sábado, 6 de agosto de 2011

Covilhã - Invasões III

Assentos de Óbito 1811
Guerra Peninsular - Invasões Francesas

Covilhã

No livro 4 de Óbitos de Stª Maria da Covilhã não há assentos de óbitos desde 11 de Novembro de 1810 até 28 de Fevereiro de 1811.
Em 28 de Fevereiro de 1811 há 3 assentos, o primeiro do Vigário desta Igreja João Baptista Belo, que diz ter falecido subitamente e ser sepultado nesta Igreja, outra Francisca de Jesus Aleixa, solteira, maior, também sepultada na referida igreja e falecida com todos os sacramentos e por fim Estêvão Paulino, sem sacramentos por não se poder ministrar-lhos pela invasão do inimigo e foi sepultado nesta Igreja de que fiz termo que assinei dia, mês e ano ut supra Covilhã, O Vigário encomendado Martinho da Costa França “.

Segue depois um assento de 27 de Março de João Francisco Romão e depois:

“ Aos 19 de Fevereiro de 1811 faleceu da vida presente assassinado pelo inimigo Francês o Revdo Francisco de Paula Torres tendo antes recebido os sacramentos devidos e foi sepultado na Capela da Srª do Rosário por não ser possível sepultar-se nesta Igreja por causa da Invasão do dito inimigo, fez testamento muito antes que vai abaixo copiado de que fiz termo que assignei Covilhã dia, mês e ano ut supra. O Vigário encomendado Martinho da Costa França “
                                    Segue o testamento

Logo a seguir:

“ Aos 21 do mês de Fevereiro de 1811 faleceu da vida presente Rita Cardona Barreiros ao dezamparo, na Serra da Estrela na entrada do inimigo Francês morreu sem sacramentos e foi sepultada nesta Igreja de que era freguesa tinha de idade 70 anos pouco mais ou menos era solteira. E fiz este assento que assinei e morreu tendo antes feito testamento. O Vigário encomendado Martinho da Costa França” segue o testamento

“ Aos 23 do mês de Fevereiro de 1811 faleceu da vida presente Ana Martins, freguesa desta Igreja, morreu sem sacramentos na Serra da Estrela fugindo ao inimigo Francês e foi sepultada nesta Igreja em cova de fabrica de que fiz este termo e assignei. Covilhã dia, mês e ano ut supra. O Vigário encomendado Martinho da Costa França = à margem = Ana Maria mulher de Estêvão Paulino “

A seguir:
“ Aos 21 de Fevereiro de 1811 faleceu da vida presente assassinado pelos franceses Francisco das Neves Salgadinho, casado com Joana Maria e foi sepultado nesta Igreja de que era freguês, em cova da fábrica de que fiz termo. Covilhã, dia, mês e ano ut supra.
O Vigário encomendado Martinho da Costa França

A seguir:
“ Aos 21 de Fevereiro de 1811 faleceu da vida presente assassinado pelos franceses Bernardo Izento, casado com Maria das Neves e foi sepultado nesta Igreja de que era freguês, de que fiz termo que assino. Covilhã, dia, mês e ano ut supra.
O Vigário encomendado Martinho da Costa França

A seguir:
“ Aos 21 de Fevereiro de 1811 faleceu da vida presente maltratada dos franceses Joaquina Damazia, mulher de Simão Rapozo e foi sepultada nesta Igreja de que era freguês ( sic ), de que fiz este assento que assignei. Covilhã, dia, mês e ano ut supra.
O Vigário encomendado Martinho da Costa França

A seguir:
“ Aos 21 de Fevereiro de 1811 faleceu da vida presente  Rita Calcanhar, viúva de Cristóvão Roiz Zacarias, sem sacramentos e foi sepultada nesta Igreja, de que fiz termo, que asino. Covilhã, dia, mês e ano ut supra.
O Vigário encomendado Martinho da Costa França “

Seguem um assento de 5 de Abril sem qualquer referência ou anormalidade, outro de Maria da Encarnação, solteira, maior, sepultada em Unhais da Serra, que ali se achava por acaso, mas era freguesa de Stª Maria, assento este de 3 de Abril, com testamento, e depois:

“ Aos 16 dias do mês de Fevereiro de 1811 faleceu da vida presente com os sacramentos devidos Ana da Trindade Carapita, viúva de João Pedro e foi sepultada nesta Igreja de que era freguesa, em sepultura da Fábrica, etc.

e depois:

“ Aos 19 dias do mês de Fevereiro de 1811 faleceu da vida presente assassinado pelos franceses, tendo antes recebido os sacramentos devidos, Bernardo Fernandes da Fonseca, e foi sepultado nesta Igreja de que era freguês, de que fiz assento que assinei. Covilhã, dia, mês e ano ut supra.
O Vigário encomendado Martinho da Costa França

Seguem depois outros assentos de 8 de Abril em diante, e entre um deles o de Manuel Fernandes das Neves Barroqueiro, de 28 de Fevereiro e a seguir com data de 30 de março o de Josefa Maria, solteira, sepultada em Alvoco da Serra.
De Santa Maria nada mais interessa deste período.

Freguesia do Salvador – Óbitos Lº 2

fls 42 e segts:
“ Manuel de Oliveira, natural desta Vª, de idade de 72 anos, pouco mais ou menos, casado que foi com Brízida Joaquina, foi achado morto na sua mesma casa no dia 26 de Fevereiro do presente ano de 1811, cheio de feridas e é de presumir que fora morto pelos Franceses no dia 18 do dito mês de fevereiro, dia em que eles invadiram esta vila e nela entraram e se demoraram pelo espaço de oito dias.
Não fez testamento ou disposição alguma; foi sepultado na Igreja dos Religiosos de S. Francisco desta Vila. Em Maio 4 de 1811 “
O Prior José de Brito Homem Castelão.

Segue logo:

“ Dona Theodora de Mesquita Bandeira, solteira, filha de Domingos Nunes Giraldes Portugal e de Antónia Maria Bandeira, natural desta Vila, de idade de noventa anos, pouco mais ou menos, foi achada morta nos arrabaldes desta Vila, no dia 27 de Fevereiro de 1811, e é de presumir que morrera por causa do grande frio ou de fome porque se não se lhe achou no cadáver contusão ou ferida alguma. Fez testamento e foi sepultada na Igreja de São Francisco desta Vila.
Covilhã 4 de Maio de 1811
O Prior José de Brito Homem Castelão.

segue:
“ Paula Antunes, solteira, natural do lugar do Sobral de Baixo, termo da Vila de Pampilhosa, deste Bispado, de idade de 60 anos, pouco mais ou menos, creada que tinha sido do Prior do Salvador, desta Vila, foi achada morta nos arrabaldes desta Vila no dia 18 de Março de 1811 e é de presumir que fosse morta pelos franceses no dia 18 de Fevereiro do dito ano, dia em que os franceses invadiram a Vila de Covilhã; foi sepultada no sítio do Sineiro entre as casas das Quintas do Padre Francisco de Torres e de José de Almeida Requente, por causa de estar o cadáver já cheio de corrupção; não fez testamento ou disposição alguma,
Covilhã 4 de Maio de 1811
O Prior José de Brito Homem Castelão.

Seguem os assentos de Francisco Fernandes Bonito e mulher Maria Marques, falecidos ele a 5 e ela a 13 de Março de 1811, sem qualquer indicação.

A seguir o seguinte:
“ Aos 18 dias do mês de Março do presente ano, recebendo tão somente o sacramento da penitência, por causa de estarem muito próximos os franceses, António da Fonseca, de idade de 48 anos pouco mais ou menos, casado que foi com Maria Gomes, moradores na Quinta do Corges pequeno, desta freguesia. Não fez testamento ou disposição alguma. Foi sepultado na Igreja do Salvador, em sepultura da fábrica, dia, mês e ano ut supra digo 4 de Maio de 1811.
O Prior José de Brito Homem Castelão.
Seguem outros assentos com a mesma data de 4 de Maio de 1811 e depois:

“ Aos 3 de Abril de 1811 faleceu da vida presente sem receber sacramento algum por ser a morte repentina, Maria de Jesus, de idade de 63 anos, viúva que tinha ficado de João Rodrigues Azeiteiro, natural desta Vila; não fez testamento ou disposição alguma; foi sepultada na Igreja dos Religiosos de Stº António desta vila por ter falecido em pouca distância do Convento dos ditos Religiosos, na retirada que tinha feito para as Cortes do Meio, em razão da última invasão que os franceses fizeram nesta vila.
Covilhã 4 de Maio de 1811
O Prior José de Brito Homem Castelão.

Covilhã - Ao longe antigo Convento de Santo António, na encosta da Serra
 Fotografia de Miguel Nuno Peixoto de Carvalho Dias

“ Aos 13 de Abril de 1811 faleceu da vida presente tendo recebido os sacramentos da confissão e extrema unção e não recebeu o sagrado Viático por ser a morte quase  repentina, Agostinho Lopes, de idade de 52 anos pouco mais ou menos, natural desta vila, casado que tinha sido com Maria Teresa; não fez testamento ou disposição alguma; foi sepultado na Igreja do Salvador em sepultura de fábrica.
Covilhã 4 de Maio de 1811
O Prior José de Brito Homem Castelão.

(Também havia enterramentos no Adro da Igreja do Salvador.) Esta frase entre parêntesis foi escrita pelo autor.

Mais adiante:
“ Ana Doroteia, de idade de 63 anos pouco mais ou menos, natural do lugar de Aldeia do Mato deste Arciprestado, casada que tinha sido com Filipe Rodrigues Vinagre e moradora nesta freguesia, faleceu ( á margem : Declaro que faleceu no dia primeiro de Março de 1811 ) no lugar das Cortes do Meio, deste Arciprestado, para onde se tinha refugiado por causa da Invasão que os franceses fizeram nesta Vila no dia 18 de Fevereiro do presente ano e segundo me informam foi sepultada na Igreja do dito lugar no dia 24 ou 25 do dito mês de Fevereiro deste presente ano de 1811, por 2 mulheres sem que o Padre Cura daquele lugar fosse sabedor porque se achava ausente e refugiado por causa dos Franceses. Não fez testamento ou disposição alguma. E para constar fiz este assento.
Covilhã 24 de Maio de 1811
O Prior José de Brito Homem Castelão. “

Santa Marinha
fls 93 vº

“ Aos vinte e um ou 22 dias de Fevereiro do presente ano de 1811, faleceu da vida presente Maria Nunes Moizaca, viúva que tinha ficado de José Rodrigues Cordoeiro, naturais desta vila; não recebeu os sacramentos porque morreu na Serra na ocasião que os Franceses invadiram a vila; Fez testamento que abaixo será copiado e foi sepultada na Igreja dos Religiosos de S. Francisco segundo a sua disposição, de que fiz este termo que assinei.
Padre António Francisco Nave
Declaro que tinha de idade 87 anos pouco mais ou menos.

Na ocasião que os Franceses invadiram esta Vila e se demorão ( sic ) nela, que foi desde o dia 18 de Fevereiro de 1811 até o dia 25 do mesmo mês e ano faleceram da vida presente sem sacramentos as pessoas seguintes fregueses desta freguesia :
Rita Maria Fortuna, viúva que tinha ficado de José Lopes Vide, natural desta freguesia, tinha de idade 50 anos pouco mais ou menos e foi sepultada na Serra, aonde morreu; não fez disposição alguma de que fiz este termo que assinei: O Pe. Antº Francisco Nave.
Manuel Nunes Botelho, casado que foi com Luiza Maria, era natural da Vila de Manteigas, tinha de idade 70 anos pouco mais ou menos, não fez disposição alguma e foi sepultado em Cova da fábrica desta Igreja de que fiz termo que assinei. O Pe. António Francisco Nave.
Item António Fernandes Montez, viúvo que tinha ficado de Rita Maria, era natural desta Vila, não fez disposição alguma tinha de idade 70 anos e foi sepultado na Cova da Fábrica desta Igreja de que fiz este termo que assinei. O Pe. António Francisco Nave.

2 comentários:

  1. Agora percebo porque o meu tetravô alterou o nome de Griffon para Grifo.
    Ele ficou para trás, por ter sido ferido em combate.
    Nunca regressou a França...Mas o apelido perdeu-se com o meu bisavô, Manuel dos Santos Grifo, que preferiu dar aos 5 filhos o apelido Santos.
    É extraordinário o trabalho que vocês fazem, em prol da história da nossa cidade. Os meus agradecimentos enquanto covilhanense!

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  2. Em primeiro lugar os nossos agradecimentos pelo seu simpático comentário. O nosso blogue é o resultado da investigação feita ao longo da vida pelo nosso familiar Luiz Fernando Carvalho Dias.
    Sugerimos que consulte a nossa publicação "Covilhã - Onomástica: Elementos para uma Antroponímia covilhanense I", em:
    http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2013/11/covilha-elementos-para-uma-antroponimia.html
    Aqui encontrará o apelido Grifo, que ficamos a saber ser de origem francesa.

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