domingo, 17 de julho de 2011

Covilhã - Invasões I

A Invasão Francesa de 1810-1811
 
     A situação geográfica da Covilhã, próxima da fronteira espanhola, contribuiu para que a cidade sempre tenha estado aberta quer a homens em fuga, como os judeus expulsos de Castela no século XV, quer a soldados de exércitos inimigos, como espanhóis e franceses no século XVIII ou XIX.         
     O século XIX trouxe a Portugal o poder napoleónico que pela Europa se espalhava que nem um polvo. Os exércitos franceses traziam a devastação e a miséria, mas também foram veículo de ideias liberais que, juntamente com outros meios, vão contribuir para mudar Portugal a partir de 1820.
     Na Escola estudámos três invasões francesas, mas hoje fala-se muito numa Guerra Peninsular com cinco invasões: a 1ª em 1801, a pouco conhecida Guerra das Laranjas, em que Olivença foi irremediavelmente perdida. A 2ª (1ª dos nossos estudos da escola), em que os Franceses são comandados por Junot (1807), levou à saída da Corte (mais ou menos 15000 pessoas) para o Rio de Janeiro, ao forte domínio inglês e também terá posto em perigo a Covilhã. A 3ª (a 2ª) de Soult e do célebre e triste desastre das Barcas, no Porto. A 4ª (a clássica 3ª)de Massena (1810-1811) é a que se relaciona com os Assentos de Óbito de 1811 transcritos por Luiz Fernando Carvalho Dias e que hoje começamos a apresentar. Finalmente a 5ª, em 1812, foi uma nova invasão chefiada por Marmont que também andou pela Beira Baixa. Os Assentos referem Fevereiro de 1811 como o pior mês em que os franceses, o “inimigo”, invadiram, destruiram e obrigaram à fuga, muitas vezes para a Serra da Estrela; aqui morreram também de fome, frio e febres malignas, (“maligna”), embora alguns ainda tivessem tido tempo de assassinar muitos Franceses.
      Os assentos de óbito, de baptismo ou de casamento constituem os registos paroquiais, uma extraordinária fonte para a História Demográfica.
     Este é o nosso contributo para lembrar os Duzentos Anos (1811-2011) da terrível passagem dos Franceses pela Covilhã e arredores. Tem estado na mente dos Covilhanenses esta trágica memória?

in "Expresso", "Actual", 24/11/2007
Assentos de Óbito 1811
Guerra Peninsular - Invasões Francesas
Teixoso
(fls 62, do livro 6 de óbitos do Teixoso)
“ Declaração
Na invasão que fizeram os franceses neste Reino de Portugal no ano de 1810 e no ano de 1811 aquartelaram-se vários corpos do seu exército nas vizinhanças deste lugar e nele desde o princípio do mês de Fevereiro até ao princípio do sobredito e e último ano digo até ao princípio do mês de Abril do sobredito e último ano, sendo todo este espaço de tempo empregado em contínuos saques e ainda das serras ( sic ) vizinhas mais escarpadas; arruinou o sobredito exército todos os efeitos dos moradores deste lugar, profanou e destruiu todos os seus Santuários, e retirando-se por estas e outras razões os moradores para as montanhas, aonde e neste lugar faleceram os que abaixo nomearei e outros de que não tive notícia, assassinados pelos franceses, e outros de fome, frio e aflições, cansaços e também de moléstias que dos muitos encomodos se originaram, sendo uns enterrados na Igreja deste lugar e muitos mais no seu Adro, outros nos sítios em que os mataram e faleceram outros em Aldeia do Carvalho, Sarzedo, Manteigas e noutros povos vizinhos, falecendo muitos com todos os sacramentos, bastantes só com o da confissão e bem poucos sem sacramento algum; e enfim quase todos sem testamento à excepção dos que adiante se apontarem; faleceram pois nos ditos dois meses do ano referido ultimamente os abaixo nomeados e outros de que não há notícia sem que se possa declarar o dia certo das mortes por causa dos tumultos da guerra mais bárbara que tem havido entre nações civilizadas =
(Total - 140 pessoas)
Joaquim Sarrão, casado com Ana Antunes, idade 36 anos;
Um pobre desconhecido,assassinado pelos franceses, idade 60 anos;
Venâncio, exposto, idade ano e meio;
Lourenço, filho de José Fernandes Nave e de Maria Leitoa, idade 16 anos;
Rita da Fonseca, viúva de Simão Caronho, idade 70 anos;
Uma rapariga falecida na Quinta da Borralheira, desta freguesia, e de fora dela;
Manuel dos Santos, pedreiro, casado com Ana Ressia, idade 50 anos, assassinado pelos franceses;
Ana Antunes, casada com Lourenço Natal, idade 30 anos, assassinada pelos franceses;
Um pobre desconhecido, cuja idade ignoro;
Uma velha do lugar da Meimoa, cujo nome e idade ignoro;
Manuel, filho de Agostinho Fernandes Nave e de Maria Rodrigues, idade 17 anos, assassinado pelos franceses;
Mariana, filha de Manuel Antunes vila e de Luísa Correia, idade 20 anos;
Francisco Barandas, casada com Rosa Duarte, idade 40 anos;
João, filho de Francisco Canário e de Maria Antónia, idade 3 anos;
Catarina da Fonseca, viúva de José Rodrigues Madeira, 55 anos;
Maria, de idade de 6 anos; e
Ana, de 8 meses, filhos de António de Castro e de Maria Rita;
José, filho de Manuel Rodrigues Salvador e de Joana Francisco, idade 20 anos;
Teresa, filha de João Ferreira Sarando, idade de 18 anos;
João, filho de Francisco José Carpinteiro e de Maria Teresa, idade 15 anos;
Maria Pais, casada com José da Costa Peixoto, idade 45 anos;
Teodora, de 8 anos; e
Maria, de 3 anos; filhas de João da Nave Paigem e de Maria Canária;
Ana da Fonseca, casada com João Lopes Dias, idade 26 anos;
José Lourenço, casado com Isabel Canária, 44 anos;
Rosa, filha de José Esteves Ruivo e de Ana da Fonseca, idade de 3 anos;
Francisco Fernandes Posso, casado com Maria Gertrudes de Oliveira, idade 60 anos;
Manuel, filho de Manuel Dias e de Maria Leitoa, idade dois anos;
Ana da Fonseca, casada com António Luís, idade 34 anos;
José de Paiva, mendigo de Covilhã;
Ana de Oliveira, viúva de Basílio José da Costa, idade 50 anos;
João Ferreira Saranda, casado com Rosa da Fonseca, idade 48 anos;
Brites, solteira, filha de Manuel Rodrigues Leitão e de Madalena de Almeida, idade 26 anos;
Rosa, filha de José Rodrigues Sono e de Micaela da Costa, idade 11 anos;
José Francisco Leitão, casado com Isabel de Sousa, idade 19 anos;
Francisca da Costa, casada com Manuel Figueiredo Ratado, idade 45 anos;
Maria, filha de Caetano da Fonseca e de Ana Quaresma, idade ano e meio;
Joana, filha de José Dias Sete Véstias e de Ana de Almeida, idade 2 anos;
João Vaz Sainhas, casado com Isabel Lopes, idade 25 anos;
Maria, filha de António da Costa do Pateo e de Ana Lucas, idade 22 anos;
José Pedro Indiano, solteiro, de Gibaltar, idade 45 anos;
António, filho de João Jerónimo de Amaral e de Maria Fortuna, de 22 anos;
Inácio da Cruz, casado com Catarina Maria, idade 44 anos;
António, filho de José Figueiredo e de Maria da Silva, idade 3 anos;
António Nogueira, casado com Maria Lopes, idade 70 anos;
Dona Antónia, viúva do Sargento-mór de Milícias de Belmonte, idade 60 anos;
Filipe Neri Capateiro, casado com Inês da Silva, idade 60 anos;
José Mendes de Oliveira, casado com Maria Sancha, idade 44 anos;
João Teles Castro, casado com Rita Maria, 53 anos;
Josefa Ângela, casada com António Lopes Chouriço, idade 28 anos;
Maria Rosária, casada com João Marques Passarinho, idade 23 anos;
João António, solteiro, filho de Basílio José da Costa, idade 26 anos;
José da Costa, idade 26 anos;
Francisco Marques, viúvo de Bernarda Marques, idade 56 anos;
Manuel Leitão de Gibaltar, casado com Francisca Rodrigues, idade 40 anos;
Um homem de Caria, cujo nome e idade ignoro;
Sebastião, solteiro, filho de Francisco José Carpinteiro e de Maria Teresa, idade 24 anos;
João Rodrigues Madeira, casado com Luísa Correia, idade 38 anos;
José, filho de Francisco Pinheiro e de Isabel de Almeida, idade 25 anos;
Rosária Tinouca, viúva de Manuel Giraldes, idade 85 anos;
João Jerónimo do Amaral, casado com Maria Fortuna, idade 48 anos;
José Rodrigues Sono, casado com Micaela da Costa, idade 55 anos;
Maria, filha de António da Fonseca e de Maria Genoveva, com poucos dias de idade;
Ana, filha de João Sarrão e de Maria da Costa, idade 20 anos;
Antónia de Gouveia, solteira, filha de José de Gouveia, idade 42 anos;
Isabel da Fonseca Cravelha, viúva de Manuel Caetano, idade 70 anos;
Teresa d’ Almeida, viúva de José Cardoso, idade 70 anos;
Isabel Lourença de Gibaltar, casada com José Nunes, idade 53 anos;
António Domingues, casado com Clara Nunes, de Gibaltar, idade 70 anos;
Agostinho Cardoso, casado com Ana Nunes Deça, idade 26 anos;
Isabel, filha de António dos Santos e de Maria Paiva, idade 6 anos;
Faustina Madeira, viúva de José Esteves Sigano, idade 75 anos;
José da Costa Cuecas, viúvo, idade 50 anos;
Maria Fortuna, casada com João Jerónimo do Amaral, idade 53 anos;
Dona Josefa Almeida, viúva do Bacharel José Pereira Nunes, idade 60 anos;
José, filho de Manuel Nogueira e de Maria da Fonseca, idade 2 anos;
Teresa Ribeira, viúva de Manuel José, idade 60 anos;
Rosa Sousa, solteira, idade 50 anos;
Antónia, solteira, filha de Patrício António e de Maria de Mendonça, idade 26 anos;
Joaquim, filho de Manuel Joaquim Catrapão e de Josefa Ramos, idade 6 anos;
Maria, filha de Vicente Rodrigues Agostinho e de Maria Rebela, idade doze dias;
Maria, filha de Tomaz d’ Aquino e de Ana Maria, idade 7 anos;
Catarina Bispa, viúva de Francisco Cardoso, idade 58 anos;
Gaspar Martins, casado com Angélica Gomes, idade 60 anos;
Josefa, solteira, filha de António Carelos ( sic ) e de Joaquina da Fonseca, idade 22 anos;
José Cabral, viúvo de Rita Esteves, idade 74 anos;
José Fernandes Botão, viúvo de Maria Giraldes, idade 40 anos;
Francisco, filho de Manuel Lourenço Gibaltar e de Ana Milhana, idade 8 anos;
Maria Madalena Leitão, casada com João Pais, idade 44 anos;
Manuel de Castro, casado com Isabel Antunes, idade 56 anos;
Padre Bernardo Sarrão da Rocha, clérigo presbítero, assassinado pelos franceses, idade 36 anos;
Maria, filha de António Giraldes e de Ana Bárbara de Gibaltar, idade 6 meses;
Maria Marques, casada com José Rodrigues Penha, idade 34 anos;
Ana, filha de Francisco Dias Casaca e de Rita Esteves, idade 4 anos;
Manuel, filho de António dos Santos e de Maria Paiva, idade 5 meses;
José Marques Passarinho, viúvo de Catarina Nunes, idade 70 anos;
Francisco, filho de Manuel Joaquim Catrapão e de Josefa Ramos, idade ano e meio;
José da Fonseca Mariano, casado com Maria Antónia, idade 45 anos;
Rita Maria, viúva de Domingos Preto de Gibaltar, idade 75 anos;
José Marques de Sequeira, casado com Teresa Nunes, idade 44 anos;
José Pais, pedreiro, de Traz da Serra, idade 60 anos;
Quitéria Pereira, casada com Joaquim Antunes Ferraz, idade 36 anos;
Maria, filha de João Lopes Dias e de Ana Fonseca, idade 3 meses;
Rita Monteira, viúva de Tomaz Rodrigues, idade 70 anos;
António Lopes Chouriço, casado com Josefa Ângela, idade 33 anos;
Helena, filha de Manuel José de Oliveira e de Bárbara de Matos, idade 8 anos;
Manuel Rodrigues Madeira, viúvo de Maria Rosária, idade 70 anos;
Maria, filha de Manuel Proença Cotellão e de Catarina Nunes De Gibaltar ( fls 64 ) idade 20 anos;
Maria, filha de José Antunes Lourenço e de Maria Antónia da Rosa, de Gibaltar, idade 20 anos;
Maria Antunes Branca, casada com Manuel Gomes, de Gibaltar, 75 anos;
Maria, filha de João Correia e de Joana Ramos, idade 10 anos;
Rita Cardosa, solteira, da Vª de Celorico, idade 65 anos;
Rita, filha de Tomaz d’ Aquino e de Ana Maria, idade onze anos;
Joaquim Taloca, solteiro, filho de Manuel da Cruz e de Maria Reis, idade 35 anos;
Maria, filha de José Leitão e de Justa Nunes, idade 35 anos;
Josefa Fasenesa, viúva de José de Oliveira, idade 65 anos;
José, filho de António da Costa Terceira e de Rita Nunes, idade 18 anos;
José Francisco Leitão da Adoa, casado com Isabel de Sousa, idade 22 anos;
Um menino sem nome, filho de José Proença da Pinheira e de Mariana d’ Eça, com poucas horas de idade;
Luís, filho de Baltazar Nunes e de  Joana de Gouveia, idade 4 anos;
Bernardo Correia Nunes, casado com Ana  Sigana, idade 44 anos;
António da Costa Vaz, casado com Maria Sancha, idade 60 anos;
Maria Vicente, viúva de Bruno Correia, idade 65 anos;
José, filho de Francisco Esteves Penedos e de Maria da Conceição, idade 13 anos;
Helena Antunes, viúva de João Correia, idade 70 anos;
Manuel Fernandes Caldudo, viúvo de Maria de S. Bento, idade 75 anos;
António de Oliveira, casado com Maria de Jesus, idade 48 anos;
Estefânia, filha de Manuel Teles de Andrade e de Justa Maria, idade 16 anos;
Manuel Pinheiro, casado com Maria Rita da Fonseca, idade 35 anos;
Maria Rita, casada com Manuel Pinheiro, idade 30 anos;
Ana Lucas, casada com António da Costa do Pateo, idade 45 anos;
João de Almeida Liberal, casado com Francisca Natividade, 28 anos;
Clara Rodrigues Lucas, viúva de José de Almeida Liberal, idade 50 anos;
António, filho de António da Costa do Pateo, idade 14 anos;
Ana, filha de António da Costa do Pateo, idade onze anos;
Bárbara, solteira, criada do Bacharel José Pereira Nunes, natural da vila da Covilhã, idade 22 anos;
Josefa Oliveira, solteira, filha de José de Oliveira, idade 50 anos;
Maria, filha de Basílio José da Costa e de Ana de Oliveira, idade 20 anos;
Ana, filha de João Marques e de Ana de Oliveira, idade 6 meses;
José, filho de João Lopes Tropeiro e de Maria Espinho, idade 3 meses;
Advertência
Das pessoas nesta Declaração apontadas constam que fizeram testamento José da Fonseca Mariano, Faustina Madeira, D. Josefa Joaquina, Rita Cardosa, solteira, de Celorico, Francisca de Almeida, solteira, Maria Rosária, mulher de João Passarinho, António da Costa Vaz, Francisco Fernandes Posso, Maria Antunes Branca, de Gibaltar, Joaquim Pereira, solteiro, José Esteves Cabral, viúvo, não o teve.


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5 comentários:

  1. Caros editores:
    Começo por vos dar os parabéns por esta fantástica iniciativa de pesquisa e divulgação da nossa história. Os documentos aqui publicados têm um valor inestimável.
    Sendo um apaixonado pelo período das invasões napoleónicas, li atentamente o texto introdutório e tenho a seguinte pergunta:
    Considerando que a 1ª invasão napoleónica foi a Guerra das Laranjas (Maio de 1801), houve posteriormente as conduzidas por Junot (ao longo do Tejo até Lisboa, em 1807/1808), por Soult (entrando pela Brecha de Chaves até ao Porto, em 1809) e por Massena (Almeida - Buçaco - Linhas de Torres, em 1810/11); julgo que este documento se refere a esta última. Contudo, houve uma 5ª invasão em 1812, comandada pelo Marechal Marmont, da qual pouco se fala, mas foi precisamente a única que ocupou o terreno definido pelo polígono Sabugal - Guarda - Proença-a-Nova - Castelo Branco. Teóricamente esta teria sido a que mais incomodou a Covilhã e as suas gentes. Não encontraram documentação sobre isto?
    Noutra linha, relativamente às vítimas da inquisição, não tenho nenhum documento que situe as origens do meu apelido (Esgalhado) mas por razões várias estou inclinado a pensar que será um apelido adoptado por conversão - o que me daria sangue judeu e a ascendência a partir de cristãos-novos. Nas pesquisas efectuadas, encontraram algum documento que faça uma listagem destes convertidos? Ou alguma referência ao assunto?
    Obrigado por qualquer resposta que me possam fazer chegar
    Pedro Esgalhado

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  2. Agradecendo e respondendo ao seu comentário diremos que no espólio de Luiz Fernando Carvalho Dias, até ao momento, só encontrámos, relacionados com o assunto que estamos a tratar, os assentos de Óbito relativos a 1811.
    Na invasão de Junot, as tropas francesas comandadas por Loison, “o Maneta”, andaram perto da Covilhã, mas a posição geográfica (região de altitude) terá afastado da cidade aquele cabo-de-guerra, que se dirigiu para Sul, a caminho de Lisboa.
    A invasão francesa comandada por Massena foi desastrosa, pois a obsessão pela tomada de Almeida deu tempo a que Wellington, o comandante inglês em Portugal, preparasse as populações para uma política de “terra queimada” e militarmente organizasse “As Linhas de Torres Vedras” a fim de proteger Lisboa, o que veio a acontecer. Na Covilhã também foram recebidas ordens do inglês Beresford, para que se guardassem os bens da Real Fábrica de Panos da Covilhã da possível fúria francesa. A derrota de Massena levou-o e aos seus exércitos à retirada, atacando e pilhando as populações por onde passavam, como Alcobaça, Santarém Guarda, Sabugal. As datas dos óbitos levaram-nos a ligá-las a esta invasão e assim considerarmos que o concelho da Covilhã também foi muito marcado por estas movimentações francesas.
    Quanto à Invasão de Marmont (1812), sabemos que os franceses andaram pela região da Covilhã, mas não encontrámos documentação, como acima referimos.
    Sobre a eventual ligação do apelido “Esgalhado” a cristãos-novos, nada mais podemos adiantar além do que apresentamos nos processos inquisitoriais relativos a naturais ou moradores nos concelhos da Covilhã, Fundão, Belmonte e Manteigas e que ascendem a cerca de um milhar. Nessa lista não encontrámos um único indivíduo que tivesse o seu apelido.
    Fontes – História de Portugal, coord. Rui Ramos,(2010), 2ª edição, Lisboa, A Esfera dos Livros. Cardoso, Rui, Invasões Francesas 200 anos Mitos,Histórias e Protagonistas (2011), 2ªedição, Lisboa, INCM. Silva, José Aires da, (1997) História da Covilhã, Covilhã. Jornal Expresso, Revista “Actual”, 24 de Novembro de 2007.

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  3. Uma vez mais, obrigado pela resposta. Terei que prosseguir as buscas pelas minhas raízes...

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  4. Parabéns pelo brilhante trabalho que tem publicado sobre a Covilhã, sobre as pesquisas do Dr Luis Fernando Carvalho Dias.
    Tenho procurado muito alguns dado sobre a invasão das tropas francesas à Covilhã e ao Teixoso em Fevereiro de 1811. Para além das referencias do prior do Teixoso, que cita, encontrei uma outra refrente a uma criança que os franceses terão trazido da zona da raia e abandonado perto da capela de Santo António no Teixoso. Essa criança foi criada por pais adoptivos e veio a casar e teve descencencia no Teixoso. Também encontrei algumas referencias em assentos paroquiais da freguesia de S. Pedro que tiveram que ser refeitos por terem desaparecido os originais. Inclusive há referencia a livros paroquiais que foram queimados pelos franceses em 1811, referentes a anos anteriores a 1811. Provavelmente para as tropas inimigas se aquecerem, já que estávamos no inverno!
    Mas ainda não encontrei qq escrito sobre a permanencia das tropas francesas na Quinta da França, junto ao Zêzere, perto de Caria, e que terá mesmo este nome devido aos franceses. Provavelmente terei que pesquisar na Biblioteca Nacional Francesa... a menos que tenha qq pista que eu possa seguir mais perto.

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  5. Agradecemos o simpático comentário ao nosso trabalho que se limita a divulgar o espólio do nosso familiar. Não aprofundamos os temas deixados pelo investigador, somente procuramos contextualizá-los. Nada encontrámos sobre a hipótese que levanta, relacionada com a Quinta da França.

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