Vamos continuar a
publicar tombos de várias instituições da Covilhã e seu termo. Já publicámos os
tombos dos bens da Misericórdia, dos de Santa Maria da Estrela, dos bens do
Bem-Aventurado Senhor São Lázaro existentes no espólio de Luiz Fernando Carvalho Dias, bem como as
Inquirições de D. Dinis e de D. João I.
Hoje publicamos o “Titollo do tonbo mediçã / De demarcação de todos os beñs / E propriedades q pertencem / E sã comenda da Igreja de Stª / Mª matris desta villa de / Covilhaã” que começou em 9 de Abril de 1608.
Hoje publicamos o “Titollo do tonbo mediçã / De demarcação de todos os beñs / E propriedades q pertencem / E sã comenda da Igreja de Stª / Mª matris desta villa de / Covilhaã” que começou em 9 de Abril de 1608.
Igreja de Santa Maria Fotografia de Miguel Nuno Peixoto de Carvalho Dias |
Comenda de Stª Mª da Covilhã
a) In nomine Domini / Titollo do tonbo mediçã / De
demarcação de todos os beñs / E propriedades q pertencem / E sã comenda da
Igreja de Stª / Mª matris desta villa de / Covilhaã da ordem do mestra/do de
nosso S.ºr Jhû Xpõ de que / ora he comendador dom frey / Antonio de Mello
fidalguo da / Casa de Sua Majestade E Cava/ Lrº professo da dita ordem / que
sua Mag.de mandou fa/zer por sua particullar provj/zão ao doutor afonso
nogueira / De Brito provedor que foy da / comarqua da cidade de vizeu / Ano
1608 (começou em 9 d’ Abril); estava presente o comendador; pº escrivão do
tombo foi escolhido pº fallquão tavares tabalião do publico e judicial. data da
provisão de Filipe, mandando proceder à demarcação : Lx 28 de Janº 1608.
Vigario da Comenda (1)
o P.e Belchior Coelho que declarou que o orago era Stª Maria matriz
daquela vila que ele era vigario apresentado por sua Mag.de e tinha de
porçam em cada um ano 40 mil rs. a saber . 20.000 rs. em frujtos no novo, e
20.000 rs. em dinheiro que das rendas da dita Comenda se lhe pagavam. E além
disto tinham obrigação os comendadores de lhe darem da renda da dª comenda cura
que ele vigário apresentava e o cura tinha 8.000 rs. em dinheiro e dous mil rs.
pela doutrina que faziam; e tinha mais o comendador de pagar um tezoureiro que
ele vigário apresentava e que o tezoureiro tinha 4.000 rs. e dez alqueires de
trigo e dez alqueires de centeio e 16 almudes de vinho. Tinha que dar mais o comendador ao tezoureiro
8 alqueires de azeite para a alâmpada do santíssimo Stmo e a cera necessaria pª
o serviço da igreja e 10.500 rs. em dinheiro de contado para a fábrica da dª
Igreja.
Tem ele vigário obrigação de dizer missa cotidiana na dita Igreja e comprir com as
mais obrigações dela tirando uma missa na semana pºa a barba e que nestas
obrigações que o comendador tinha não tinha obrigação de fabrica nem de mandar
fabriquar altares colaterais e mais tinha obrigação de uma anexa que a dita
igreja tinha em o lugar de Unhais o velho, termo da Covilhã, orago s. Mateus,
paguar ele comendador ao cura que ele vigário apresentava nela ao qual dava
9.000 rs. em dinheiro contado cada ano e mais 2 alq. de trigo pela velha pª as
teas e 2 alm. de vinho e o proprio comendador tinha obrigação de a fabricar à
conta dos 10.500 rs. acima da fabrica da dita Igreja matriz; e mais tinha o
comendador de pagar um ano e outro não ao cura da anexa de Janeiro de cima que
ele vigário apresentava alternativa com o vigario de Janº de baixo, tudo termo
da Covilhã; e antre ambos os comendadores de Stª Maria e de Janº de baixo de
pagar ao cura que há na dita anexa de ambos curava. e de dar pª anexa de unhais
20 arateis de cera e pª anexa de janº de cima 10 arateis .
Tªs das declarações do Vigario: Antonio Fernandes e joam fernandez da dª Vila.
+ 10 Abril .
declara o comendador que tinha em seu poder um tombo velho que apresentou,
com outros mais apomtamentos adiante acostados que fora feito por D. Xtovam de
Castro (2) prior que foi da dita
Igreja no ano de 1537.
O Juiz mandou vir Antº Fernandes e João Fernandes,
carpinteiros, homens muito velhos para dizerem das partilhas da Comenda e dos
bens sonegados.
Tº das Cazas da
Comenda desta Vª
+ umas casas defronte da porta da travessa da dª Igreja que
partem do nascente com R. publica, que vai pª as casas de D. Antonia que Ds.
tem; e tem 15 varas de comprido pela dita banda, e pela parte da dª porta
travessa 8 varas; e pelo norte partindo com quintais do prior de S. Tiago 17
varas; e da parte do suão que parte com casas da Comenda 8 varas e da parte do
norte tem um pateo com sua videira ferral. (3)
+ outras casas que partem com as mesmas em que ora esta o
vigario - Nas.te Rua publica - 8 varas; Sul: quintal da Igreja que é das ditas
casas - 8 varas; da outra parte do girão partem com cazas que foram do
comendador andré aranha, em que ora vive o juiz de fora. teem estas casas um quintal
de traz com 21 varas de cumprido e 6 varas de largo, com uma figueira allvar e
um chafariz no cabo do quintal e uma latada e 4 maseiras anans e 9 gingeiras
pequenas. Foi demarcada pelos louvados na presença do comendador, vigário e
juiz, à reveria do doutor fr.co Dias e dona maria de Souza sua molher, que
foram citados por precatorio.
+ outras cazas na mesma Rua publica, que partem com o L.do
alvaro Roiz e com casas de D. Maria e com Ruas do concelho. 10 varas de
comprido pela Rua publica. Foram emprazadas ao Ldo Alvº Roiz em 3 vidas. foro
160 rs. cada ano.
+ outra caza de fronte emprazadas em 3 vidas a luis
fernandez tecelão foro - 120 rs.
+ um jardim que parte com as ditas casas, com a rua do
concelho da banda de cima, e de baixo com Nuno Frz Cabral, comprimento 36
varas, largª 10 varas; com um corredor de latadas com 18 parreiras e 7
larangeiras e 3 limueiros, tem um tanque de pedra a um canto; está emprazado a
D. Lucrécia de Castro, em 3 vidas, ela é a prª; é rendeiro alvaro gaspar; foro
anual 80 rs.
+ uma casa à praça de Stª Maria defronte do Chafariz, parte
do Sul com Manoel Gomes; Norte com adro da dª Igreja; Emprazada em 3 vidas a
Manoel Gomes, ele é a 1ª; foro 240 rs.
+ uma caza terrea repartida em duas que ora estam em
pardieiros na Rua da Pedreira, dentro dos muros da Vª que parte S. Belchior Roiz; N.te com casas de Manoel
Leitão; da parte de baixo com quintais de Andreza Martins. Emprazou-se ora em 3
vidas a Andre Fernandes; foro anual 150 rs.
+ umas casas danificadas na rua de bal trebelho - S. e
Nas.te Ruas do concelho e do norte com quintal e pardieiro do L.do Manoel
Ravasquo. à reveria de ana paez e do dº L.do; foram emprazadas a M.el Mendes fº
da dª ana paez em 3 vidas de que ele é a 1ª. Foro 60 rs.
+ uma casa nas costas da dª Igreja de Stª Maria no cimo da
rua da Peletaria - Nas.te e Poente parte com Ruas do concelho e adro da igreja;
parte com casas de Duarte Roiz ferrador, que ora tem emprazada por foro m.to
antigo - paga 4.000 rs, pelo prior antes que a igreja fosse comenda.
Titullo dos soutos e terras/ E vinhas E chãos desta villa / Da Comenda /
Titullo dos soutos e terras/ E vinhas E chãos desta villa / Da Comenda /
+ um souto grande à degoldra; defronte dos pizões de Antº
da Costa Telles - de Ant. de Figueiredo e parte pela banda sul com a Ribeira de
Montencollo e de fronte da quina dos ditos pizões, acima, vindo pª o norte
partindo com souto de antonio da Costa tellez etc. pela serventia velha da
degoldra; o ribeiro abaixo que vem do cham de Miguel Vaz até tornar a dar na
dita ribeira da ponte de monteemcollo etc. Traz ora manoel Roiz monis,
mercador, m.ºr nesta Vª - é a 2ª vida; foro 200 rs.
+ uma terra, vinda pª a villa, aos penedos, (o tinte que
foi do Cardoso e hoje tem manoel Glz) emprazado ao dº Manoel Roiz moniz - 2ª
vida - entra no foro atraz.
+ um souto no caminho do trujtuzendo dalem da aguoa dallte
e do caminho pª cyma hum joguo de malhã - Parte do nascente com Jorge de Faria
graces e do poente com diojo frz beiram e do norte com andré fernandez togeiro
e do sul com antonio fernandes barqua montes - Emprazado a manoel fernadez
amado - 1ª vida - 150 rs. - de foro.
+ 4 oliveiras de traz da cruz de Stº André desta Vª has
calçadas; Parte pelo poente com andré fernandez torres; Sul: Beatriz alvrez
viuva; Nast. Diogo fernandes; Norte: Calçadas do concelho. Emprazado a m.el
fernandez amado - 1ª vida - entram no foro anterior.
+ um souto ao alvito, caminho do lugar da Boidobra.
Emprazado a manoel Ribeiro 1ª vida - foro 50 rs.
+ um souto ao laguar de miguel de la plaça, no val das
donas, que parte S. com vinha de mendafonso do truituzendo e de guaspar manoel
Nast. com orfãos das Cortes de cima; Nort e Poente com terras e soutos de
peraboa Emprazado em 3 vidas a Antº Moreno alfaiate - 1ª vida foro 80 rs.
+ um talho de vinha no val das donas
+ Um chão ao ARizado, limite desta Vª Parte Nast Barnabé
Cardona, e com o Ribeiro do ARizado; parte com vinha de P.e Antº Manoel e com
cham de D. Inês e vai pela estrada abaixo. Este chão possuem os frades de Nª
Senhora da graça da cidade de Lxª por seo possuidor dele que se chamava Ruy
Nunes meteo ? frade nele.
+ uma terra grande onde chamam a pola da Rib.rª da Meimoa,
pª cjma contra aserra de ferro. vai pela Ribeira até dar nas terras d’abadia
que traz ilena doliveira. Emprazada a Miguel da Silva de Serpa. orfão, filho de
Simão da Silva defunto. em 3 vidas - paga de foro ( ? ) jº iij rs.
+ um souto pequeno ao Ribº dos Emforquados limite desta Vª
- caminho do truytuzendo, o caminho e estrada no meio e pelo Nast. com fr.cº
frz ramalhete - norte : estrada e francisco mendes boticario; e por cima com
Antº Fig.dº até dar no souto de Mª do Valle -; poente: com Mª do Valle e antº
Lourenço; Sul: Ana Vaz e belchior frz. Foi medido pelos louvados em pessoa
diogo de Serpa da Silva tutor de Miguel da Silva de Serpa, seu sobrinho, que
paga de foro 1.340 rs.. Em prazo.
+ Outro souto entre o Ribº dos Enforcados e o Ribº da
Vaidade, limite desta Vª. Parte ao Norte e poente: Antº de fig.dº e herdeiros
de Lourenço pîz até dar no Ribº da Vaidade; pelo sul vem pelo dito ribeiro
abaixo até dar no Souto de dioguo Vaz mercador; pelo Nascente com o dito diogo
Vaz até tornar a dar no Souto de antº de fig.dº onde se começou a demarcacam.
Emprazado ao mesmo e entra no mesmo foro.
Nota dos editores – 1) Comenda é
um benefício concedido pelo rei a eclesiásticos e nobres como recompensa por
serviços prestados; podia incluir não só a distinção honorífica, mas também uma
terra.
2)D. Cristóvão de Castro era
filho natural de D. Rodrigo de Castro, alcaide-mor da Covilhã e foi depois bispo da Guarda.
3)Uma videira existente neste
local era tão, tão velha que Luiz Fernando Carvalho Dias dizia que ela era
desta época.
Fonte – ANTT, vol. , pag.15 vº
O autor deixou-nos estes dados: P. N.es nº 213 Nº de ordem 187 - 188 2 vols (1608) Fot. (1722)
242 pgs
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