
Dissuadiu certos estudantes em Salamanca de estudar
Astrologia porque Deus na Ley de Moisés mandava que quem quisesse profetizar
coisas futuras o apedrejassem.
Observaram em Salamanca várias Páscoas à judaica, jejuaram,
comeram pão ázimo. Disse-lhes que havia de vir o Messias, que não havia
purgatório nem inferno, que era a sepultura para sempre, e o paraíso era ver a
Deus e o provava com a escritura; no Sábado, véspera de Páscoa florida comeram
assaduras por guarda da ley de Moysés, instruía pessoas na Bíblia, que o
Messias havia de vir, ria-se das imagens, tratou de casar segunda vez uma
pessoa casada, trazia autoridades para provar que adorando imagens de cristãos
adoravam ídolos, que os cristãos se não salvavam, que quando se via uma
testemunha fazer obras de cristão lhe dizia que estava pensando que estava em
glória, mas que estava no inferno.
Disse à mesma testemunha que havia outras pessoas da
Covilhã que faziam as mesmas obras que ele e não as confessava.
Como hereje e apóstata, dogmatizador de herejes, ficto e
simulado confitente, requeria-se para que fosse relaxado à justiça e braço
secular.
Lida a acusação disse que quanto ao geral nada tinha a
dizer, quanto ao particular respondia:
“ Que Francisco Nunes vivia numa casa próximo da sua, na
Calle de Pero o Coxo, entre S. Cristóvão e Stª Clara, lhe disse que se quisesse
jejuar era da manhã à noite, etc..., fala outras vezes nas préticas com Marcos
Roiz. Demonstrou depois a Francisco Nunes algumas autoridades de Saltério por
onde demonstrava que a Ley de Moysés era a verdadeira, que negava que tivesse
dito que não rezassem o Padre Nosso, Avé Maria, etc. a tal oração ainda não
traduzida, negou tudo.
Audiência - 12/12/79
Que sobre os cristãos novos da Covilhã disse que todos ou a
maioria eram judeus, que o disse a Francisco Nunes, mas não disse quem eram e
que se referia a dois companheiros irmãos que se chamavam Diogo Roiz e Jorge
Roiz, que estudavam Artes em Salamanca, hospedados na Calle de Pº o Coxo um
ano, e outro na Calle de Rabanal e que estes eram todos os da Covilhã que
conhecia.
Sabe que são judeus por terem jejuado várias vezes com eles
e por ter praticado várias vezes com os mesmos sobre a Ley de Moysés - a cuja
casa vinham outros com o já referido Fonseca, que era natural de Castelo de
Vide - na Calle de Pº o Coxo se descobriram uns aos outros que eram
- Gaspar Nunes, de Torre de Moncorvo, estudava medicina
-Álvaro Paez, de Castelo de Vide, estudava então Artes
os quais todos judaizavam - Francisco Nunes nunca lhes
mereceu confiança.
Diz que não se recorda de ter falado a mais alguém.
A 12/12 outra audiência :
Treslado em latim da oração encontrada na Bíblia do
Fonseca. Tirou-a de uma carta de Stº Agostinho que referia os milagres da Ley
Velha, agora responde quase sempre que tudo podia ser, mas que não se recorda.
- há onze ou doze anos que tinha a Lei de Moisés - até ao
ano passado de setenta e oito.
A Álvaro Paez é que ouvira fazer broma da virgindade da
Virgem, mas não se recorda dele o haver tratado com os companheiros em
Salamanca.
Audiência - 13/12
Foi Álvaro Paez que converteu ao mosaísmo - Marcos Roiz.
continua a confessar o que negara ou a dizer que não está
bem certo.
- aconselhava-os a que depois de comer lessem o Testamento
Velho que era a verdadeira lei.
- No fim de 67 Fonseca foi à terra e os companheiros deste
por S. Lucar voltaram a Salamanca e ouviu dizer a estes companheiros que
Fonseca se havia casado na terra. Quando este voltou a Salamanca, perguntou-lhe
se já tinha casado ao que ele respondeu que não estava casado por mão de
clérigo e que aquela mulher lhe havia “ hechizado “ e andava cego e daí a dias
veio a sua casa um António Diogo, da Covilhã, o qual tratou com Fonseca se
queria casar com sua irmã e ele lhe disse que sim e que Diogo o tratasse com
Gonçalo Vaz. Este disse ao Diogo que o Fonseca era bom rapaz e ela ficaria bem
casada, e o Diogo disse-lhe que havia ouvido dizer que o Fonseca estava casado
em Penamacor ao que o Gonçalo Vaz respondeu que tinha tratado com ele e ele lhe
dissera muitas vezes que não estava casado por mão de clérigo. Disse ao Fonseca
depois que se estava casado não tratasse de se casar. Outra vez onde estava a
moça, em Espanha, onde a trouxeram, disse-lhe o Fonseca que não tinha medo
porque não estava casado e com isto se foi com o dito Diogo e nunca mais o viu.
Sobre o assunto do casamento não torna a dizer nada, e nega que tenha dito ao
Fonseca que podia pela Ley de Moysés, casar com outra mulher tendo a primeira
ainda viva.
- O primeiro a falar a Francisco Nunes na Ley de Moysés,
foi o Fonseca, tendo ele ficado quente e este aconselhou depois o Gonçalo Vaz
que fosse falar com ele mais Gaspar Nunes porque era lido na escritura. Gaspar
Nunes pôs então como argumento para o Francisco Nunes o problema de que os
cristãos eram idólatras por via das imagens.
- Audiência (15 de Dezembro) como sempre estava presente
o curador de Gonçalo Vaz - Diogo Muñoz - continuou a resposta aos capítulos da
acusação.
Disse que tirou da Bíblia a oração da Rainha Ester e a
oração que rezava aos Domingos a toda a hora que podia.
Que a oração grande, transcrita atrás, a rezava às vezes
todos os dias, outras vezes de 8 em 8 dias.
- O Saltério deu-lhe Gaspar Nunes e os salmos estavam
pontuados com letras, com a letra P no Domingo, com L ao Sábado, etc...
Gaspar Nunes lhe ensinou isto.
As orações da Rainha Ester e a grande não lhe ensinou
ninguém; mas que estando um dia em Valverde, (Valverde del Fresno ?) lugar de
Castela, na raia desta com Portugal, em casa de seu irmão, que aí estava
homiziado pela morte referida, tirou-as dum livro d’ horas de um aduaneiro
porque gostou delas e as outras da Rainha Ester as tirou da Bíblia.
Confessa-se que sabe as 4 orações que todo o cristão deve
saber, o que espera salvar-se na lei de N. Sñr. Xpto.
Audiência - 15/12
Negou outra vez a acusação.
Audiência - 17/12
Nada se acrescenta para as várias diligências processuais e
para mandar proceder a outras diligências.
11/3/1570
O Réu declarou que nada mais tinha a confessar.
17/3 - audiência para autos conclusos.
27/6
Que o réu seja reconciliado em forma comum e seus pecados
confessados, use hábito por um ano e seja durante esse tempo internado num
mosteiro onde oiça missas e sermões e passado o ano seguinte largue o hábito.
Sentença:- foi dado como herege. Saia de hábito amarelo,
com vela na mão, sem cinto nem carapuça, com aspas vermelhas.
Não tire o hábito nem de noite nem de dia senão quando vá
dormir, não ande a cavalo, nem tenha ofício público, nem de honra, nem use das
coisas proíbidas ou vedadas aos reconciliados por Direito Comum e Real,
confisco dos bens e fazenda.
Dada e Pronunciada, na Praça Nova de Granada a 18/3/71.
Declaração da Sentença a 20/3/71.
Conclusão, levou-se ao Convento da Trindade em 20/3/71 e em 3 de Setembro se levou a Santa la Real.
22/3/72 - audiência e cumprimento da penitência.
Em Granada a 11/4/72
Vestiu-se dos seus hábitos particulares e foi-lhe concedido
sair, mas não para fora destes Reinos.
Aqui acaba o treslado.
Hieronimo de Pedroza (em português) diz que estavam
aqui outras culpas do mesmo Gonçalo Vaz, nas quais consta, não dizer de Gaspar
Nunes, médico, estudante de Torre de Moncorvo, nem de António Diogo de
Ponferrada, nem de Fernão Baranda, bacharel da Covilhã, porém como disto não há
mais duma testemunha não o obrigam, e como se veio a apresentar e trouxe
certidão como fora penitenciado em Castela, por isso fiz aqui esta lembrança.
Estas culpas andam no 2º caderno a fls. 274 e a testemunha
de todas elas é Gomez da aSeca e testemunhou em 9 br . 10 br. de 68 que foi
antes da conf. e reconciliação deste Gonçalo Vaz.
Fez-se diligência na Inquisição de Valhadolid sobre a
rectificação deste Gomez da aSeca e responderam os inquisidores que não estava
rectificado como constava do registo de 22 de 8bro. de 83.
(Gaspar Nunes é que em Salamanca o preveniu de que se
podia fiar de todos os outros estudantes citados) (3)
[...]
Notas dos editores – 1) Já referido neste blogue em http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2011/05/covilha-lista-dos-sentenciados-na_27.html sob o nº 100 e em http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2011/05/covilha-contributos-para-sua-historia_28.html a propósito da história dos Lanifícios.
2) A rua Nova, correspondia, em muitas terras, normalmente, à antiga rua da Judiaria, designação que deixou de ser utilizada após a expulsão dos judeus do país. Vide Tavares, Maria José Ferro, As Judiarias de Portugal, Edição Clube do Coleccionador dos Correios, CTT Correios de Portugal, 2010.
2) A rua Nova, correspondia, em muitas terras, normalmente, à antiga rua da Judiaria, designação que deixou de ser utilizada após a expulsão dos judeus do país. Vide Tavares, Maria José Ferro, As Judiarias de Portugal, Edição Clube do Coleccionador dos Correios, CTT Correios de Portugal, 2010.
3)Já publicámos parte do processo de Gonçalo
Vaz, mas hoje, dia 23 e dia 25 apresentaremos
todo o processo que Luiz Fernando Carvalho Dias tinha no seu espólio.
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